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Crítica Wandinha | Série de Tim Burton tem narrativa adolescente e superficial

Por| Editado por Jones Oliveira | 22 de Novembro de 2022 às 20h00

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Reprodução/ Netflix
Reprodução/ Netflix
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Dirigida por Tim Burton, Wandinha é a nova série de fantasia da Netflix que chega ao streaming como um dos grandes lançamentos de novembro. E não podemos negar que a expectativa era alta, afinal esta é a primeira vez que Burton assume uma produção sobre a Família Addams e dá o seu toque gótico à história. Mas, ao contrário do que se esperava, a série tem uma trama bastante adolescente e juvenil.

A história segue Wandinha Addams, a adolescente rebelde da família, mudando de escola e indo parar na Nevermore (ou Nunca Mais, como é chamada em português). O local é um colégio para desajustados — isso inclui lobos, vampiros, sereias e alunos meio macabros como a própria protagonista.

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Agradável e divertida

Lá ela conhece Enid (Emma Myres), sua colega de quarto que tem uma personalidade bem diferente da sua e abusa de cores na vestimenta. Além disso, Wandinha se envolve em uma investigação sobre um misterioso monstro que está matando alguns alunos da escola e pessoas da cidade próxima.

É com essa trama que Burton constrói uma série agradável e até divertida, mas no melhor estilo O Mundo Sombrio de Sabrina (também da Netflix). Inclusive, quem já assistiu a série da bruxa teen, vai perceber semelhanças entre as produções.

As duas focam no ambiente escolar, ambas protagonistas tentam descobrir mistérios e acabam se envolvendo amorosamente com dois rapazes e ambas têm a ajuda de um personagem secundário. Enquanto Sabrina tem o gato Salém, Wandinha tem a Mãozinha.

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Aliás, é preciso falar que a Mãozinha ganha muito mais destaque que o esperado, e isso é um ponto positivo da série da Netflix, afinal o personagem é carismático e engraçado mesmo sem falar uma só palavra. O mesmo já não acontece com Mortícia, Gómez e Feioso.

Apesar do trio interpretado respectivamente por Catherina Zeta-Jones, Luis Guzman e Isaac Ordonez entregar boas atuações e personagens bem construídos, eles têm pouco tempo de tela — aparecendo em episódios específicos — e deixam um gostinho de quero mais.

Em entrevista, Burton havia dito que a série seria uma oportunidade de focar na história de Wandinha, e isso realmente acontece, mas faz falta (especialmente para os fãs nostálgicos da Família Addams) ver um pouco mais dos parentes da garota mal-humorada.

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Outro personagem que pouco aparece é o Tio Chico, interpretado por Fred Armisen (Brooklyn Nine Nine). Ele surge nos episódios finais para ajudar a menina a desvendar o mistério, mas sua história fica solta no ar e pouco se encaixa na trama principal. Além disso, o personagem é um tanto quanto caricato e não convence muito.

O amadurecimento de Wandinha

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Se por um lado a história dos personagens secundários da família deixa um pouco a desejar, por outro a construção de Wandinha é bem feita e cumpre o que promete: amadurecer a personagem.

Na série, a garota tem 15 anos e a difícil missão de se enturmar na escola e fazer amigos. Com uma personalidade forte e um tanto quanto estranha, ela vai pouco a pouco baixando a guarda e se deixando conquistar por alguns colegas de classe e até mesmo por Tyler (Hunter Doohan), que desperta nela um sentimento amoroso.

Assim, Wandinha sai daquele lugar de apenas problemática e vai se tornando, pouco a pouco, uma adolescente mais madura, capaz de criar laços com outras pessoas.

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A grande responsável por amolecer o coração da protagonista é Enid — a colega de quarto e menina-lobo —, que funciona como um contraponto na trama e ajuda a tornar a narrativa mais agradável. Enquanto Wandinha é macabra, alérgica a cores e arisca, Enid é meiga, colorida e simpática. A união das duas resulta em uma mistura improvavél e divertida.

Wandinha poderia ser um filme

Os criadores da série, Miler Millar e Alfred Gough, falaram à imprensa dos Estados Unidos que Wandinha seria como um filme — com narrativa contínua — e isso, de fato, acontece, mas a sensação que fica é que a série poderia realmente ter sido um filme com duas horas de duração.

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Oito episódios parecem tempo demais para desenvolver a trama, que, por vezes, fica ainda mais morna e dá a sensação de que está “enchenco linguiça”. Talvez menos episódios solucionassem o problema, ou transformar a narrativa em um filme poderia ser uma boa opção.

Apesar disso, Wandinha deixa algumas pontas soltas, indicando que haverá uma possível segunda temporada. Resta saber se haverá enredo suficiente para mais episódios.

Vale a pena assistir à Wandinha?

Com erros e acertos, a série de Tim Burton se firma como mais uma produção adolescente da Netflix, trazendo vários clichês presentes nesse tipo de obra, como romance, bullying, dramas escolares, entre outros. Por isso, é importante alinhar as expectativas antes de dar o play.

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Wandinha é realmente um personagem interessante e a atuação de Jenna Ortega não decepciona. Por outro lado, quem espera ver mais do restante da família irá se decepcionar. Sendo assim, a série vale a pena desde que encarada como uma obra teen pouco aprofundada.

Se você ficou com vontade de dar uma chance para a produção, pode assistir aos oito episódios de Wandinha na Netflix.