Chegada de espécie prima do mosquito da dengue a cidades preocupa saúde
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |
A chegada de uma espécie prima do mosquito Aedes aegypti ao Brasil, chamada Aedes albopictus ou mosquito-tigre-asiático, já está causando efeitos à saúde. O inseto habitava, anteriormente, apenas as florestas, mas começou a se espalhar por regiões urbanas no país todo. Ele também transmite a dengue e outras doenças relacionadas ao seu parente mais conhecido, como zika, chikungunya e febre amarela.
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Kleber Luz, coordenador do Comitê de Arboviroses da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), comentou o assunto durante o 23º Congresso Brasileiro de Infectologia. Segundo ele, há dois mosquitos no brasil, com quatro sorotipos da dengue e três doenças sob vigilância das equipes de saúde.
O A. albopictus é mais resistente a temperaturas altas e baixas do que o A. aegypti, sendo que o primeiro também voa em nuvem (em bando), enquanto o segundo é solitário. Estima-se que o mosquito-tigre-asiático chegue à Europa por volta de 2050, com as organizações do continente já demonstrando preocupação e pensando em táticas para combatê-lo uma vez que se espalhe.
Arboviroses e combate ao mosquito
De acordo com Luz, o calor faz com que os mosquitos se reproduzam e espalhem mais, aumentando o surgimento de arboviroses (doenças causadas pelo inseto). O aquecimento global trouxe as espécies para locais onde não habitavam, e, onde já estavam, seu número cresceu. No Brasil, isso gera mais preocupação em relação à dengue, com estimativas mais pessimistas apontando para epidemia do sorotipo 3 em 2024 por conta da presença de dois mosquitos.
Anteriormente, estudos conseguiam prever o aumento de casos e surtos, mas, em 2022, a chegada do A. albopictus mudou o cenário — em todas as regiões, menos no Norte, o primeiro trimestre do ano era o que trazia mais casos, com poucos em setembro. Luz afirma que isso não é mais verdade, com mais casos, gravidade e mortes por dengue também surgindo nos semestres mais tardios.
O cientista lembra que o combate mais eficiente na prevenção da dengue, que evita a proliferação do inseto, é em casa, verificando todos os locais que podem acumular água, como vasos, garrafas pet, caixa d’água e lixo. Educar as crianças da residência e obedecer a recomendações médicos caso seja infectado também são indicações importantes.
Vale lembrar que os sintomas da dengue são dor abdominal, vômito e sangramento na boca, estes últimos já aparecendo quando o caso está ficando grave. Outros podem ser febre, manchas vermelhas no corpo, falta de apetite, dores nas articulações, atrás do olhos e na cabeça. Também há preocupação, segundo Luz, com a chikungunya, que tem causado choque e morte no Paraguai, o que preocupa as autoridades de saúde do Brasil para este ano e o próximo. A infecção pode matar em até cinco dias sem cuidados.
Fonte: Folha de S. Paulo