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Crítica | Justice League Dark: Apokolips War encerra com louvor trama estendida

Por| 11 de Maio de 2020 às 21h15

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A Warner Home Video encerrou um ciclo em seu “miniuniverso compartilhado” de animações da DC Comics, o chamado DC Animated Movie Universe (DCAMU), com o lançamento de Justice League Dark: Apokolips War — a versão nacional Liga da Justiça Sombria: A Guerra de Apokolips chega ao Brasil na semana que vem, dia 19, tanto em distribuição digital quanto em discos físicos para encomenda. Como o nome diz, o foco é na divisão “mágica” da equipe, contudo, é um apanhado de todas as principais histórias que a companhia desenvolveu ao longo de sete anos. E o resultado é muito bom, um ponto final com mérito.

Antes de falar sobre essa animação em si, é preciso lembrar um pouco o que a Warner propôs com essas tramas para adultos em forma de desenhos animados. Em 2013, todo o conglomerado tinha planos de sincronizar um universo compartilhado amigável aos novos fãs, mirando o sucesso que a Marvel vem tendo desde que fez o mesmo entre seus filmes, quadrinhos e atrações para a TV. Assim, a Warner aproveitou a saga Flashpoint, que inaugurou os Novos 52 na DC Comics, para ser o início dessa nova jornada.

Atenção! Este texto pode conter spoilers leves sobre Justice League Dark: Apokolips War.

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Liga da Justiça: Ponto de Ignição chegou em 2013. Em seguida, vimos o primeiro encontro dos heróis rejuvenescidos em Liga da Justiça: Guerra (2014). Vale destacar que, assim como nos Novos 52, algumas propriedades sofreram alterações profundas. O Superman, por exemplo, ficou muito mais jovem, rebelde, impulsivo e inconsequente. O Ciborgue passou a incorporar sua origem revisada, com Caixas Maternas anexadas ao seu corpo. Alguns personagens apresentaram menos mudanças, a exemplo de Batman e do Lanterna Verde Hal Jordan, enquanto outros passaram por transformações radicais.

Desde então, foram lançados 16 títulos, com direito a alguns derivados, a exemplo de O Reino dos Supermen (2019). Entre as adaptações estiveram vários clássicos, como O Contrato de Judas (2017), dos Novos Titãs, e A Morte do Superman (2018); e tramas mais novas, envernizadas com toques de elementos para a audiência moderna, a exemplo de aventuras do Esquadrão Suicida (Acerto de Contas —2018), Constantine (Cidade dos Demônios — 2018), Mulher-Maravilha (Linhagem de Sangue — 2019), entre outros.

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Só que os Novos 52 foram considerados um grande erro na DC Comics e, basicamente, quase tudo que foi introduzido por esse reboot ficou para trás com o projeto Renascimento, em 2016. Assim, o DCAMU, mesmo sendo uma boa versão dos Novos 52, começou a ficar com os dias contados — o que permitiu, na verdade, que os produtores pensassem em uma conclusão digna para o que vinham fazendo desde 2013.

E assim chegamos a Justice League Dark: Apokolips War. Como dá para notar pelo título, a história junta tanto a “Série A” da Liga da Justiça quanto o seu braço mágico. Superman, incomodado com a invasão de Darkseid em Liga da Justiça: Guerra, acredita que somente uma ação proativa pode salvar a Terra. Então, ao lado de toda a equipe, inclusive com John Constantine e Zatanna, o kryptoniano traça um plano de invasão em Apokolips — mas muita coisa dá errado, o que obriga os heróis da Terra a se desdobrarem para sobreviver em um mundo em que os heróis perderam.

Produção entrosada

Embora todo o nascimento do DCAMU tenha sido basicamente comandado pelo diretor Jay Oliva, foi Sam Liu quem manteve o fôlego do projeto quando Oliva deixou as animações desse setor em 2017, com Liga da Justiça Sombria. Liu, que já havia feito um ótimo trabalho na conversão de Grandes Astros: Superman, evitou os erros que cometeu em Batman: A Piada Mortal e, em vez de inventar moda, concentrou-se em aspectos básicos de cada trama e personagem.

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Além disso, ele se aproveitou do fato de ter em mãos equipes técnicas e atores já bastante familiarizados uns com os outros — o que é realmente a grande vantagem de se trabalhar em um universo compartilhado. Assim, quando vemos os integrantes do Esquadrão Suicida ou da Liga da Justiça interagindo, tudo flui mais naturalmente, pois são basicamente todos os mesmos dubladores atuando juntos.

Isso ocorre com Nathan Fillion (Lanterna Verde), Rosario Dawson (Mulher-Maravilha), Jason O’Mara (Batman), Christopher Gorham (Flash), Shemnar Moore (Ciborgue) e outros da Liga da Justiça. Vale destacar que a equipe tinha outros dubladores em Flashpoint Paradox, como Kevin Conroy e Michael B. Moore, mas decidiu trocá-los justamente para manter um time fixo somente para o DCAMU. E ainda tem um bônus, porque Matt Ryan, que faz o papel de Constantine, é também o mesmo intérprete do bruxo de rua nas séries live-action da TV.

O ponto fraco fica para os Novos Titãs, que, embora tenham mantido os mesmos atores ao longo dos anos, não parecem ter tido tanto êxito na “química” entre os personagens. Talvez porque tenham tido que lidar com o crescimento dos adolescentes nas animações em uma linha do tempo um pouco confusa nesses sete anos de projeto. Mas, em geral, o que você vai ver é algo bem “redondinho”, com um nível de dramatização e ação acima da média. Aguarde até por momentos tocantes, quando fica difícil não suar pelos olhos.

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Constantine rouba o espetáculo

Há anos Matt Ryan está muito à vontade no papel de Constatine. Ainda que Keanu Reeves tenha agradado, Ryan é para o personagem o que Hugh Jackman ou Ryan Reynolds são para Wolverine e Deadpool, respectivamente. Ele tem o mesmo estilão britânico de rua que sua fonte e há até uma brincadeira sobre isso durante o encontro com o australiano Bumerangue, do Esquadrão Suicida.

Como já dava para notar em Liga da Justiça Sombria e Constantine: Cidade dos Demônios, duas das animações que também fazem parte do DCAMU, a Warner queria mesmo aproveitar mais a popularidade e desenvoltura de Ryan. E aqui o personagem é essencial para tudo o que acontece durante a aventura.

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Só que, assim como aconteceu quando Constantine saiu do selo adulto Vertigo para o Universo DC tradicional, vemos uma caracterização mais “heroica”. Ou seja, em vez daquele trágico beberrão marginal que conta os dias enquanto salva a humanidade com perdição, vemos seu lado mais ensolarado e briguento. Aliás, você provavelmente nunca viu um Constantine tão lutador quando este.

De qualquer forma, o núcleo dele é mantido graças a Ryan. E, de toda essa empreitada do DCAMU, a Liga da Justiça Sombria foi a que mais saiu fortalecida entre os fãs. Talvez isso tenha sido mesmo intencional, pois essas propriedades vêm se aquecendo na TV nos últimos anos, com a chegada de Patrulha do Destino e Monstro do Pântano e um novo projeto em desenvolvimento no vindouro HBO Max.

Boa integração entre todas as tramas

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Diferente com o que acontece no zoado Multiverso DC, o DCAMU sempre manteve menos linhas de narrativa justamente para que os criadores tivessem controle sobre os eventos. Assim, dá para ver que tudo foi planejado meticulosamente nos últimos anos para que chegássemos até aqui. Tudo o que recebeu destaque em cada um dos principais lançamentos da Liga da Justiça, dos Novos Titãs, do Esquadrão Suicida e da Liga da Justiça Sombria ganha um ponto final adequado.

O eterno romance de Lois e Clark, com uma versão mais jovem e inconsequente; a relação conturbada de pai e filho entre Bruce e Damian Wayne; o flerte adolescente entre o Robin Damian Wayne e Ravena; a “humanização” de Harley Quinn como a divertida líder do Esquadrão Suicida; a redenção de Constantine através de seu amor por Zatanna; e as difíceis escolhas do Flash Barry Allen.

Há vários easter eggs e participações especiais, que vão arrancar sorrisos dos leitores hardcore. E se você assistir todas as 16 animações do DCAMU, vai notar que cada sementinha plantada foi alimentada e colhida de maneira adequada, com um momento de conclusão para cada uma delas — e isso é reconfortante, pois estamos mesmo vendo uma história com começo, meio e fim.

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Vale a pena?

É muito recomendado, tanto para os veteranos quanto para os fãs mais novos, porque tanto Oliva quanto Liu respeitaram bastante o que faz sucesso nos quadrinhos. E como ambos tiveram a vantagem de acompanhar a reação dos leitores sobre os Novos 52, tanto as boas quanto as ruins, puderam se concentrar em aspectos clássicos e também no que vingou na tentativa de reboot da DC Comics.

Assim como aconteceu no filme Vingadores: Guerra Infinita, vemos aqui uma rara oportunidade de ver o que ocorre com os heróis quando eles perdem uma batalha. E é nesses momentos mais difíceis que eles se sobressaem. E Justice League: Apokolips War entrega o que a DC faz melhor em sua tradição de grandes eventos: mostrar versões dos mesmos personagens que todos amam, mas sob diferentes perspectivas.

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Você vai ver os maiores castigos que o Batman e o Superman já receberam, e como eles lidaram com isso. Ainda que alguns momentos sejam piegas, é um ponto final cíclico, adequado para um dos projetos mais ousados da Warner Home Video. E, assim como os outros títulos do DCAMU, é feito para os fãs adultos. De quebra, representa um novo início para os próximos lançamentos.