Executivo revela por que a Apple nunca levou o iMessage para o Android
Por Igor Almenara • Editado por Douglas Ciriaco |
Colocar o iMessage no Android seria um desperdício, admitiu o vice-presidente sênior de engenharia de software da Apple, Craig Federighi, em entrevista para o Wall Street Journal. Ao ser questionado sobre a falta de suporte do app para o sistema operacional concorrente, o executivo mais uma vez mostrou que a Apple não teria interesse em dar fim à exclusividade da plataforma ao próprio ecossistema.
Em um e-mail enviado em 2013, Federighi defendia a ideia de manter o iMessage exclusivo da Apple para criar um “obstáculo” na migração do iPhone para celulares Android. Durante a entrevista ao WSJ, o executivo foi indagado sobre o comunicado interno e novamente explicou os motivos que levaram a Apple a preservar a exclusividade do mensageiro.
“Se nós apenas lançássemos um aplicativo que não obtivesse ‘massa crítica’ em outras plataformas, isso nos teria impedido de inovar em todas as maneiras pelas quais planejávamos”, pontuou. Ou seja, se a Apple tivesse expandido o mensageiro para outras plataformas, possivelmente não teria espaço e orçamento suficiente para continuar incrementando o app tanto quanto gostaria.
Com verba mais limitada, a Maçã precisou fazer uma escolha, então optou por deixar o Android de lado. Segundo Federighi, criar uma versão do iMessage compatível com o sistema do Google “parecia um desperdício que não serviria ao mundo”.
Há controvérsias
Há tempos surgiu a indagação de por que o iMessage não está presente no Android de nenhuma forma. Desde a estreia, o app de mensagens da Apple é exclusivo para dispositivos da empresa e oferece recursos de patamar semelhante a de mensageiros gigantes, como WhatsApp e Telegram, incluindo criptografia, stickers, conversas em grupo e compartilhamento de mídias.
É fato, porém, que ter o iMessage somente no iPhone representa uma vantagem comercial para a Apple — e das grandes, especialmente nos Estados Unidos, onde o app é mais usado que o WhatsApp, por exemplo. A falta de compatibilidade com o ecossistema vizinho cria uma enorme barreira na comunicação entre pessoas, característica esta que foi o centro da polêmica dos “balões verdes” no ano passado.
Manter o iMessage somente no iOS cria um certo “aprisionamento” no ecossistema da empresa. Em países onde o mensageiro é popular, trocar para o Android pode gerar preconceito, dificuldade na comunicação e até bullying — nada que seja culpa da Apple, mas algo que deve favorecer o modelo de negócios da empresa.
Orçamento limitado ainda é justificativa?
É plausível que a falta de suporte do iMessage no Android tenha acontecido por uma limitação de orçamento — isso, em 2013. Contudo, será que esse problema ainda existe atualmente, quase 10 anos depois?
Atualmente, a briga nem mesmo é pelo lançamento do iMessage para Android, mas, sim, pela implementação do suporte ao protocolo RCS no app. O padrão atualizado é amplamente suportado no Android, sendo o principal substituto ao SMS.
Com RCS, as limitações que implicam no “aprisionamento de usuários” no iMessage também cairiam. Usuários poderiam se comunicar de forma mais segura, com reações com emojis, stickers, mídias em alta resolução, indicadores de atividade/digitação e mais — algo que, de certa forma, também ameaçaria a popularidade do iMessage.
RCS fora dos planos
Talvez por essa razão, a Apple também seja contrária à adoção do RCS. Em setembro, o CEO da fabricante, Tim Cook, já se mostrou desinteressado na ideia. "Não ouço nossos usuários pedindo para dedicarmos energia nisso [na implementação do RCS] neste momento", comentou durante o Code 2022, evento da Vox Media. A solução no problema de comunicação com usuários Android, segundo o executivo, seria "dar um iPhone" para a pessoa.
Fonte: MacRumors, Wall Street Journal