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Giro da Saúde: técnica faz dentes nascerem de novo; doença misteriosa no Canadá

Por| 04 de Abril de 2021 às 08h00

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Giro da Saúde: técnica faz dentes nascerem de novo; doença misteriosa no Canadá
Giro da Saúde: técnica faz dentes nascerem de novo; doença misteriosa no Canadá

Semana agitada na editoria de saúde aqui no Canaltech! Com notícias que vão desde técnicas inéditas em que a ciência conseguiu a proeza de fazer dentes nascerem de novo em roedores a uma doença misteriosa que aflige o Canadá, tivemos também destaques importantes quanto à chegada de vacina no Brasil e novas decisões da Organização Mundial da Saúde a respeito do uso de ivermectina no combate à COVID-19.

Para começar a semana bem informado, fique por dentro de tudo que rolou nos últimos sete dias, agora e em resumo, no Giro da Saúde!

Doença misteriosa atinge mais de 40 pessoas no Canadá

Autoridades de saúde estão investigando uma doença até então desconhecida que acometeu mais de 40 pessoas no Canadá, na província de New Brunswick. Trata-se de uma condição neurológica misteriosa que causa alterações de comportamento, dores sem explicação, problemas de coordenação, distúrbios do sono e alucinações.

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Esta é "provavelmente uma nova doença", relata a Dra. Jennifer Russel, diretora médica de saúde na província. Até o dia 18 de março, autoridades de saúde relataram pelo menos 43 casos da nova enfermidade. Especialistas levantavam a hipótese de a nova patologia ser causada por príons (partículas de proteínas que atuam como agentes infecciosos e que costumam ser neurodegenerativas), o que aproximava os novos quadros do diagnóstico de doença de Creutzfeldt-Jakob (CJD). No entanto, os primeiros testes de laboratório feitos com amostras dos pacientes acometidos descartaram a possibilidade de CJD.

“Ainda não conseguimos encontrar um agente causador, exceto que tudo o que analisamos até agora sugere que se trata de uma exposição ambiental de algum tipo que é adquirida através de alimentos, água, ar, atividades profissionais ou de lazer", explica o neurologista canadense Alier Marrero. O país investiga substâncias encontradas em frutos do mar e toxinas produzidas por algas marinhas.

Suspeitas da doença já eram encontradas há anos na província, mas a informação não ganhava destaque. O primeiro caso dessa condição pode ter sido identificado ainda em 2015, e é preciso investigar o caso mais a fundo para que novas pistas venham à tona.

Leia mais sobre a doença no Canaltech

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Anvisa aprova uso emergencial da vacina da Janssen 

Boa notícia! Na última semana, a Anvisa avaliou documentações referentes a dois novos imunizantes contra COVID-19: a vacina da Janssen (farmacêutica da Johnson & Johnson) e a Covaxin, da indiana Bharat Biotech. No processo de análise, ocorrido na quarta-feira (31), apenas a vacina da Janssen conseguiu aprovação para uso emergencial no país.

A aprovação da fórmula foi unânime, já que os quatro diretores e o presidente da Anvisa foram favoráveis ao pedido de uso emergencial e temporário. Anteriormente, o Ministério da Saúde firmou um contrato para a compra de 38 milhões de doses do imunizante que devem ser distribuídas no país. Assim, a vacina da Janssen passa a ser a quarta aprovada para uso no Brasil, ao lado da CoronaVac, da vacina de Oxford/AstraZeneca (Covishield) e a da Pfizer/BioNTech.

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Quanto ao imunizante indiano, todos os membros da diretoria votaram contra a autorização. Segundo a agência, os dados necessários para avaliar o imunizante contra o coronavírus não foram apresentados, o que impediu uma análise completa da fórmula pelas autoridades brasileiras.

OMS não recomenda ivermectina para tratamento de COVID-19

Diante das polêmicas quanto a usar ou não ivermectina para tratar pacientes com COVID, a OMS se posicionou contrária à terapia com o medicamento. O argumento da OMS é que os dados de estudos clínicos para medir a eficácia do antiparasitário contra a doença não produziram resultados conclusivos. Além da organização, a Agência Europeia de Medicamentos e a FDA (Food and Drug Administration) dos EUA também não recomendam o remédio para tratar a infecção causada pelo novo coronavírus.

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"Nossa recomendação é não usar ivermectina para pacientes com COVID-19, independentemente do nível de gravidade ou duração dos sintomas", anunciou Janet Díaz, chefe da equipe de resposta clínica à COVID-19, durante uma coletiva de imprensa. A recomendação só traz exceção para testes em ensaios clínicos.

Baseando-se em 16 ensaios clínicos randomizados com mais de 2 mil pacientes que compararam o medicamento com outros, a OMS definiu que o número de estudos comparando ivermectina com placebo em estudos controlados é muito menor. Entretanto, as recomendações serão atualizadas conforme novas pesquisas surjam confirmando a eficácia da ivermectina.

No Brasil, a Anvisa divulgou, a princípio, que "não há recomendação da Anvisa, no momento, para a sua utilização em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção à contaminação pelo novo coronavírus", mas atualizou a nota, alegando que "as indicações aprovadas para a ivermectina são aquelas constantes da bula do medicamento" e que o uso fora do previsto na bula "é de escolha e responsabilidade do médico".

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Cientistas compartilham, gratuitamente, "receita" das vacinas da Pfizer e Moderna

Se você conhece o GitHub, sabe do potencial da plataforma: é por lá que programadores, cientistas, estudiosos, curiosos e especialistas se reúnem para compartilhar dados, códigos e informações sobre praticamente tudo, já que é um grande repositório colaborativo. E foi no GitHub que cientistas da Universidade de Stanford, nos EUA, publicaram a "receita" das vacinas de mRNA utilizadas no país, da Pfizer/BioNTech e da Moderna.

São quatro páginas contendo as sequências de mRNA empregadas nas fórmulas, bem como explicações sobre o processo que, segundo os envolvidos, não é de engenharia reversa. A publicação apenas mostra "a sequência putativa de duas moléculas de RNA sintéticas que se tornam suficientemente prevalentes no ambiente geral da medicina e biologia humana em 2021".

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Em outras palavras, os pesquisadores analisaram a sequência de RNA mensageiro após coletarem frascos descartados, com resíduos dos imunizantes. Apesar terem solicitado autorização das farmacêuticas, não receberam resposta alguma, nem positiva, nem negativa, e por isso resolveram continuar o processo e publicar o resultado.

O link para acessar o repositório está no Canaltech.

Nova Iorque aprova uso recreativo de cannabis

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O estado de Nova Iorque legalizou o consumo recreativo de cannabis na última quarta-feira (31), tornando-se o 15º estado norte-americano a regulamentar o uso de maconha. A nova lei, sancionada pelo governador Andrew Cuomo, autoriza que pessoas maiores de 21 anos comprem e cultivem a planta, o que amplia as possibilidades do uso medicinal da erva.

De acordo com a legislação em vigor no estado, 40% da receita tributária referente à venda da cannabis deverá ser destinada para comunidades formadas por minorias negras e latinas. Outros 40% serão destinados para a educação e os últimos 20% serão destinados para a saúde pública, voltada para o tratamento e informação sobre drogas. Nova Iorque ainda se comprometeu a remover antecedentes criminais relacionados à cannabis, e sinalizou que vai suspender multas direcionadas a quem for flagrado com até 85 gramas da substância. A lei ainda permite plantar até seis pés de maconha em casa, para uso pessoal.

Fica, portanto, permitido fumar em locais públicos, desde que previstos em lei. Ou seja: é proibido o uso da substância em escolas, locais de trabalho, dentro de um carro e em locais onde o tabaco já é proibido, como parques e praças. Futuramente, uma nova agência estadual deve ser criada para regulamentar e controlar o fumo em espaços públicos, a fim, inclusive, de criar um mercado destinado à erva.

Mais detalhes sobre a decisão você confere na notícia

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Roche solicita aprovação de remédio anti-COVID à Anvisa

A farmacêutica Roche, bastante atuante no mercado brasileiro, encaminhou um pedido de uso emergencial de um medicamento novíssimo contra COVID-19, que ainda está em desenvolvimento. A medicação tem em sua fórmula dois princípios ativos: casirivimabe e imdevimabe. Em resposta, a agência afirmou que dará início à triagem da documentação, o que levará, no mínimo, 72 horas, a contar de quinta-feira (1). O laboratório entregou mais de 3.600 páginas de informações para avaliação, e o prazo máximo é de 30 dias para que a análise seja concluída. Como o medicamento já passou pela FDA, agência reguladora norte-americana, pode ser que o processo ganhe mais agilidade.

“Se houver informação importante faltando, a Anvisa pode solicitar ao laboratório. A Anvisa atua conforme os procedimentos científicos e regulatórios, que devem ser seguidos por aqueles que buscam a autorização de medicamentos para serem utilizadas na população brasileira”, apontou a própria agência, em nota. A FDA, no momento, segue avaliando o uso emergencial da droga, que conseguiu "reduzir a hospitalização relacionada a COVID-19 ou as visitas de emergência em pacientes com alto risco de progressão da doença em 28 dias após o tratamento".

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Veja a notícia na íntegra

Luz solar pode ser eficiente contra coronavírus — e mais do que se pensava

Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Santa Barbara, nos EUA, trouxeram à tona outra boa notícia relacionada ao combate do coronavírus. Após analisar estudos recentes e conduzir seus próprios experimentos, a equipe concluiu que a luz solar tem muito mais potencial neutralizante sobre o vírus do que se imaginava.

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“A teoria assume que a inativação funciona fazendo com que as ondas UVB atinjam o RNA do vírus, danificando-o”, explica Paolo Luzzatto-Fegiz, líder da pesquisa. Mas essa diferença sugere que há algo mais acontecendo, e descobrir isso pode fazer a diferença na luta contra o vírus. Vale dizer que, no ano passado, uma outra pesquisa conseguiu inativar o SARS-CoV-2 ao expor amostras contaminadas à luz solar por dez a 20 minutos. "A inativação observada experimentalmente na saliva simulada é oito vezes mais rápida do que seria de se esperar pela teoria, então os cientistas ainda não sabem o que está acontecendo", afirmou Luzzatto-Fegiz, em artigo publicado na revista científica The Journal of Infectious Diseases.

Ainda não é algo definitivo, mas a suspeita é de que os raios UVA de onda longa conseguem acelerar o processo de inativação do vírus. Partindo dessa hipótese, é necessário que novos testes avaliem comprimentos de onda diferentes e específicos, a fim de registar suas potenciais capacidades de inativação do coronavírus.

Leia mais sobre luz solar e coronavírus no CT

Humanos têm genes para produzir veneno feito cobra

Uma descoberta recente da ciência dá conta de que nós, humanos, somos produtores de venenos em potencial. Pesquisadores da Universidade de Okinawa, no Japão, descobriram que temos uma rede de genes bastante similar à das glândulas produtoras de venenos das cobras. Na prática, é possível que os tecidos tenham se diferenciado para cumprirem objetivos diferentes em mamíferos, no entanto, compartilham um núcleo regulatório, que persistiu de um ancestral comum.

Isso quer dizer que, com a evolução das espécies, mamíferos, incluindo seres humanos, perderam a capacidade de sintetizar veneno, enquanto as serpentes aperfeiçoaram essa característica. "Esta é a primeira evidência sólida e real para a teoria de que as glândulas de veneno evoluíram das primeiras glândulas salivares”, explicou o autor do estudo, Agneesh Barua.

A rede reguladora de genes responsáveis pela produção de veneno oral em cobras é compartilhada por mamíferos e répteis, mas os fins são diferentes em cada espécie. Por isso, humanos não podem produzir veneno — o que não elimina uma perspectiva, muito remota, de um dia isso acontecer.

Clique aqui para ler a notícia e acessar o artigo científico com a pesquisa

Vacinados com Moderna e Pfizer não transmitem COVID-19, segundo CDC

Outra notícia positiva se destacou na última semana: o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA realizou uma pesquisa com pessoas vacinadas com as fórmulas da Moderna e da Pfizer/BioNTech, e concluiu que elas não são capazes de transmitir o agente causador da COVID-19, o SARS-CoV-2. Foram analisadas amostras de 3.950 profissionais de saúde completamente imunizados.

Após a segunda dose do imunizante, o risco de infecção pelo SARS-CoV-2 reduziu em 90%, revela o CDC. "Não são apenas testes clínicos, mas dados da vida real', afirmou Rochelle Walensky, diretora do Centro. "As vacinas autorizadas são a peça-chave que vai ajudar a colocar um fim nessa pandemia devastadora", completou.

Apesar de a notícia ser animadora, estes foram os primeiros testes realizados pelo órgão, que, por precaução, ainda pede cautela e recomenda que as pessoas, vacinadas ou não, continuem seguindo as recomendações de distanciamento social e uso de máscaras.

Veja mais sobre as vacinas da Pfizer e Moderna

Cientistas conseguem fazer dentes nascerem de novo em roedores

Um estudo publicado recentemente na revista Science Advances sacudiu as expectativas da odontologia em torno de tratamentos relacionados à reabilitação oral. Pesquisadores da Universidade de Kyoto e da Universidade de Fukui, ambas no Japão, conseguiram, por meio de terapia de anticorpos monoclonais, bloquear um gene chamado USAG-1, o que levou ao aumento da atividade da proteína morfogênica óssea (BMP), uma molécula que determina quantos dentes devem crescer na boca. O experimento aconteceu em roedores, e permitiu que ratos de laboratório regenerassem dentes permanentes que faltavam em suas mandíbulas e maxilas.

Depois de testar nos ratos, os pesquisadores partiram para a realização de testes com furões, que têm os dentes mais parecidos com os de humanos. A boa notícia? O tratamento também funcionou!

“Os furões são animais com padrões dentários semelhantes aos humanos. Nosso próximo plano é testar os anticorpos em outros animais, como porcos e cães", revelou o principal autor do estudo, Katsu Takahashi, em comunicado.

Apesar de animadora, a notícia não significa que, em breve, teremos dentes nascendo novamente nas arcadas de pessoas desdentadas mundo afora. Ainda é necessário realizar muita pesquisa até que os primeiros testes com humanos sejam conduzidos. Mas, dado o sucesso desses e dos próximos ensaios com animais, é perfeitamente plausível pensarmos em tratamentos promissores para seres humanos no futuro.

No Canaltech você lê mais sobre o assunto (e acessa o artigo científico, também)

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