Review Renault Zoe E-Tech | Compacto elétrico evolui, mas menos do que rivais
Por Felipe Ribeiro • Editado por Jones Oliveira |
A nova geração do Renault Zoe ganhou a alcunha de E-Tech, nomenclatura dada à nova fase de veículos eletrificados da montadora francesa, tal qual aconteceu com seu irmão menor, o Renault Kwid E-Tech. Mas, além da mudança do nome, o compacto 100% elétrico melhorou substancialmente quando comparamos com a versão anterior, testada pelo Canaltech em 2020.
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O Renault Zoe E-Tech é o que podemos chamar de “Renault de verdade”. Ou seja, é um projeto da Renault, e não da Dacia, com o Sandero ou o Duster, que estamos acostumados a ver no Brasil. Sendo assim, é esperada uma maior qualidade de acabamento, detalhes e uma gama de equipamentos que agrade, certo? Quase.
Por mais que seja um “Renault de verdade” e tenha evoluído bastante, o Zoe E-Tech não deixa de ser um elétrico “popular”, já que seu mercado de origem, a Europa, assim o forjou. Resultado: um ótimo produto, extremamente eficiente, mas que é inferior aos rivais mais diretos — apesar de mais em conta.
Confira nossa análise completa do novo Renault Zoe E-Tech para ver como foi nossa experiência com ele e ver se ele vale a pena para você.
Conectividade e Segurança
Como citamos acima, mas de modo bem sincero e sem ser pejorativo, o Renault Zoe E-Tech é um carro popular na Europa, ou seja, é barato se compararmos com os demais modelos à venda neste mercado. Porém, no Brasil, ele ultrapassa os R$ 240 mil e isso transforma um pouco a análise em torno dos equipamentos.
De série, o Zoe E-Tech traz uma central multimídia de 7 polegadas com espelhamento do Android Auto e Apple CarPlay com fio. O sistema de som é da Bose e traz muita qualidade às músicas, além de elevar o patamar do carro quando pensamos em conectividade. Mas é só.
Não há GPS nativo e outros recursos na central da Renault, conhecida de outros modelos do grupo. Ela é competente, é verdade, mas não acompanha a proposta tecnológica e futurista do veículo.
Já no campo da segurança, o cenário melhora um pouco. Em termos de recursos para o motorista, o Zoe E-Tech traz apenas o sensor de ponto cego, que ajuda a identificar quando carros estão passando por trás do seu e também na saída de uma vaga na rua.
Por mais que o cluster digital até pareça propor que tenhamos um monitoramento de saída de faixa, esse recurso não está disponível. Sentimos falta, também, de alertas de colisão, por exemplo, que pelo preço cobrado por ele, seriam praticamente obrigatórios.
De série, contudo, o Renault Zoe E-Tech é um bólido seguro. Vem com quatro airbags, controles de estabilidade e tração, assistente de partida em rampa, comutador de farol alto e sensores de estacionamento dianteiros e traseiros.
Mais do que analisar a lista do que recheia o Renault Zoe, é necessário que entendamos seu posicionamento. E aí, talvez, a briga fique mesmo desigual quando comparamos com rivais como o Chevrolet Bolt, que custa mais, é verdade, mas já era consideravelmente bem mais equipado desde sua versão antiga.
O Zoe é para quem procura um pouco mais de requinte e um pacote de itens razoável, mas não quer ultrapassar os R$ 300 mil. O seu preço no Brasil é que, talvez, seja o problema. Na Europa, ele parte de 20 mil euros, pouca coisa a menos do que o Chevy Bolt e o Nissan Leaf. Mas lá, essa diferença faz mais sentido.
Conforto e Experiência de uso
Aqui talvez esteja o grande destaque do Renault Zoe E-Tech e que, talvez, o diferencie mais dos rivais e o coloque em condições de conquistar clientes. Em sua nova versão, a evolução foi absurda quando pensamos em desempenho, autonomia e dirigibilidade.
Agora o Zoe E-Tech tem 135cv e 25 kgf/m de torque. Considerando os pouco mais de 1.500kgs de peso do compacto, seu 0 a 100 km/h impressiona: são 9,5 segundos na aceleração, que traz emoção e agilidade no dia a dia, além de confiança para momentos necessários.
Para sustentar esse belo motor, a bateria é de 52 kWh, que proporcionam ao compacto uma ótima autonomia de 385km, podendo ser até mais dependendo do modo como o condutor usa o veículo. Isso acontece porque o Zoe, assim como outros carros elétricos, é equipado com freios que regeneram a energia e a jogam novamente para a bateria.
Durante nosso uso, os 135cv e, principalmente, os 25 kgf/m de torque, foram mais do que suficientes para as atividades do dia a dia. Além disso, a direção elétrica foi muito bem acertada pela Renault para garantir ótima dirigibilidade, bem como a posição de guiar, mais elevada e confortável. Se você se planejar bem, pode ter o Zoe como seu carro de uso diário, ou até mesmo para pequenas viagens, caso more em uma cidade e trabalhe em outra.
Sobre o conforto em si, há algumas ponderações. A distância entre-eixos é exatamente a mesma da geração anterior, com 2,58m, porém, parece ter havido uma melhoria no aproveitamento do espaço. Isso não quer dizer, claro, que é um carro espaçoso. Afinal, trata-se de um compacto.
O porta-malas, oficialmente, tem 388 litros, mas cabe nele muito menos do que essa litragem indica, escancarando a ideia do produto, de ser um carro essencialmente urbano. Se serve de consolo, o Bolt e o Leaf não estão muito melhores nesse sentido.
Já sobre os itens voltados ao conforto, temos ar-condicionado digital, sensor de chuva, sensor crepuscular, retrovisor interno eletrocrômico, chave presencial, botão auto-hold, freio de estacionamento elétrico e piloto automático.
Design e Acabamento
Outros dos destaques do novo Renault Zoe E-Tech estão no acabamento e no design, que receberam melhorias sensíveis com relação ao modelo anterior. Logo de cara, percebe-se que estamos falando de um carro com um tratamento mais requintado, mas sem ser espalhafatoso.
Há cromados sutis por todas as partes e, agora, o conjunto óptico é em LED. As grades são novas e as rodas de aro 16 também. O aspecto futurista segue sendo uma marca do Zoe, mas mais harmônico.
O interior, por sua vez, foi o que mais evoluiu. Há muito material sensível ao toque, couro e revestimentos feitos em tecido reciclado, uma solução usada por marcas como a Volvo, por exemplo, e que cai muito bem em veículos eletrificados e deixa tudo com um ar mais refinado.
Há, também, alguns detalhes muito legais, como as artes alusivas aos fios e conexões que remetem à conectividade e eletricidade, como já acontecia na geração passada do bólido.
Concorrentes
Considerando apenas o porte e o que entregam, os concorrentes mais diretos do Renault Zoe E-Tech seguem sendo mesmo o Chevrolet Bolt EV, que custa R$ 330 mil e o Nissan Leaf, por R$ 294 mil. Mas clientes que miram no Caoa Chery iCar, que sai por R$ 140 mil, podem olhar também para o Zoe.
Novo Renault Zoe E-Tech: Vale a pena?
O Renault Zoe E-Tech vale muito a pena se você quiser um carro elétrico bonito, bem equipado, com ótimo desempenho e que tenha autonomia suficiente para atividades de uma semana. Porém, seu preço pode fazer você repensar a compra, já que ele não é dos mais completos e os clientes desse tipo de bólido procuram itens mais vastos de tecnologia.
O Renault Zoe E-Tech pode ser encomendado em todo o Brasil por a partir de R$ 240 mil, a mesma versão avaliada pelo Canaltech.
No Canaltech, o Renault Zoe E-Tech foi avaliado graças a uma unidade gentilmente cedida pela Renault do Brasil.