Quick Charge vs Power Delivery: entenda os tipos de carregador para celular
Por Renan da Silva Dores • Editado por Wallace Moté |
Nos últimos anos, o mercado de celulares viu inúmeros modelos aumentarem substancialmente a potência de carregamento, levando cada vez menos tempo na tomada para recuperar a carga da bateria. Se antes carregadores de 15 W impressionavam, hoje em dia é comum vermos telefones mais premium contarem com recarga de 65 W, como o OnePlus 9 Pro, ou mesmo de 100 W, como o recente Honor 50.
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Tais avanços resultam da ampla adoção de dois principais protocolos de carregamento disponíveis no mercado — o Quick Charge, da Qualcomm, e o USB Power Delivery (USB-PD), desenvolvido pelo consórcio de empresas responsável por regular a conexão USB. Mas quais são as diferenças entre os dois? E como utilizar cada um deles? Vamos discutir esses pontos a seguir.
Quick Charge vs Power Delivery
O Quick Charge é uma tecnologia de carregamento desenvolvida pela Qualcomm, conhecida pelos processadores Snapdragon. Através da conexão USB, o celular e o carregador se comunicam e monitoram a recarga para aumentar ou diminuir a potência, seguindo parâmetros de temperatura, quantidade de carga da bateria e voltagem, por exemplo.
O protocolo está atualmente em sua quinta versão, lançada em julho do ano passado, e suporta carregamento de até 100 W, sendo 10 vezes mais potente que o Quick Charge original, segundo a Qualcomm. O recurso também recebeu atenção na segurança e temperatura, contando com múltiplos níveis de proteção de corrente, voltagem, temperatura e tempo, que impedem que haja superaquecimento e até eventuais explosões.
Um ponto interessante do Quick Charge 5 é a presença de retrocompatibilidade com as gerações anteriores, além de dispositivos com porta microUSB e até aparelhos que utilizam o rival Power Delivery, incluindo iPhones. Nessas condições, um carregador com Quick Charge 5 vai entregar a velocidade máxima de carregamento do celular, como 22 W em um iPhone 12, por exemplo.
O USB Power Delivery, ou USB-PD, funciona de maneira semelhante ao Quick Charge, mas é compatível com uma variedade maior de dispositivos por não depender de hardware da Qualcomm para funcionar, estando assim presente em notebooks, desktops, hubs USB e mais. Em contrapartida, a popularidade desse protocolo no meio mobile é menor, já que no mundo dos smartphones, onde poderia atingir um público maior, há domínio de processadores Snapdragon.
Felizmente, um número crescente de celulares começou a adotar a tecnologia, e a compatibilidade do próprio Quick Charge com o padrão pode fazê-lo se tornar uma opção de peso em breve. O USB-PD foi desenvolvido pela USB Implementers Forum (USB-IF), organização responsável por regular a conexão USB, e encontra-se atualmente na revisão 3.1.
A nova versão entrega até 240 W de potência para dispositivos compatíveis, contra 100 W da geração passada, e aplica outras mudanças importantes que tornaram o protocolo mais competitivo contra a solução da Qualcomm, que contava com vantagem em alguns aspectos. Agora, o USB-PD comporta ajustes na voltagem, até então apenas fixos em versões anteriores.
Fora isso, o sentido do carregamento também não é mais fixo, podendo variar de acordo com a posição da fonte de energia, e há gerenciamento inteligente da potência, que se adapta seguindo as necessidades do aparelho conectado. Com esses recursos, é possível utilizar impressoras utilizando apenas um cabo USB-C, ou mesmo carregar um notebook conectado a um monitor compatível.
Uma desvantagem ainda presente, no entanto, é a compatibilidade exclusiva com conexões USB-C — o Quick Charge pode ser aplicado em portas USB-A, USB-C e microUSB.
Carregamento Qi sem fio
Além das tecnologias de carregamento com fio, outro método que ganhou popularidade recentemente é o de recarga sem fio, em que o celular ou outro dispositivo é capaz de recuperar a carga da bateria apenas aproximando-o de uma base.
A tecnologia amplamente utilizada atualmente opera no padrão Qi (pronuncia-se "tchi"), protocolo Open-Source desenvolvido pela Wireless Power Consortium (WPC), organização que conta com participação de gigantes como Apple e Samsung.
Presente em praticamente todos os smartphones com carregamento sem fio do mercado, além de acessórios como fones de ouvido, a tecnologia utiliza bobinas de cobre que, ao receberem eletricidade, geram um campo magnético, que por sua vez criam corrente elétrica em contato com o telefone ou outro acessório e assim recarregam a bateria.
Atualmente, o carregamento no padrão Qi entrega potências entre 5 W e 15 W, mas há planos para aumentar o limite para até 60 W com uma nova extensão do protocolo, segundo a WPC.
Anker destaca sua tecnologia PowerIQ 3.0
Responsável pelo gerenciamento da Anker no Brasil junto à Positivo, Gustavo Massette discutiu o funcionamento e as diferenças de cada um dos protocolos. "Estas tecnologias permitem que o aparelho e o carregador façam o 'handshake', ou 'conversem', para que o fornecimento de energia seja otimizado e seguro", explicou.
Massette concluiu exemplificando as tecnologias: " [...] desde o iPhone 8 os aparelhos da Apple são compatíveis com o protocolo PD, e até a linha iPhone 11 o limite de potência era 18W, apesar da fabricante fornecer carregadores de apenas 5W junto com o smartphone. Ou seja, é preciso um carregador mais potente para usufruir do carregamento rápido nestes modelos".
O executivo destacou ainda a tecnologia PowerIQ 3.0 da Anker, que combina Quick Charge e Power Delivery em uma mesma conexão USB, além de citar alguns acessórios da marca que contam com os protocolos discutidos, incluindo o PowerPort III Pod 65W, carregador de 65 W com Quick Charge 3 e PD, e o Wireless Anker PowerWave II Pad, base de recarga sem fio com modos de carregamento entre 5 W e 15 W.