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HQs e super-heróis | Fim de saga dos X-Men e Death Metal são destaques do mês

Por| 06 de Dezembro de 2020 às 11h00

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Marvel
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O que aconteceu de mais relevante no mercado de quadrinhos norte-americano? A resposta está aqui, com uma lista resumida das principais edições lançadas em novembro, especialmente da Marvel Comics e DC Comics.

Vale lembrar que, a cada semana, o mercado gringo recebe muitas edições, então, as “escolhidas” abaixo contam com um resumo rápido e alguns comentários. Várias dessas novidades chegarão ao Brasil muito em breve; e o objetivo aqui é também chamar atenção para coisas que têm grandes chances de influenciar as adaptações para TV e cinema. Você sempre pode acompanhar os lançamentos lá fora por meio do site Comic List.

Então, vamos lá, lembrando que este conteúdo traz uma boa dose de spoilers! Fique avisado.

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DC Comics

Dark Nights: Death Metal #5

Bem, estamos finalmente perto da conclusão da história. Embora as dezenas de histórias conectadas com diferentes versões dos mesmos personagens em reinvenções malucas (a mais recente foi de um Batman-Lobo versus Lobo) sejam divertidas de ler, acompanhar tudo de Death Metal é uma tarefa bastante exaustiva. Ainda assim, vale a experiência, principalmente por se tratar de um projeto tão ambicioso e autêntico dentro de uma major.

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Bem, a história abre com um “Batman-Castelo” enfrentando a Trindade. Superman é contido por um compartimento com partículas de sol vermelho, enquanto Mulher-Maravilha e Batman com o anel dos Lanternas Negros tentam deter a ameaça. Eis que, finalmente, Lex Luthor aparece com proeminência na batalha — ou o que restou dele, em um misto de monge com resquícios de Brainiac. Leiam novamente o que acabei de escrever: sim, é deste nível de absurdo, diversão e cafonice que estamos falando, na melhor tradição DC — adoro.

Em seguida, sob a liderança de Luthor, a Trindade revigora o pacto de amizade em um momento tocante. Quando a Mulher-Maravilha reconhece que estava errada e deve realizar o plano de Luthor, ela pede o apoio de seus melhores amigos e que lhe digam a verdade. Superman está mais falível e sabe que nunca mais será tão poderoso quanto antes; Batman revela que, na verdade, morreu há bastante tempo — daí a razão dele poder controlar a Tropa dos Lanternas Negros.

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A edição segue para o ápice com uma emocionante convocação à guerra, com direito a Superboy Prime e Bizarro ao lado de Superman e Ciborgue Superman; as Tropas Sinestro, dos Lanternas Vermelhas e Safiras Estrelas juntas; Black Adam, Monstro do Pântano e vários outros vilões e heróis de todas as eras se unem para vencer Perpetua e o Batman Que Ri evoluído na entidade Darkest Knight.

Mas eis que, na última página, todos veem quem serão seus inimigos: a população de suas próprias variantes existentes em todas as 52 Terras do Multiverso DC.

DCeased Dead Planet #5 e DCeased Hope at World’s End #13

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Aqui está uma história que é divertida, mas que se perde no meio da salada caótica que é o outro grande evento atualmente vigente nos títulos mensais da DC Comics — Dark Nights: Death Metal. Já havia comparado as tramas dessas duas minisséries com algo muito semelhante com o que aconteceu na animação Liga da Justiça Sombria: Guerra de Apokolips.

Os eventos e as alianças formadas na história se assemelham muito, de forma que dá até para imaginar que, na verdade, é uma adaptação da animação com uma abordagem mais ampla. Para completar, em DCeased Hope at World’s End #13, a própria narrativa lembra muito um desenho para a TV, o que deixa a história toda ainda mais parecida com o que aconteceu em Liga da Justiça Sombria: Guerra de Apokolips. Se você não viu este último, pode ser mais divertido, mas a sensação é mesmo de já ter lido tudo isso — e esses lançamentos todos soam como desnecessários com um evento como Dark Nights: Death Metal comendo solto por aí.

Sweet Tooth - The Return #1

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A série que colocou o roteirista e ilustrador Jeff Lemire nos holofotes ganha, a partir deste mês, um tratamento de luxo. Para quem não conhece, Sweet Tooth mostra a Terra devastada pelo evento conhecido como “Flagelo”. As crianças nascidas após essa pandemia que dizimou bilhões são de uma nova espécie híbrida, entre humanos e animais — a exemplo do protagonista Gus, uma mistura de garoto com cervo.

A história será republicada com cenas extras pelo selo adulto Black Label, o que significa que terá um tratamento editorial mais sofisticado na impressão e poderá tocar em assuntos mais polêmicos e perturbadores. Se alguém ainda não tinha certeza de que essa nova frente editorial da DC Comics vem mesmo para substituir de vez o Vertigo, acho que agora não há mais dúvidas. Vale destacar que esses encadernados devem vender bastante quando Sweet Tooth ganhar as telinhas, já que há um projeto de adaptação rumo à Netflix, sob o comando de Robert Downey Jr.

Rorschach #2

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Aqui vemos mais uma parte da trama que coloca investigadores em uma teoria da conspiração envolvendo um dos mais populares personagens de Watchmen. A trama segue o estilo realista e retrô, assim como a arte. Mas o mais importante a ser dito sobre edição — e é por isso que ela está em destaque por aqui — é que, assim como o número de estreia, há algumas referências diretas á série Watchmen da HBO.

Oficialmente, nem o material promocional, a editora ou os autores haviam dito que esta minissérie teria ligações com a trama da TV. Contudo, como o próprio roteirista Tom King despistou recentemente que sua história "não ignora os eventos da série da HBO", fica claro que o enredo é ambientado após o que aconteceu nas telinhas. Então, se você gostou da série e esperava por uma continuação, aqui está — embora, com o título bem mostra, o foco seja mesmo em Rorschach. Sigo acompanhando.

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The Other History of DC Comics #1

Toda vez que uma major aposta em projetos autorais que lembram histórias criadas no mercado independente, é preciso dar destaque e bater palmas — especialmente quando o material tem um nível superior de escrita e arte. É o caso desse projeto de John Ridley, roteirista oscarizado de 12 Anos de Escravidão, que celebra os 80 anos da DC Comics a partir de diferentes perspectivas.

Ok, Marvels também costuma fazer isso, mas aqui a narrativa lembra mais um livro ilustrado e tem, além de um texto excepcional de Ridley, uma proposta de observação que valoriza a diversidade. A série limitada em cinco edições e mostra os principais eventos da DC no olhar de duas gerações de heróis. Começa no começo dos anos 1970, com Jefferson Pierce, o Raio Negro; e atravessa os anos 2000, com sua filha, Anissa.

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O relato sentimental e primoroso, com uma visão mais “comum” sobre deuses na Terra, na visão de dois heróis negros, é algo muito bonito de ver — e necessário. A arte de Giuseppe Camuncoli (Hellblazer, Homem-Aranha), Andrea Cucchi (Superman, Batman) e Jose Villarubia (Homem-Aranha: O Reino) só engrandecem o projeto.

Marvel Comics

A conclusão de X of Swords

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Este foi um dos eventos mais incríveis, complexos e criativos já visto em toda a trajetória dos X-Men. Só para lembrar — e tentar resumir da forma mais simples possível —, X of Swords é uma competição interdimensional entre os "Campeões de Krakoa", representados pelos X-Men e associados, contra os "Campeões de Arakko". O prêmio é a própria realidade em si, já que Arakko é um fragmento da ilha viva onde os mutantes atualmente chamam de lar. Como Arakko está fora de nosso plano de existência, o que está em jogo é uma invasão à nossa Terra e a própria extinção de nossos heróis e vilões, já que o processo de ressurreição introduzido desde as primeiras edições na fase da Jonathan Hickman começam a falhar. E a razão disso é a própria conexão com o Otherworld, onde fica Arakko.

Até o capítulo 10, o que se vê é a apresentação de diversos novos personagens, os protocolos de estadia, preparação e apresentação da competição entre os campeões de cada lado. Isso envolve banquetes, muitas intrigas e fofocas de bastidores e até um casamento entre o Cifra e uma entidade da Otherworld. Embora seja uma história longa de acompanhar em 22 partes, o lançamento nos Estados Unidos percorre a chegada semanal de trechos nos vários títulos mutantes. Então, a leitura não chega a ser assim complicada, mas é bom ler em sequência, para não perder o clima e o fio da meada.

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Resumindo os combates, os Campeões de Krakoa são rapidamente superados pelos de Krakoa na tabela da pontuação. Isso porque cada batalha conta com regras específicas, e algumas delas são bem malucas — a de Wolverine, por exemplo, envolve bebida; enquanto a de Magia tem até uma queda de braço com um ser metade que lembra uma mistura de um crocodilo com o Goro de Mortal Kombat. Mas o que de mais importante acontece em toda a trama é o posicionamento político dos X-Men entre seus próprios pares.

Tanto Jean Grey quanto Scott Summers, que ficaram em Krakoa, refletem sobre um pedido de ajuda de Nathan, o jovem Cable a quem eles consideram como um filho. Isso faz com que Ciclope queira invadir o Otherworld e acabar a competição, o que vai contra o Conselho Silencioso vota. Como os X-Men vão contra a decisão de Exodus, Senhor Sinistro, Sebastian Shaw, Mística, Magneto e do próprio Professor Xavier, eles passam a ser párias em sua própria nova nação. Em uma cena emocionante, Scott diz a Xavier: "Você formou o Conselho Silencioso para governar Krakoa. Bem... Os X-Men são heróis. E salvaremos aqueles que precisam de ajuda. Custe o que custar".

Dessa forma, os X-Men que ainda não estavam no Otherworld, liderados por Ciclope, invadem o local e entram na trocação franca com todas as criaturas do local. A batalha é brutal e envolve seres antigos que lembram Chtulhu. Com a ajuda de todos, nossos heróis chegam à vitória, especialmente porque Apocalipse derrota sua ex-esposa e assume uma nova forma, com a máscara de Gênese, tornando-se uma perigosa e instável entidade, chamada de Aniquilição. Para evitar a corrupção total desse ser, Apocalipse/Aniquilição se rende, o que meio que acaba tudo em um empate.

Mas, como tudo tem um custo, um mutante de nossa realidade precisa ficar por lá. Assim, Apocalipse decide permanecer em Arakko — o que pode significar um problema no futuro. E, agora, os X-Men, que nem mesmo poderão mais usar esse nome na Terra, voltam como rebelados. Mais uma vez, Hickman criou uma divertida e emocionante história, que, embora aparentemente seja complicada de seguir, é muito mais simples de compreender do que suas tramas antreriores nesta fase dos mutantes.

A história deve funcionar melhor em um encadernado, mas mostra que a Marvel Comics ainda aposta em diferentes modelos de publicação e distribuição, já que as 22 partes foram espalhadas por todos os títulos mutantes e em dois especiais, de abertura e conclusão. Isso lembra bastante como as sagas eram impressas nos grandes eventos dos X-Men nos anos 1990. Estou ansioso para o que vem por aí, já que Reino X promete colocar os X-Men contra o próprio Conselho Silencioso em Krakoa.

Web of Venom - Empyre’s End #1

Ainda não consigo enxergar Venom e a mitologia dos simbiotes criadas recentemente como uma das franquias “AAA” da Marvel Comics, mas é isso o que vem acontecendo nos últimos anos — muito por causa de boas histórias de Donny Cates, é verdade, mas os personagens e a “forçação de barra” para inserir os elementos dessa trama na história do Universo Marvel incomodam um pouco.

De qualquer forma, a Casa das Ideias terá como “evento de virada de ano” uma saga que envolve o rei sombrio dos simbiontes, Knull. E, para fazer a transição do fim do evento Empyre para o início de King in Black, esta edição mostra Knull e sua trupe avançando pelo cosmos, enquanto domina uma frota Kree/Skrull nos confins do universo. Embora o enrendo tenham uma interessante homenagem ao horror espacial de Aliens, serve mesmo apenas para fazer a “ponte” entre um evento e outro.

Thor #9

“Para onde vai Donald Blake quando Thor toma seu lugar?” Essa era uma pergunta recorrente quando o Deus do Trovão tinha uma “avatar terrestre”, o médico que, ao bater seu cajado no chão, transformava-se no asgardiano, munido do Mjolnir. Aqui, Odinson segue na busca por respostas para descobrir o que aconteceu com seu famoso martelo — e a magia geral em Asgard —, que anda estranho.

Até agora, a trama serviu para posicionar Loki como um “vilão reformado” de vez, mais como um herói mesmo — chamá-lo de anti-herói atualmente seria até uma maldade com o Deus da Trapaça. A grande revelação desta edição? Bem, quando Thor está no lugar de Blake, o médico vive um simulacro de realidade “feliz” em looping — no estilo do filme O Show de Truman. Mas, Blake descobriu isso e, agora, não está nada feliz.

Avengers #38

Depois que o Cavaleiro da Lua consegue eliminar a ameaça de Mefisto com as forças de Konshu, ele é convidado pelo Pantera Negra para fazer parte da equipe — mas declina do convite. Enquanto isso, Homem de Ferro, Capitão América e Capitã Marvel descobrem que Mefisto vem arquitetando uma guerra multidimensional com várias de suas versões no Multiverso.

Para completar, a Força Fênix está de volta, assim como elementos de narrativa dos Vingadores Pré-Históricos. Aliás, vemos algo interessante acontecendo: em um futuro distante, temos o retorno do Old Man Logan possuído pela Força Fênix e Doutor Destino no lugar de Ego, o Planeta Vivo. Isso indica que o crossover que vem por aí, que vai reunir novamente os X-Men e os Vingadores, terá Wolverine e Doutor Destino como peças muito importantes na trama. A conferir.

Destaques de outras editoras

The Walking Dead Deluxe #2 (Image)

Depois de seu término, toda a série vem sendo relançada em um formato luxuoso e colorido. Isso por si só já é uma boa razão para você reler a saga, até porque algumas sequências e detalhes de personagens realmente ganham uma outra dimensão com cores. Contudo, além de novas capas e ilustrações, uma das coisas mais legais em cada uma da novas edições são o materiais de bônus.

Aqui, por exemplo, vemos a proposta original enviada por Robert Kirkman para a Image Comics, em novembro de 2002. É muito interessante acompanhar o processo criativo e como funciona os trâmites editoriais até que uma boa ideia seja publicada. Indicado para novos fãs e veteranos.

Dune - The Graphic Novel, Book 1 (Abrams Comic Arts)

A clássica saga de Frank Herbert nunca foi esquecida e sempre é revisitada, tanto é que em breve ganharemos mais uma adaptação para os cinemas — desta vez com a alta expectativa criada pelo visual criado por Denis Villeneuve, que carrega um currículo invejável de produções aclamadas pela audiência e pela crítica. Como o filme chega no ano que vem, nada como oferecer uma interpretação gráfica que seja um bom ponto de entrada para os novatos e um ótimo “lembrete” para os veteranos.

Com curadoria, criação do projeto gráfico e textos do próprio filho de Herbert, Brian, este álbum de luxo com 181 páginas explica de maneira bastante digerível o início da trajetória de Paul Atreides e a mudança de sua família para o planeta Arrakis. Os diálogos de Atreides fora atualizados para que o jovem se pareça mais com alguém de nosso tempo, sem exageiros e maneirismos modernos, claro. E a trama facilita a compreensão sobre como funcionam as causas feudais dessa sociedade, assim como o conflito entre elas.

Como Duna sempre teve grande apelo visual, há um cuidado especial com a identidade visual e as cores quentes das dunas de Arrakis. Além disso, os trajes, aposentos, cenários e personagens têm seus elementos e trejeitos próprios, característicos da trama original. Candidato a um dos melhores presentes de Natal, pena que ainda não tem previsão de lançamento no Brasil.

Teenage Mutant Ninja Turtles: The Last Ronin #1 (IDW)

Esta talvez seja a publicação mais relevante das Tartarugas Ninja nas últimas décadas. Tudo bem que a franquia sempre se dá bem em animações na TV, mas nos quadrinhos muita gente sente falta da pegada original — violenta e sombria, bastante diferente das versões mais ensolaradas fora das HQs. Eis que os criadores Peter Laird e Kevin Eastman decidiram satisfazer essa parcela do público com uma trama que vai de encontro com as raízes dos quelônios mutantes.

Aqui, estamos em uma Nova Iorque futurista e distópica, em uma Manhattan cercada por muros e inundada pela criminalidade. Somente um dos quatro Tartarugas Ninja permanece vivo e, para celebrar seus irmãos, veste a cor preta e usa todas as armas de seus falecidos entes queridos. Ao longo da trama, descobrimos que o quelônio remanescente é Michelangelo, bem menos sorridente que outrora.

A arte de Esau e Isaac Escorza lembra os paineis oitentistas, o que faz muito sentido, já que os layouts foram produzidos pelo próprio Eastman. A história tem cinco partes, então fico de olho por aqui como será a continuação.

Até a próxima!

Obviamente, não dá para comentar tudo o que saiu no mercado norte-americano nas quatro semanas anteriores, mas essas edições são as que mais fizeram barulho em outubro e prometem ter relevância nas editoras (e em suas outras mídias) nos próximos meses.

Continuem lendo as matérias de quadrinhos e toda a cultura pop aqui do Canaltech. A coluna volta já no ano que vem, no primeiro domingo de 2021, no dia 3 de janeiro. Portanto, feliz Natal e Ano Novo para todos! E quem quiser me acompanhar no Twitter e saber das matérias relacionadas que saem durante o período, é só me seguir no @clangcomix. Até logo!