Publicidade
Economize: canal oficial do CT Ofertas no WhatsApp Entrar

Realme x Xiaomi: como é a rivalidade entre marcas chinesas de celulares

Por| Editado por Claudio Yuge | 29 de Abril de 2022 às 13h00

Link copiado!

Divulgação/Realme e Xiaomi
Divulgação/Realme e Xiaomi

O mercado mundial de celulares ganhou diversas fabricantes chinesas nos últimos anos, sendo Oppo, Vivo, OnePlus, Realme e Xiaomi alguns dos destaques. Em comum, as duas últimas abriram operações no Brasil e podem ser consideradas concorrentes diretas, ao trazerem linhas abrangentes de telefones com foco no custo-benefício e se venderem como alternativas a marcas consagradas como Apple e Samsung.

No mais recente levantamento da ferramenta de análise de tráfego da web Statcounter, datado de março deste ano, a Xiaomi tem 10,34% de fatia de mercado no Brasil, abaixo de Samsung (líder, com 44,49%), Motorola (21,58%) e Apple (13,65%). A Realme, por sua vez, sequer é citada no levantamento — provavelmente se encontra no espectro "outras", que ficaram, juntas, com 0,55% de participação nacional.

Este cenário reflete um pouco da realidade global entre Xiaomi e Realme. A primeira teve uma impressionante ascensão; surgiu em Pequim em 2010, e 12 anos depois, ostenta 13,2% do mercado global de smartphones, ficando atrás apenas de Apple e Samsung, segundo a Canalys. A Realme, que surgiu como uma subsidiária da Oppo mas hoje é independente, só conseguiu até o momento ser relevante na Índia, onde ocupa o top 5. Também atua discretamente na Ásia e Europa.

Continua após a publicidade

É nítido que a Xiaomi largou na frente no Brasil por uma série de motivos. Primeiro, por ter conquistado prestígio e boas vendas mundialmente; não raro sua linha premium Mi é elogiada e considerada à altura dos iPhones e Galaxies. Segundo, porque já é a segunda vez que a marca veio ao Brasil. A primeira vez, capitaneada pelo executivo brasileiro Hugo Barra em 2015, não deu muito certo e acabou um ano depois.

A segunda e atual operação, sob o comando da nacional DL, começou em 2018. Em maio do mesmo ano, fez um grande evento onde confirmou que traria ao Brasil não só celulares como também mais de 500 produtos eletrônicos e utilitários, de mochilas a patinetes elétricos. Criou ainda uma pequena rede de lojas físicas onde apresenta muitos de seus produtos em shopping centers em São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Paraná, além de 7 mil pontos de venda no varejo.

Já a Realme chegou ao Brasil em janeiro de 2021 com uma operação mais simples. Lançou os celulares intermediários 7 e 7 Pro, os fones de ouvido Buds Q e o relógio Watch S, com vendas apenas online e assistência técnica remota. Aumentou o portfólio com o passar dos meses; hoje são 11 aparelhos com venda no país. Em outubro, fechou parceria com a rede Havan para levar seus produtos a 165 lojas físicas.

Continua após a publicidade

Em comum, as duas empresas ainda não fabricam no Brasil; seus aparelhos são importados, e por se submeterem às tarifas de exportação e taxas brasileiras, acabam saindo mais caros do que são cobrados no mercado cinza, que sonega impostos. Por conta disso, a grande diferença de preços entre o preço oficial e o pirata frustra muitos consumidores.

Xiaomi: crescimento latino e aposta nas bugigangas

Mas quais são os planos de ação das duas empresas no Brasil? Procurada pela reportagem, a Xiaomi Brasil não quis participar. No entanto, em comunicados à imprensa recentes, vangloriou-se de ter obtido a segunda colocação no ranking nacional de smartphones da empresa de análise Canalys. Segundo Tony Chen, gerente regional da Xiaomi na América Latina, as vendas de smartphones da Xiaomi representam 50% do volume, e os demais produtos, a outra metade.

Na maioria dos países, a proporção mostra a categoria de smartphones como a líder indiscutível. Isso é muito importante para a Xiaomi, pois nos permite saber que o consumidor brasileiro realmente busca um ecossistema de vida inteligente, totalmente alinhado a nossa estratégia global
Continua após a publicidade

Atualmente a empresa busca no Brasil ampliar suas taxas de crescimento e reforçar sua presença, como vem fazendo em outros países latinos. Obteve fatias de mercado de 31% no Peru e 27% na Colômbia, mais altas do que os 11% registrados em todos os países pesquisados pela Canalys em dezembro.

Em 2020, a Xiaomi fechou um contrato com a America Movil. Com isso, em um ano as vendas de celulares pela operadora desta forma aumentaram em até 6.500% na Colômbia, 1.610% no Chile e 244% no México. A America Movil tem presença no mercado brasileiro via Claro, mas a empresa ainda não tem planos de vender celulares da Xiaomi por aqui.

Realme: diferencial é ser uma marca jovem

Continua após a publicidade

Em resposta ao Canaltech, a Realme Brasil disse que seu foco é se tornar top 5 no Brasil. É o que acredita Marcelo Sato, gerente de vendas da marca no país.

Pretendemos ser uma das empresas do segmento de tecnologia com maior número de vendas neste mercado, visando democratizar aparelhos com tecnologia de ponta que, até então, só estavam disponíveis a preços altos. Pode levar algum tempo, mas estamos prontos para isso com nossos excelentes produtos e o espírito de uma marca de tecnologia jovem, que ousa ir além

A empresa não abriu números de vendas de aparelhos ou faturamento, mas diz que teve 500% de crescimento na América Latina no quarto trimestre de 2021, em relação ao mesmo período do ano passado — além do Brasil, comercializa na Colômbia, Chile, Peru e México. Também foca na presença em e-commerce e cogita produção local no Brasil, embora não tenha detalhado planos para isso.

Para Sato, o mercado brasileiro de smartphones é dominado por poucas marcas e vê nisso uma "grande oportunidade". "A Realme não esta satisfeita com a situação atual e veio para movimentá-lo [o mercado], tirando os principais players da sua zona de conforto. Por conta da falta de competição, a maioria das marcas vive confortavelmente e terminam por oferecer modelos com poucos diferenciais. Acreditamos que, com uma competição mais acirrada, quem ganha é o consumidor final."

Continua após a publicidade

Sobre o mercado cinza no Brasil, a empresa admite que ele "não é 100% controlável". Para combatê-lo, busca criar mais canais oficiais para que os consumidores conheçam e experimentem a marca. "Junto a parceiros, criamos bundles [soluções de logística] para alguns de nossos SKUs [unidades de estoque] e ofertamos preços especiais em datas comemorativas ou dedicadas ao comércio, como a Semana do Consumidor e a Black Friday. Algumas promoções de lançamento também visam incentivar a compra local dos produtos."