Para onde vão as pessoas nas ruas durante as batalhas de super-heróis?
Por Claudio Yuge | •
Quando super-heróis enfrentam vilões nos grandes centros urbanos — e isso acontece bastante —, os olhos estão voltados para a batalha, com um show de exibição de poderes e, na maioria das vezes, pancadaria. Mas para onde vão as pessoas normais, como eu e você, durante esses confrontos titânicos, capazes de demolir quarteirões inteiros? Bem, a revista Marvel Snapshots: Avengers #1 responde a essa pergunta com mais detalhes do que outras histórias parecidas, como Marvels.
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Enxergar o universo dos super-heróis Marvel e DC sob as perspectivas dos cidadãos não é coisa nova, como sabemos. Além de Marvels, há vários outros títulos que abordam uma visão mais crua e realista. Mas em Marvel Snapshots: Avengers #1, de Barbara Randall Kesel, Staz Johnson, Tom Palmer, Jim Charalampidis e Ariana Maher, os autores decidiram dar uma explicação verossímil para o que acontece com a multidão durante as batalhas de superseres.
Atenção: abaixo estão spoilers sobre Marvel Snapshots: Avengers #1
O gibi conta pequenas histórias pessoais dos “bastidores” dos conflitos, em uma linha bastante semelhante à de Kurt Busiek e Alex Ross em Marvels. E, nesta edição, o centro do enredo são Kerry, uma paramédica de ambulância novata na cidade de Nova Iorque; e Jay, também “verde” na posição de policial. Ambos acabam no meio de uma grande batalha entre os Vingadores e um robô gigante no meio da Big Apple e, claro, eles estão ali para a ajudar a salvar o maior número de pessoas ao redor do confronto.
E é aí que a questão inicial é respondida.
Oficiais têm “bunkers” específicos para batalhas entre superseres
A novidade por aqui é que os agentes de emergência, depois de anos vivenciando lutas que destroçam a cidade, criaram um protocolo de proteção de transeuntes. Ao menor sinal de perigo, eles levam as pessoas para um local seguro, chamado de Instalações de Proteção de Segurança Pública — carinhosamente chamado pelos paramédicos de “bunkers de batalha” e pelos policiais de “abrigos de estilhaços”.
São construções onde os cidadãos são levados para avaliação e tratamento. Embora boa parte das pessoas que vão parar ali agradeçam por serem salvas, há uma grande parcela que reclama do tempo desperdiçado ou do perigo a que ficaram expostos enquanto estavam no caminho para o trabalho. Todos os resgatados ficam nesses lugares até que os próprios super-heróis apareçam para ajudar.
Esses locais existem graças a Tony Stark, que usou a Stark International para montar as instalações e supervisionou pessoalmente o projeto, para que as Instalações de Proteção de Segurança Pública fossem o mais seguras possível — capazes de aguentar um faniquito do Hulk, por exemplo. A ideia veio depois que os primeiros abrigos desse tipo foram improvisados em túneis de metrô, após um maremoto invadir a cidade durante a clássica batalha entre o Namor e o Tocha Humana original. E, embora a solução seja eficiente, Kerry admitiu que nem todos os “bunkers de batalha” são grandes o suficiente para abrigar a população em crises massivas.
Relatos pessoais
A história também traz as experiências dos oficiais com esses abrigos. Kerry diz que sua primeira vez foi quando os Vingadores lutaram contra o Conde Nefária e as instalações não eram grandes o suficiente para manter todos seguros. Como resultado, muitas pessoas ficavam paradas nas calçadas, ao lado dos policiais, reclamando da interdição das vias públicas e dos metrôs.
Centenas de cidadãos sequer davam muita bola para o que estava acontecendo ou a possibilidade de morrerem no meio do conflito. “É assim que é morar na cidade de Nova Iorque”, disse uma transeunte a Kerry, em sua experiência inicial nos protocolos de segurança das pessoas durante batalhas de vilões e super-heróis.
Já Jay acrescentou uma crítica interessante a Tony Stark, justamente em seu primeiro resgate. Enquanto o Homem de Ferro falava sobre como os super-heróis estavam cuidando das pessoas e lutando para proteger a cidade, Jay disse a Stark que os oficiais da prefeitura não têm armadura, mas também fazem o mesmo papel. E deu uma bronca no Vingador: “dois minutos que um super-herói tirar de seu tempo para nos ajudar pode ser a diferença entre a vida e a morte de alguém”.
No final, além de responder uma pergunta curiosa, a trama reforçou o que já sabemos: pessoas “comuns” são capazes de salvar tantas vidas e realizar proezas até mais importantes do que os feitos fantásticos protagonizados por superseres com trajes colantes coloridos. Ou seja, nem todo herói usa capa.
*Com informações do CBR.