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Análise | Renault Zoe é eficiente, mas o mais comum dos carros elétricos

Por| Editado por Jones Oliveira | 19 de Outubro de 2020 às 10h12

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Felipe Ribeiro/ Canaltech
Felipe Ribeiro/ Canaltech

Lançado em 2012 com a proposta de ser um carro elétrico acessível, o Renault Zoe é um dos pouquíssimos modelos deste tipo presentes no mercado brasileiro. Na Europa ele consegue seguir fielmente essa proposta, sendo mais barato que rivais como o Nissan Leaf e apresentando a mesma eficiência no campo energético, a principal proposta de um veículo elétrico.

No entanto, quando transferimos o "ato de ter um carro elétrico" aqui para o Brasil, o Zoe perde totalmente o seu propósito. Depois de ser lançado com um preço bem menor do que os rivais, que ultrapassam os R$ 200 mil, o elétrico da Renault, após o aumento do dólar, também sofreu reajustes e se equiparou aos demais modelos apenas no valor, e não nos equipamentos.

Por mais que tenha um design muito bem resolvido, desempenho competente e conectividade, o Renault Zoe é o carro elétrico que mais se parece com um veículo convencional. Se para uma proposta de acessibilidade financeira essas características são aceitáveis e toleráveis, quando falamos de um produto que ultrapassa os R$ 200 mil, isso se torna um problema.

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Ele dá conta do recado

Se há algo em que não podemos reclamar do Zoe é seu desempenho no dia a dia. Com um motor para lá de competente, o carrinho faz jus à agilidade dos elétricos para deslocamentos curtos. Seus 92cv de potência e 22,9kgf/m de torque são mais do que suficientes para o trânsito pesado das cidades, uma vez que tudo isso está à disposição de imediato — afinal, é um carro elétrico. Nem mesmo o peso de 1.480kgs torna a condução insossa.

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Quando precisamos de deslocamentos mais longos em que a potência é exigida, aí sim o Zoe não vai tão bem assim. Seu 0 a 100km é de apenas 13,2 segundos e as retomadas não são das melhores, o que escancara sua vocação para o ciclo urbano. Não à toa, o Zoe faz muito mais sucesso na Europa do que nos Estados Unidos.

Já na autonomia, um dos primeiros pecados do Zoe, mas que pode ser muito bem administrado. De acordo com a Renault, seu carrinho elétrico é capaz de rodar 300 quilômetros com apenas uma carga. Se aliarmos ao sistema de regeneração — que é dos melhores, por sinal — e adotarmos uma condução moderada, o Zoe pode render perto de 350 quilômetros de rodagem.

Há, também, o modo Eco, que deixa o carro mais anestesiado e com as demais funções menos eficientes, como de climatização. Isso também pode lhe render mais autonomia, mas é uma economia que, na ponta do lápis, não vale tanto a pena. Nos percursos que fizemos com o carro a diferença sentida no gasto da bateria variou de 1 a 2km.

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Para carregar o Zoe, tudo é bem parecido com os demais veículos elétricos. Em uma estação rápida, com pouco mais de uma hora o carro está totalmente carregado. Em uma wallbox, o tempo é de seis a oito horas e, em uma tomada convencional, cerca de 20 horas. A diferença, porém, está em um detalhe: a Renault oferta o veículo sem o cabo para carregar.

Por isso, além de gastar com o Renault Zoe você terá que investir em um modo de carregá-lo e, caso ele seja seu único veículo (o que não é recomendado), planejar-se bem para a rotina da semana. Se o Zoe tivesse sido lançado hoje, seria bem comum ver piadas na internet comparando-o com os novos iPhone 12, que virão sem carregador na caixa. Que mancada, Renault.

Apenas o trivial

Quando estamos a bordo do Renault Zoe, logo percebe-se que, de fato, sua proposta é de ser um carro barato. Os materiais de acabamento são bem simples e lembram, e muito, o de veículos como o Sandero e a Captur, famosos no mercado nacional. Até mesmo componentes como o volante e os comandos do ar-condicionado são idênticos ao destes veículos.

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O que diferencia o Zoe dos demais irmãos de fabricante é o cluster principal, que é todo digital e reúne as principais informações pertinentes ao funcionamento do veículo, como o velocímetro, nível de bateria e fluxo de energia. Além disso, é nessa telinha que você pode, também, modificar o som da seta do carro e, também, mudar a aparência dos mostradores.

Já quando falamos da central multimídia, que é muito boa, não há muitas novidades. O espelhamento com Android Auto e Apple Car Play pode ser feito sem maiores dificuldades e, além de poder acompanhar as mídias, rádio e outras funções, o motorista pode ter em sua tela os níveis de funcionamento do carro e como está seu comportamento visando a economia de bateria. O sistema também conta com um GPS nativo, o que pode ajudar em momentos em que a conexão com a internet não é boa. Muita gente não liga, mas, sim, faz diferença.

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Ainda no campo do entretenimento, o Zoe é equipado com sistema de som assinado pela Bose, o mesmo utilizado no Renault Captur Bose. Isso faz com que o carrinho tenha qualidade de áudio das melhores que já testamos aqui no Canaltech, sendo, inclusive, bem superior a dos seus rivais.

Como é natural de um carro automático, o Zoe tem piloto automático e limitador de velocidade, mas não dispõe do controle de cruzeiro adaptativo e outros mimos presentes nos seus concorrentes. No campo da segurança, além dos quase que obrigatórios controles de estabilidade e tração, o carrinho é equipado com quatro airbags, sendo os dois frontais e os dois laterais.

É sempre bom repetir: pelo que é proposto para o Renault Zoe, até que existe um bom pacote de equipamentos, mas muito trivial quando olhamos para um carro elétrico que custa o que lhe é pedido. Além do que já citamos, há, claro, conjunto óptico em LED, chave presencial, sensor crepuscular, retrovisores rebatíveis, ar condicionado digital e câmera de ré com gráficos dinâmicos.

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No campo do conforto, o Zoe não faz feio, mas também escancara que não é um automóvel pensado para as nossas combalidas ruas. Os bancos são bem confortáveis e o rodar é extremamente silencioso, mas a suspensão do veículo é bem molenga, o que pode ser bem ruim em vias esburacadas e onduladas. Ao passar nas lombadas, por exemplo, é necessário fazer isso bem devagar, quase parando.

Nos bancos de trás, dois adultos e uma criança viajam sem maiores problemas, já que o porte do Zoe é bem semelhante com o do Sandero. Mas os itens de conforto por ali não existem, como entradas USB e saída de ar-condicionado.

O que pode melhorar?

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Pelo que é pago neste automóvel, faltam muitos equipamentos, e nem precisamos comparar com carros elétricos. Itens como sensores de estacionamento dianteiros, alerta de permanência em faixa, sensores de ponto cego, faróis direcionais e uma maior autonomia são itens que deveriam estar presentes no carro.

A boa notícia, porém, é que tudo isso já existe em um Renault Zoe, só que na Europa. Isso porque o compacto elétrico francês já está em sua terceira geração por lá e, além do que citamos acima, está mais potente e com acabamento mais refinado. Se a montadora o trouxer para cá, poderá estar em pé de igualdade com os demais concorrentes como o Nissan Leaf e o Chevrolet Bolt.

Mas, algo que não temos informação e que precisa ser corrigido urgentemente é o fato de o automóvel ser vendido sem o cabo para carregamento doméstico. Em um país como o nosso sem tanta estrutura para se ter um veículo elétrico, cabe à montadora pensar em maneiras de mitigar essa dificuldade.

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Eficiente, mas não é páreo para os rivais

O Renault Zoe traz os principais benefícios que um carro elétrico pode oferecer. A proposta de zero emissão de gases, agilidade na cidade e conforto para os passageiros é executada com louvor, mesmo não sendo, nem de longe, o mais potente de sua categoria. Com autonomia até que razoável, o Renault Zoe é uma boa pedida para quem quer entrar de vez no mundo dos elétricos, apesar de sua enorme simplicidade.

Mas, por ser um automóvel com proposta moderna, ele deixa a desejar em termos de equipamentos tecnológicos. Faltam muitos itens de segurança e de condução que o tornariam mais alinhado com o que temos disponível no mercado, sobretudo quando pensamos em seus principais concorrentes aqui no Brasil, o Nissan Leaf e o Chevrolet Bolt, que são bem mais potentes e equipados.

O que dava alguma vantagem ao Zoe, porém, era seu preço, que era bem inferior antes do recente reajuste executado pela Renault. Para "eliminar" essa discrepância, a montadora francesa vai precisar trazer seu modelo mais atual do elétrico, que já está circulando na Europa e traz o necessário para equiparar essa briga.

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O Renault Zoe na versão testadapode ser adquirido por R$ 205.678. No Canaltech o veículo avaliado foi gentilmente cedido pela Renault do Brasil.