Tumba em Omã com 7 mil anos guarda dezenas de esqueletos pré-históricos
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |
Restos mortais de dezenas de pessoas de 7 mil anos atrás foram encontrados em uma tumba de pedra em Omã, na Península Arábica, próxima à cidade de Nafūn. Ficando no centro do país, na província de Al Wusta, o sítio arqueológico abriga algumas das estruturas humanas mais antigas da região, entre o deserto e a não muito distante costa marítima.
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Não há, segundo os arqueólogos responsáveis pela descoberta, estruturas da Idade do Bronze ou mais antigas do que isso não são conhecidas na região, tornando esse evento único na arqueologia — a tumba data da Idade da Pedra Polida, ou Neolítico, que foi de 10.000 a.C. a 3.000 a.C.
Anos de trabalho
O trabalho arqueológico, feito pela Academia Tcheca de Ciências (CAS) e liderado pela cientista Alžběta Danielisová, começou há 10 anos, quando a tumba foi identificada via fotos de satélite. A estrutura foi datada entre 5.000 e 4.600 a.C., e desde então foi descoberto que suas paredes foram feitas com fileiras de lajes finas de pedra, chamadas ashlars. Há duas câmaras mortuárias em seu interior, divididas em compartimentos individuais.
Toda a estrutura é coberta por um teto de ashlar, mas parte dele já desmoronou, provavelmente por conta das chuvas anuais de monção. Recentemente, foram descobertas diversas pilhas de ossos nas câmaras — elas mostram sinais de que os mortos foram deixados para se decompor antes de serem colocados na tumba, com os crânios posicionados próximos à parede exterior e os ossos compridos apontados para o centro da câmara.
A tumba menor, próxima à principal, abrigava os restos de maneira parecida, e os arqueólogos acreditam ter sido construída posteriormente. Há evidências de que os mortos foram enterrados em épocas diferentes, sendo que há 3 túmulos de indivíduos da cultura Samad — de milhares de anos mais tarde — próximos ao local.
Próximos passos e outros trabalhos
Com a descoberta dos restos mortais, o que os cientistas farão em seguida são análises antropológicas e bioquímicas, que devem nos dizer mais sobre as dietas, mobilidade e demografia dos povos enterrados nas câmaras mortuárias. Há esperanças, ainda, de que seja encontrado um assentamento próximo, onde as pessoas teriam vivido.
O trabalho arqueológico realizado na tumba é apenas um de vários feitos por cientistas da Tchéquia em Omã. Outros, como uma expedição à província Dhofar, mais ao sul, encontraram uma machadinha de pedra que pode vir das primeiras migrações humanas para fora da África, entre 300.000 e 1,3 milhões de anos atrás.
As técnicas de datação utilizadas vêm do Instituto de Física Nuclear da CAS, que também serão aplicadas nos trilitos (estrutura de pedras empilhadas) enfileirados de 2.000 anos atrás, encontrados por toda Omã desde o século XIX.
Outras investigações estão sendo feitas nas inscrições em pedra próximas à tumba, mesmo que sejam de alguns milhares de anos depois. Algumas parecem desenhos, enquanto outras indicam palavras e nomes. Todos esses estudos devem nos dar um panorama melhor do que aconteceu no Período Neolítico da península arábica e como as culturas da época viviam.
Fonte: Czech Academy of Sciences