Como os pássaros sobreviveram à extinção dos dinossauros?
Por Natalie Rosa • Editado por Luciana Zaramela |
Há cerca de 66 milhões de anos, a Terra foi devastada com um asteroide que deu um fim nos dinossauros, além de diversas outras espécies de animais e plantas. O impacto foi tão intenso que resultou em incêndios florestais, chuva ácida, ondas de choque, erupções vulcânicas, entre outros fenômenos climáticos.
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Aproximadamente 80% de todas as espécies de animais desapareceram com o impacto do asteroide, mas alguns dinossauros sobreviveram, fazendo com que os mais modernos ainda vivam entre nós: os pássaros. O que aconteceu, então, para eles sobreviverem?
De acordo com um estudo realizado no crânio de um pássaro antigo e bem preservado, cientistas descobriram que aqueles que sobreviveram tinham cérebros ou prosencéfalos, região que fica em frente ao órgão, maiores. Ainda não está claro, detalhadamente, como essas características ajudaram na sobrevivência dos pássaros.
Chris Torres, pesquisador principal do estudo, acredita que seja porque as aves com prosencéfalos maiores, provavelmente, conseguiam alterar o próprio comportamento rápido o suficiente para acompanhar as mudanças de ambiente. Há alguns anos, os pesquisadores encontraram um fóssil parcial bem preservado do pássaro Ichthyornis, que viveu durante o Cretáceo entre 87 milhões a 82 milhões de anos.
"Ele tem um crânio quase completo, o que é incrivelmente raro tanto para esta espécie em particular quanto para fósseis de pássaros em geral", conta Torres. "Este novo fóssil preserva a maioria dos ossos que compõem o crânio, fornecendo-nos as primeiras análises completas de muitos desses ossos", completa. O material, então, foi analisado por raio-x e tomografia computadorizada.
Os exames revelaram que pássaros antigos, como o Ichthyornis, tinha um cérebro que mais se assemelhava ao órgão de dinossauros do que com o de pássaros de hoje. Torres explica que os pássaros atuais têm os prosencéfalos maiores em comparação com o cérebro em si. O cérebro dos pássaros antigos ainda contava com uma estrutura chamada hiperpálio, classificada como um centro de processamento visual e sensorial que ajudava no voo.
A descoberta de hiperpálios em pássaros do Mesozoico mostra que os cérebros dos pássaros antigos eram mais complexos do que se pensava. Portanto, a pesquisa mostra que os cérebros não evoluíram ao longo do tempo em uma progressão nítida, mas sim como um "mosaico complexo" de estruturas.
O estudo foi publicado na revista científica Science Advances.
Fonte: LiveScience