Vitamina D | Outono e inverno podem afetar a síntese deste hormônio
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |
Durante as estações de outono e inverno, a incidência de raios solares é menor, e isso afeta a formação de vitamina D, que depende da absorção de raios ultravioleta (UV) do tipo B pelo corpo humano. Além disso, as baixas temperaturas geram uma tendência de se agasalhar mais, diminuindo a exposição solar.
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Para contornar esse problema, Sérgio Setsuo Maeda, endocrinologista e presidente da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (ABRASSO), conta que estudos populacionais realizados no Brasil demonstram uma variação sazonal nas concentrações de vitamina D no país, principalmente na região sul, provando a diferença entre as estações e a absorção de raios UVB.
Importância e funcionamento da vitamina D
A vitamina D é, na verdade, um hormônio chamado colecalciferol, cuja produção é essencial para a saúde óssea. Com ela, a absorção de cálcio e fósforo pelo organismo é potencializada, ajudando a manter os ossos fortes e saudáveis. O problema é que cerca de 90% da produção do hormônio depende da exposição ao sol — o restante fica na conta de alimentos como atum e salmão, que acabam não sendo consumidos com tanta frequência. Eles teriam de ser comidos todos os dias para gerar a quantidade necessária de vitamina D para o organismo sem tomar sol.
Maeda conta que, quando o corpo humano é exposto ao sol, os raios UVB entram na camada mais superficial da pele e produzem uma reação química e térmica, resultando na vitamina D. Depois da sua formação, a substância entra na corrente sanguínea e passa por fígado e rins, quando finalmente aumenta a absorção de cálcio e fósforo no intestino. Isso estimula a mineralização dos ossos e a função muscular em todo o corpo.
Esse processo é o que torna a exposição ao sol fundamental por 10 a 15 minutos diários, expondo braços e pernas, mas protegendo o rosto e evitando a vermelhidão causada por queimaduras na pele.
Grupos de risco para deficiência da vitamina D
Entre as populações que mais sofrem com a falta do hormônio no organismo — chamada hipovitaminose D — estão os idosos, que têm pele mais fina por conta da idade e quantidade diminuta de precursores, ou geradores da substância. Seus hábitos de exposição solar também são mais restritos, e suas vestimentas, mais pesadas. Com doenças crônicas sendo mais comuns e o uso dos medicamentos para o tratamento, há chances de efeitos adversos que interfiram com o metabolismo da vitamina.
Há, também, as gestantes, que possuem riscos aumentados de desenvolver melasma — lesões no rosto pela fotossensibilidade — e, portanto, cuja exposição ao sol é desaconselhada. Em ambos os grupos, a recomendação é de que sejam usados suplementos de vitamina D, suprindo a falta de sua produção pela exposição ao sol e pela alimentação, que dificilmente substitui os raios UVB.
Como manter níveis adequados?
Durante o outono e o inverno, todos acabamos precisando de um pouco mais de vitamina D, não só os grupos de risco. Para garantir uma produção satisfatória do hormônio, Maeda separou algumas dicas.
- Uso de suplementos: Cápsulas ou injeções de vitamina D são uma boa opção para absorver a substância, mas vale lembrar que isso deve ser feito com acompanhamento médico para definir níveis saudáveis de consumo, evitando “overdose” do remédio. Idosos, grávidas, lactantes, pacientes de osteoporose e histórico de quedas com fraturas, com insuficiência renal crônica ou síndrome de má absorção costumam necessitar mais dessa ajuda;
- Aproveitar o sol: embora “banhos de sol” sejam bastante raros nas estações mais frias, convém aproveitar as chances de se expor ao sol, deixando braços e pernas na incidência dos raios UVB por períodos limitados — de 5 minutos para peles mais claras a 15 minutos para peles mais pigmentadas — que, somados, cheguem de 15 a 20 minutos por dia, evitando lesões solares (vermelhidão na pele);
- Alimentação adequada: mesmo que os alimentos providenciem menos vitamina D do que os raios UVB, convém incluir peixes, iogurtes e derivados do leite na dieta, além de gema de ovo e fígado.