O que é som espacial (áudio 3D)?
Por Renan da Silva Dores • Editado por Léo Müller |
O áudio espacial é uma tecnologia preparada para tentar representar com mais fidelidade em jogos, filmes e série a maneira como ouvimos os sons do ambiente, proporcionando uma experiência mais imersiva. Há uma variedade de tipos de som espacial, com o destaque indo para o Dolby Atmos e o DTS:X, dois dos mais populares e avançados disponíveis atualmente.
- O que é o Cancelamento de Ruído Ativo (ANC)?
- O que são e quais os tipos de drivers de fone de ouvido?
O que é som espacial?
As tecnologias de som espacial trabalham com algoritmos que buscam replicar o áudio de uma produção (filme, série, videogame) em uma espécie de "ambiente 3D" ao redor do usuário, motivo pelo qual também são conhecidas como tecnologias de áudio 3D.
Os métodos mais "simples" operam com som surround e utilizam diferentes caixas de som, referidas como canais, para lidar com faixas de frequência (graves, médios e agudos) ou mesmo com diferentes fontes de áudio (um helicóptero, um carro, as falas de personagens, etc.).
As soundbars, os home theaters e até mesmo os sistemas de som das TVs mais avançadas são os dispositivos preparados para trabalhar com som surround — você pode notar que, ao citar o número de caixas de som, há a menção dos canais. Um aparelho com 7.1 canais, por exemplo, separa os tweeters (os speakers dedicados a sons médios e agudos, representado pelo número 7) do woofer (focado em graves, indicado pelo 1).
Há ainda as soluções mais avançadas, que de fato trabalham para criar uma "esfera de som" ao redor do usuário, usando algoritmos para rastrear a posição dos objetos do conteúdo exibido em relação à posição da cabeça do ouvinte. Neste caso, não apenas há um número maior de canais (virtuais por aqui, já que são simulados pelo algoritmo), como ainda é possível aproveitar o recurso com fones de ouvido tradicionais.
Duas das soluções mais populares são o Dolby Atmos e o DTS:X, ambos usados em dispositivos que vão dos celulares a computadores e TVs. O funcionamento de ambas é similar, mas cada uma possui particularidades e, na verdade, não são a mesma coisa.
As diferenças entre Dolby Atmos e DTS:X
Desenvolvido pela Dolby, o Dolby Atmos é um conjunto de dados transmitidos nos arquivos de áudio, responsáveis por "dar instruções" ao dispositivo de como cada faixa de som deve ser reproduzida para gerar o efeito 3D.
O Atmos não é um codec, ou seja, não é responsável pela compressão desses arquivos — outras tecnologias da Dolby são usadas para esse fim. Fora isso, também é preciso haver speakers voltados para o teto, para que o som possa rebater e criar a ambientação tridimensional.
Por sua vez, preparado pela DTS, o DTS:X segue o caminho contrário ao ser justamente um codec. A empresa afirma que é possível remapear a posição espacial conforme as caixas de som do usuário, o que eliminaria a necessidade dos speakers posicionados para cima.
Na prática, não há exatamente uma solução melhor que a outra, mesmo que haja algumas vantagens para cada. Além da flexibilidade, o DTS:X costuma ser associado com uma qualidade sonora um pouco superior, e é o padrão dos filmes em Blu-Ray, por exemplo.
Por outro lado, o Dolby Atmos tem suporte ao dobro de speakers virtuais para o ambiente 3D (64, contra "apenas" 32 do DTS:X) e, talvez o ponto mais importante, também é a tecnologia mais usada, estando presente em inúmeros celulares, tablets e notebooks.
Outras soluções de áudio 3D
Ainda que sejam as mais populares, o Dolby Atmos e o DTS:X não são as únicas soluções de som espacial de peso. A Apple foi uma das primeiras empresas a oferecer uma tecnologia proprietária, a Spatial Audio, cujo maior diferencial é o rastreamento contínuo da cabeça do usuário, para manter os speakers virtuais em locais fixos e assim manter a imersão.
Também tivemos uma movimentação similar no mundo dos consoles, com o Tempest 3D Audio Engine da Sony, implementado no PlayStation 5. O aparelho possui um processador dedicado para isso, e é flexível ao trabalhar tanto com fones de ouvido, quanto com os speakers das TVs e monitores.
Vale destacar ainda que a gigante japonesa também possui uma solução para sua linha de fones, o 360 Reality Audio, que opera de forma parecida com o Spatial Audio da Apple.
Falando em fones, muitas marcas têm trabalhado para desenvolver suas próprias soluções de áudio 3D, incluindo OPPO, Realme, Xiaomi e Vivo Mobile — essas empresas tentam oferecer uma opção que não exija que o conteúdo esteja otimizado para ser reproduzido em 3D, algo que é necessário em todos os outros casos.
Por fim, a Samsung e o Google colaboraram no desenvolvimento do Immersive Audio Model and Formats (IAMF), um rival direto do Dolby Atmos que tem como principais diferenciais a otimização de conteúdo em tempo real com Inteligência Artificial, bem como a ausência da necessidade de pagamento de royalties, tornando-se uma solução muito mais barata de implementar que o concorrente da Dolby.