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Smartphones: como a realme quer encarar Samsung, Motorola e Xiaomi no Brasil?

Por| 20 de Novembro de 2020 às 18h15

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Divulgação/Realme
Divulgação/Realme
Tudo sobre Realme

realme. Se você ainda não conhece essa marca chinesa de smartphones, comece a se inteirar sobre ela. Criada em maio de 2018 por Sky Li, ela foi inicialmente uma subsidiária da OPPO (outra conhecida marca de celulares da China) e ganhou a sua independência no mesmo ano, para se tornar uma fabricante conhecida por lançar aparelhos com bom custo-benefício, assim como muitas de suas rivais no país asiático.

E de 2018 para cá, a Realme vem crescendo a um ritmo vertiginoso. De acordo com relatório da consultoria de mercado Counterpoint Research, a fabricante chinesa de smartphones (e também de produtos de IoT) é a marca que mais cresce no mundo atualmente, ultrapassando gigantes como Samsung, Apple e sua conterrânea Xiaomi. Apenas no terceiro trimestre de 2020, ela alcançou a marca de 50 milhões de unidades vendidas desde a sua fundação. Em relação ao mesmo período do ano passado, a empresa cresceu 45%, enquanto houve um crescimento de incríveis 132% na comparação com o 2º trimestre deste ano.

Tal crescimento chama mais a atenção, principalmente, se considerarmos que a realme se destacou em mercados ultracompetitivos, como o Sudeste Asiático, Índia, Rússia e a própria China. Aliás, nesse último país, mais precisamente no dia 11/11, conhecido como o Dia do Solteiros (ou a Black Friday chinesa), as vendas da marca em apenas 30 minutos ultrapassaram as vendas totais do mesmo dia no ano anterior.

E agora, a realme se prepara para entrar em um outro mercado dos mais competitivos: o nosso. A empresa oficializou o início das suas operações no Brasil a partir de dezembro e que comercializará não apenas celulares, mas também dispositivos para casas conectadas. E, de olho no 5G - cujo leilão das frequencias está programado para abril ou maio do ano que vem - a marca quer oferecer modelos de smartphones que ajudem a popularizar a quinta geração da internet móvel entre diversas camadas da população.

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E para falar em como será a estratégia da realme para encarar marcas já bem consolidadas no país - no caso Samsung, Motorola e Xiaomi - o Canaltech conversou com Sherry Dong*, diretora de marketing da empresa. A entrevista foi divida em duas partes, sendo que a segunda metade - feita pelo repórter Felipe Junqueira - será publicada no próximo domingo (22).


Confira como foi a primeira parte do papo:

Canaltech - O Brasil é um país onde os aparelhos mid-range (intermediários) são bastante disseminados no mercado. Como a realme pretende atuar nesse cenário, diante de algumas marcas que já estão mais consolidadas, como Motorola e Samsung e também a Xiaomi?

Sherry Dong: Planejamos nossa entrada no Brasil desde o início de 2020. A pandemia nos fez desacelerar um pouco os passos, mas estamos entrando no mercado com o objetivo de estarmos entre os três primeiros no Brasil entre três e cinco anos. O país é um dos maiores mercados desse setor no mundo e será um grande desafio - mas também uma grande oportunidade - para viver aqui.

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Nosso objetivo é desafiar a Motorola e a Samsung como fazemos em muitos mercados. Já estamos muito a frente da Motorola e da LG; e em alguns mercados já ultrapassamos a Samsung.

Para todos os concorrentes, acho que estão fazendo um ótimo trabalho no Brasil, mas ainda falta o equilíbrio entre preço e desempenho, que será a nossa oportunidade. Afinal, o produto é o núcleo. Pra ser sincera, os produtos da Xiaomi são bacanas, mas os preços no Brasil realmente me surpreenderam, muito mais altos do que na Europa. Para a Motorola e a Samsung, eles têm grande influência aqui e realmente precisamos fazer esforços para aprender com eles.

A chegada da Huawei e da Xiaomi simplesmente mostra como o mercado brasileiro é visado por todos os concorrentes.


CT - A Realme apresentou um rápido crescimento no Sudeste da Ásia (SEA), Índia, China e Rússia, ultrapassando até mesmo Samsung e Apple. É possível replicar esse crescimento no Brasil ou a empresa tem uma visão mais cautelosa do nosso mercado? Qual a estratégia para fazer isso?

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S.D.: O Brasil tem mais de 140 milhões de usuários de smartphones e o mercado do país tem potencial para aumentar para 157 milhões.

Para isso, nossa estratégia é focada em ser um game-changer, uma filosofia que fez a nossa marca apresentar o crescimento mais rápido do mundo no setor de smartphones. E [conseguimos isso] porque a realme aplica tecnologia de ponta em mais segmentos de preços de celulares do que a concorrência. Bons exemplos são as tecnologias de carregamento ultrarápidas, como a UltraDART de 125 W e também produtos com carregamento rápido de 65 W. Sem contar as câmeras pop-up e câmera Quad de 64 MP.

Quebramos as regras da indústria para fornecer produtos premium com desempenho e design inovador em cada faixa de preço. Para isso, popularizaremos tecnologias de ponta e queremos liderar as tendências de tecnologia no setor mobile.

Usaremos também o smartphone como porta de entrada principal para o ecossistema realme AIoT. Os usuários poderão usar nossos smartphones para gerenciar e controlar todos os nossos dispositivos AIoT em diferentes cenários. Por isso, focaremos em um smart hub formado por Smart TVs, fones de ouvido inteligentes, smartwatches e alto-falantes inteligentes. E que também podem ser operados por voz.

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Hardwares inteligentes e seus derivados digitais estão cobrindo todos os aspectos da vida dos jovens e criando um círculo de vida tecnológico pioneiro, formado por jovens criadores de tendências.



CT - Hoje, o público brasileiro vê as marcas chinesas de smartphones como aquelas que oferecem modelos com bom custo-benefício. Como a realme pretende explorar essa visão para crescer no mercado do país?

S.D.: O Brasil sempre foi um mercado-chave, pois tem grande influência em toda a América Latina. Entrar neste mercado pode ajudar a realme a amplificar a sua voz e atrair mais atenção para a região. O Brasil está sempre na vanguarda da tecnologia de ponta, o que é realmente emocionante e promissor para uma empresa de tecnologia como a realme.

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Além disso, o 5G e dispositivos AIoT (Inteligência Artificial e Internet das Coisas) são as duas melhores oportunidades para o realme no Brasil. Entrando no país agora, temos como objetivo principal trazer as tendências da rede de quinta geração. E com a estratégia de produto '1 + 4 + N' (uma combinação de smartphone, wearables e smart TV, além de outros dispositivos inteligentes), lançaremos mais de 20 produtos AIoT em 2021 aqui,com design inovador e preço mais acessível.

Ainda sobre o 5G no Brasil, a entrada da realme visa, principalmente, trazer as tendências desta tecnologia para cá. Acreditamos que o 5G será uma oportunidade inesperada para realme e planejamos ser o divulgador deste padrão no país. Lançaremos produtos compatíveis já no início de 2021 e atualizaremos todos os produtos no Brasil do 4G para 5G em, no máximo, três anos. Mas esperamos fazê-lo em dois.


CT - A realme chegou ao Brasil em um cenário marcado pela pandemia e alta do dólar. Diante disso, a empresa pretende explorar mais os canais digitais para vender seus aparelhos, diminuindo custos? Ou a ideia é vendê-los também através de lojas físicas parceiras?

S.D.: Smartphones no Brasil sempre têm preço bem mais alto do que em outros mercados. Como uma marca que ousa, a realme chega aqui também para fornecer produtos premium com a melhor experiência da classe em cada faixa de preço.

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Para isso, estamos nos concentrando em canais de comércio eletrônico no Brasil, como fazemos no mundo todo: isso leva a despesas gerais consideravelmente mais baixas, permitindo que a realme ofereça valor sem precedentes aos consumidores. Essa estratégia disruptiva levou a um crescimento estelar em outros mercados e esperamos ver uma tendência semelhante no Brasil.

Inicialmente, vamos focar em plataformas de e-commerce e co-op com o MercadoLivre, B2W (Americanas.com, Submarino e Shoptime) e Amazon.


CT - Na visão da realme, o que busca, hoje, o consumidor brasileiro em um smartphone? E como os modelos da marca podem atingir esse público?

S.D.: Os jovens brasileiros se mostram muito abertos para testar novas tecnologias e o nível de instrução técnica e entusiasmo no país são altos. Com base no feedback das plataformas sociais, acreditamos que esse público anseia por um novo player no mercado.

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Além disso, realme é uma marca jovem, com seus produtos inspirados na construção do espírito Dare-to-Leap (algo como "Ouse saltar", em tradução livre), baseados nas verdadeiras necessidades dos jovens, proporcionando-lhes experiências inesperadas com desempenho, design e qualidade inovadoras.

CT - Ainda que o 5G seja um cenário um tanto distante no Brasil, algumas operadoras já testam o 5G DSS no país. Faz parte da estratégia da realme apostar em mid-ranges 5G para o mercado brasileiro a curto e médio prazo?

S.D.: A realme trabalhará em colaboração com parceiros da indústria para promover a popularização e construção de redes 5G globais, explorando ativamente aplicações e cenários neste padrão.

Queremos cobrir todos os segmentos com produtos 5G. Em dois ou três anos, a realme trará este padrão em todos os seus segmentos de preço, permitindo que mais jovens possam desfrutar desta tecnologia. Ao mesmo tempo, a realme também fornecerá produtos 4G para atender às diferentes necessidades de nossos usuários.

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CT - Como vão funcionar os serviços de pós-venda dos smartphones da realme no Brasil, principalmente para assistência técnica? A empresa terá algum parceiro nacional para fornecer o suporte?

S.D.: Embora sejamos novos aqui, a realme construirá sua própria equipe localizada e em estreita colaboração com as empresas brasileiras e parceiros de canal. Teremos um atendimento no formato 360º para fornecer uma experiência mais adequada e premium para nossos consumidores no Brasil.


CT - A realme anunciou que o Brasil será uma porta de entrada para outros mercados na América Latina. A empresa já tem uma estimativa de quando poderá oferecer seus produtos para outros países da região ou ela pretende analisar primeiro seu desempenho no Brasil antes de expandir sua atuação?

S.D.: Posicionamos o Brasil como o hub para a América Latina: o Brasil é um grande mercado, e também uma porta de entrada significativa para toda a região, permitindo que a realme possa aumentar ainda mais sua base de parceiros locais e atingir milhões de consumidores.

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No momento, já lançamos [nossos produtos] na Colômbia. E em dezembro, marcharemos oficialmente para o México, Peru, Chile e teremos nosso primeiro lançamento de produto no Brasil.