O que esperar do novo SUV da Nissan?
Por Felipe Ribeiro • Editado por Jones Oliveira |
A Nissan anunciou um investimento bilionário em sua fábrica de Resende/RJ para a chegada de dois novos SUVs. Um deles já é bem conhecido, o Kicks, que vai ganhar nova geração. Mas o segundo modelo ainda é um mistério que abriu espaço para muita especulação.
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É fato que a Nissan quer ampliar sua participação no mercado brasileiro e conta com alguns vácuos em sua linha de produtos. A fábrica de Resende fabrica somente o Kicks e o restante do seu lineup é composto por modelos importados, como o Versa e o Sentra, vindos do México; Frontier, da Argentin; e Leaf, que tem unidades vindas dos EUA, Reino Unido e Japão.
As cifras anunciadas para ampliação da fábrica estão na casa dos R$ 3 bilhões pelos próximos três anos, dinheiro suficiente para o desenvolvimento do novo Kicks, o inédito SUV nacional e, por fim, um motor turbo, que também é alvo de muitas especulações.
Mas afinal, o que podemos esperar desse novo SUV da Nissan? Será posicionado acima ou abaixo do Kicks? Vai usar o motor turbo? Será híbrido? Vamos tentar descobrir.
Plataforma compartilhada com Renault
A Nissan confirmou que a plataforma que dará origem a esse novo SUV nacional é a mesma que a Renault utiliza em alguns modelos, como o recém-anunciado Kardian, um SUV compacto que também será feito aqui no Brasil. Essa base é uma evolução da conhecida CMF-B, portanto, pode abrigar modelos de porte médio também.
Seguindo uma lógica simples, a Nissan poderia muito bem aproveitar o que a Renault está fazendo e lançar um modelo de porte parecido com o Kardian, como acontece na Europa, com o Nissan Juke. Além do tamanho e da plataforma serem compartilhados, o powertrain também poderia ser aproveitado.
O novo motor 1.0 turbo que vai equipar o Kardian já está preparado para a eletrificação. Parte da estratégia da Nissan é de, também, lançar esse vindouro carro com propulsão híbrida flex, assim como quer a Renault. As peças, aqui, se encaixam bem e podem ser vistas com bom olhos, sobretudo pelo lado dos custos, já que toda a tecnologia poderia ser compartilhada.
SUV médio poderia ser mais bem aceito
Pensando pelo outro lado, a Nissan já possui um produto de combate bem consolidado no mercado e ainda há outros nichos para serem explorados visando o lucro e uma imagem de maior valor agregado, como o segmento de SUVs médios, um dos mais aquecidos atualmente.
Caso opte por manter o Kicks como sua porta de entrada na nova geração, a Nissan poderia observar o mercado e fazer duas movimentações interessantes: trazer o X-Trail importado do México e produzir aquele que foi um dos produtos mais importantes de sua história e que, de certo modo, salvou a operação da marca na Europa: o Nissan Qashqai.
Com bom porte, conforto, tecnologia e design alinhado com o que a empresa já trabalha por aqui, o Qashqai tem tudo para se tornar um player importante, sobretudo se tiver volume, um dos grandes trunfos, por exemplo, do Jeep Compass, há anos o líder nesse segmento dos médios.
Caso a Nissan opte pelo Qashqai, a equação do motor turbo pode até mudar. Para efeito de custos e logística, o propulsor 1.3 turbo da Renault, já pronto e aprovado pelo mercado, poderia fazer parte tanto do Kicks quanto do Qashqai, com diferenças pontuais no modo como a eletrificação seria aproveitada por ambos.
É certo que a Nissan quer trazer seu módulo ePower ao Brasil e, para isso, nada melhor do que ter produtos consolidados para entrar na briga dos híbridos. Um Qashqai híbrido para concorrer com o Toyota Corolla Cross, por exemplo, faria bastante sentido.
Vale lembrar que tanto o Kicks quanto o Qashqai são produtos globais da marca e já são híbridos em alguns mercados, o que também pode nos dar algumas pistas. Os próximos meses serão decisivos e o Canaltech seguirá apurando tudo de perto.