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Dengue e zika deixam seu cheiro mais atraente aos mosquitos, segundo estudo

Por| Editado por Luciana Zaramela | 01 de Julho de 2022 às 10h10

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Wikilmages/Pixabay
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Os vírus da dengue e da zika alteram o odor de ratos e humanos que infectam, segundo estudo publicado na revista Cell na última quinta-feira (30). A modificação no cheiro, segundo os cientistas, atrai mais mosquitos ao animal hospedeiro, o que melhora a transmissão do patógeno ao ajudar no espalhamento de sangue infectado.

A dengue é espalhada por mosquitos em áreas tropicais do planeta, e, às vezes, em áreas subtropicais. O vírus normalmente causa febre, erupções cutâneas e dores, mas pode chegar a causar hemorragias e até morte. Mais de 50 milhões de casos de dengue são reportados todos os anos, resultando em 20.000 mortes, a maior parte de crianças.

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A zika, também propagada pela picada de mosquitos, é da mesma família da dengue, e, apesar de não costumar causar problemas sérios em adultos, pode resultar em microcefalia caso infecte grávidas, como vimos nos últimos anos no Brasil. A febre amarela, a encefalite japonesa e o vírus do Nilo Ocidental também compartilham parentesco com esses vírus.

Em regiões com invernos rigorosos, surtos de tais doenças costumam ser interrompidos com o cair das temperaturas, já que, sem hospedeiros ou mosquitos para servir de vetor, os vírus não conseguem se espalhar. Em climas tropicais como o brasileiro, no entanto, sempre há mosquitos: e agora os cientistas parecem ter descoberto mais uma maneira pela qual os patógenos aumentam sua dispersão.

Mosquitos, cheiros e vírus

Equipes de universidades e organizações japonesas observaram que tanto a malária quanto inflamações generalizadas mudam o odor dos pacientes, e suspeitaram que a dengue e a zika pudessem fazer o mesmo. Testando para ver se os mosquitos preferiam camundongos infectados ou saudáveis, eles descobriram que os roedores com dengue atraíam mais insetos.

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Analisando, então, as moléculas de odor na pele dos camundongos, os cientistas notaram algumas mais comuns nos animais infectados, testando-as individualmente. Aplicando-as em ratos saudáveis e nas mãos de voluntários humanos, os pesquisadores descobriram que a acetofenona, uma molécula odorífera, atraía bastante os mosquitos. O odor da pele de humanos infectados, quando analisado, também mostrava uma produção maior de tais moléculas.

A acetofenona é fabricada por bacilos que crescem na pele de humanos e camundongos, mas normalmente são suprimidos por peptídeos antimicrobianos produzidos pelo corpo. Quando ocorre a infecção por dengue e zika, no entanto, o organismo não produz tantos peptídeos, e o vírus consegue se proliferar mais rápido. Isso, dizem os cientistas, pode ser o segredo da persistência dos vírus de mosquito por períodos tão longos.

Além da descoberta, os pesquisadores também testaram uma droga preventiva: os camundongos foram injetados com um derivado da vitamina A, a isotretinoína, que aumenta a produção de peptídeos pela pele. Com ele, os roedores produziram menos acetofenona, e reduziram sua atratividade aos mosquitos. O próximo passo é analisar os mesmos efeitos em humanos, e verificar se as descobertas se aplicam no mundo real, fora de ambientes controlados.

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Fonte: Cell