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Qualcomm, Nvidia, Intel e AMD correm para botar IA no seu PC; saiba quem lidera

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Victor Lenze/Canaltech
Victor Lenze/Canaltech

As grandes fabricantes de chips — Intel, AMD, Qualcomm e Nvidia — apresentaram, ao longo do primeiro semestre deste ano, planos diferentes para colocar inteligência artificial em computadores com Windows. Na atual corrida pelo “PC com IA” definitivo, há empresas mais perto da linha de chegada do que outras.

Embora busquem o mesmo objetivo, cada fabricante tem a própria visão para o conceito de PCs com IA. Enquanto a Nvidia foca em máquinas com alto desempenho capazes de realizar tarefas muito exigentes, a Qualcomm busca eficiência energética em primeiro lugar, por exemplo.

Nas linhas a seguir, o Canaltech explica as visões de cada empresa e classifica os possíveis líderes da competição pela inteligência artificial nos computadores. Para entender melhor certas estratégias, conversamos com representantes de algumas das gigantes da tecnologia, como:

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  • Helio Oyama, diretor de Business Development da Qualcomm na América Latina;
  • Alexandre Ziebert, gerente de technical marketing da Nvidia na América Latina.

Buscamos também porta-vozes da Intel e da AMD, mas ambas as empresas não conseguiram participar da reportagem. Confira, logo abaixo, o atual estado da corrida pelos PCs com IA.

Qualcomm é referência em PCs Copilot+

A Qualcomm começou a investir pesado no mercado de processadores ARM para PCs, em 2024, com a plataforma Snapdragon X. Os novos chips miram no segmento de notebooks ultrafinos topo de linha e oferecem um coprocessador dedicado para tarefas de IA, conhecido como Unidade de Processamento Neural (da sigla em inglês NPU).

Os notebooks com IA equipados com Snapdragon X Elite e X Plus contam com 45 TOPS (trilhões de operações por segundo) de desempenho na NPU e permitem, por exemplo, rodar todas as ferramentas de inteligência artificial do Copilot+, da Microsoft, de forma local.

Apesar do diferencial da IA, os processadores da Qualcomm tem como maior vantagem a arquitetura ARM, que substitui a tradicional x86. Enquanto a x86 trabalha com peças independentes conectadas à placa-mãe por barramentos, os chips em ARM trazem todo o hardware (CPU, GPU e NPU) em um único sistema.

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Helio Oyama, diretor de Business Development da Qualcomm na América Latina, explicou ao Canaltech que a arquitetura ARM permite criar dispositivos com muita bateria, sem abrir mão do desempenho ou da portabilidade.

“O principal desafio da indústria é você conjugar esses dois itens: desempenho por um lado e baixo consumo de energia por outro. Apostar em economia de energia permite que o computador funcione por mais tempo e que as máquinas sejam cada vez mais finas e mais portáteis. Isso para a Qualcomm é um ponto importante”.

Ainda de acordo com Oyama, os chips Snapdragon X permitem aos usuários realizar qualquer tipo de tarefa no notebook, incluindo edições de vídeo e uso local de ferramentas de IA generativa, como o Stable Diffusion.

“Os chips da família Snapdragon X são processadores que, hoje, em termos de desempenho geral e desempenho para inteligência artificial, são líderes em comparação com componentes de outras fabricantes. Tanto o Snapdragon X Plus quanto o X Elite tem desempenho de 45 TOPs, que está acima dos 40 TOPs exigidos pela Microsoft para rodar o Copilot+ de forma local”.
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O diretor destacou que rodar ferramentas de IA localmente garante diversas vantagens aos usuários, como maior privacidade e menor latência. Porém, testes recentes mostram que os chips em ARM da empresa são péssimos em games, revelando que ainda falta um bom caminho para a Qualcomm percorrer nesse segmento.

Para o futuro, a Qualcomm vai continuar unindo desempenho e autonomia de bateria, mas em outros dispositivos. Na Computex 2024, a empresa confirmou que o Snapdragon X Elite chegará a mais formatos de computador — mini PCs e All in Ones (AiOs) — para competir com os chips em ARM da Apple.

Nvidia disparou na frente, mas com objetivo diferente

A Nvidia tem uma visão única em relação aos computadores com IA. Embora o conceito esteja em alta por causa dos atuais PCs Copilot+, a fabricante desenvolve placas de vídeo da série GeForce RTX capazes de realizar tarefas extremamente exigentes de inteligência artificial desde 2018.

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Enquanto os PCs Copilot+ alcançam os 45 TOPs de desempenho, as placas RTX ultrapassam a faixa dos 1.300 TOPs. Isso acontece porque as tarefas de IA não rodam em uma NPU, como acontece nos chips Snapdragon X, mas, sim, em uma GPU muito maior não só em tamanho, como também em consumo de energia.

Ao Canaltech, o gerente de technical marketing da Nvidia na América Latina, Alexandre Ziebert, afirmou que o objetivo da empresa é fornecer componentes e soluções que aceleram processos complexos de computação.

Segundo Ziebert, a marca se preocupa em entregar o melhor desempenho possível a um segmento de usuários que precisa de computadores muito potentes, como profissionais do cinema, arquitetos e desenvolvedores de jogos. É um público totalmente diferente das pessoas que buscam os PCs Copilot+.

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“Esses notebooks com NPU são focados em oferecer soluções básicas de IA para tarefas básicas. Por isso, eles podem focar na economia de energia. A gente, obviamente, nunca vai oferecer a mesma economia energética de uma NPU, porque falamos de uma GPU muito mais poderosa”.

Ziebert ainda afirmou que, apesar do consumo de energia das placas RTX ser maior, ainda existe eficiência, pois as tarefas são concluídas com muito mais agilidade. Em processos nos quais as NPUs concluem em 10 minutos, as GPUs podem fazer em segundos. De acordo com o gerente, isso permite aumentar a produtividade dos profissionais, enquanto diminui gastos.

Embora foque nos componentes de alto desempenho, a Nvidia não quer brigar com as outras empresas, mas agregar. Ziebert acredita haver espaço para que PCs com NPUs possam trabalhar com as GPUs RTX.

“A gente formulou uma estratégia específica para lidar com essa dança entre NPU e GPU. Existem tarefas que obviamente vão ser muito mais interessantes de rodar em NPU. Em um notebook com RTX e um Intel Core Ultra como CPU e NPU, por exemplo, a NPU fica com as tarefas básicas, economizando energia. Se uma tarefa demanda mais poder de processamento, é só mandar para a placa de vídeo que ela com certeza vai executar em muito menos tempo”.
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Quando se trata de inteligência artificial, a Nvidia atualmente corre em uma direção bastante diferente das outras empresas. Para os próximos anos, a empresa quer, inclusive, liderar a nova revolução industrial com robôs e IA, assim como revolucionar os setores de saúde e ciência.

Intel e AMD começaram devagar, mas buscam recuperação

As gigantes Intel e AMD entraram na corrida um pouco atrasadas, mas com promessas que podem mudar o ritmo da competição rapidamente. Ambas as empresas trabalham em chips com NPUs para PCs com IA que devem ser mais poderosos que o Snapdragon X Elite, da Qualcomm.

Até o final de 2024, a Intel e a AMD planejam lançar os novos chips Lunar Lake e Strix Point, respectivamente, para também equipar PCs Copilot+. Porém, a Microsoft não garante que os recursos de IA do Windows vão funcionar nas máquinas logo no lançamento.

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A ideia é que as ferramentas sejam habilitadas no futuro, por meio de atualizações gratuitas. Até lá, os notebooks ainda serão capazes de lidar com diversas tarefas de IA generativa sem problemas.

No caso da Intel, a empresa aposta em lançar os chips Lunar Lake com memória RAM embutida. Os modelos chegam com até 8 núcleos híbridos, módulos de RAM de até 32 GB integrada ao chip e 48 TOPs para inteligência artificial somente na NPU.

Por meio da RAM embutida, a fabricante espera reduzir o consumo de energia ao mover dados pelo sistema em até 40%.

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Já a AMD lançou os chips Ryzen AI 300 com 50 TOPs de IA na NPU e núcleos Zen 5. Graças à arquitetura XDNA 2, os laptops equipados com o processador podem superar a barreira dos 100 TOPS, tornando-se uma das opções mais fortes disponíveis no mercado, superando os modelos Snapdragon X Elite dos novos PCs Copilot+.

Quem está na frente?

No quesito PCs Copilot+ e uso de IA no dia a dia, a Qualcomm lidera a corrida com vantagem. Os processadores Snapdragon X chegaram para destronar os chips em ARM da Apple, atendendo às necessidades da maior parte dos consumidores que buscava notebooks Windows com muita bateria e desempenho suficiente para tarefas variadas.

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Além disso, os chips da fabricante são os únicos habilitados para usar, de forma local, os recursos de IA do Copilot+, da Microsoft.

A Nvidia até largou primeiro na corrida dos PCs com IA e se manteve isolada na liderança por muito anos. Porém, a marca tem objetivo diferente das demais e busca oferecer muito mais que soluções básicas de inteligência artificial aos usuários. Hoje, a gigante verde se preocupa com o segmento de alto desempenho.

Já Intel e AMD, após um início lento, buscam recuperar posições a passos largos com o lançamento dos processadores Lunar Lake e Strix Point, respectivamente. Até o final deste ano, o pódio desta competição tende a sofrer muitas mudanças.