Edição genética: estes tomates podem aumentar a vitamina D da população
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |
Você comeria tomates editados geneticamente? Uma equipe de cientistas do John Innes Centre (Reino Unido) tentou aumentar os níveis de vitamina D ao desligar uma molécula específica em seu código genético. As descobertas foram publicadas na revista científica Nature Plants.
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A ideia é que esses tomates tenham tanta provitamina D3 quanto dois ovos ou uma colher de atum, por exemplo. Isso porque pelo menos 13% da população britânica sofre com os baixos níveis de vitamina D, necessária para manter os ossos, dentes e músculos saudáveis. Na esteira da iniciativa, inclusive, o Reino Unido se prepara para apresentar um projeto de lei para permitir a comercialização desse tipo de produto.
O que acontece é que a principal fonte desse nutriente vem da exposição à luz solar, que converte a provitamina D3 em uma forma ativa de vitamina D. No entanto, no Reino Unido só há luz solar suficiente para suprir essa necessidade entre abril e setembro. Fora dessa época, a população só consegue contar com a ajuda de alimentos e suplementação. Com isso, os pesquisadores escolheram os tomates por serem acessíveis à população local.
Os tomateiros foram criados em meio a pequenas alterações através de uma técnica chamada Crispr-Cas9, em que se corta um fragmento muito pequeno do gene para melhorar uma característica, sem introduzir qualquer DNA de outras espécies.
O estudo se concentrou em uma enzima que normalmente converte a provitamina D3 em colesterol. Com a alteração, os pesquisadores conseguiram que a provitamina D3 ficasse acumulada nas folhas e nos frutos, mas para transformar em vitamina D3 ativa, o tomate ainda precisa ser exposto à luz UVB, ou cultivado ao ar livre.
Talvez, a esta altura, você esteja relacionando esse assunto aos alimentos transgênicos. No entanto, a história é outra: esses tomates não contêm genes de outros organismos e poderiam ter sido criados até mesmo por meio de reprodução seletiva, só que esse processo teria sido muito mais lento.
A estimativa dos próprios pesquisadores é que, além dos tomates, essa técnica de edição genética também possa funcionar em pimentas, batatas e berinjelas. Mas para isso, outros estudos se fazem necessários.
Fonte: Nature Plants via The Guardian; Harvard TH Chan