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Gigantes e anões insulares têm mais chances de entrar em extinção

Por| Editado por Luciana Zaramela | 10 de Março de 2023 às 14h30

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Yegor Denisov/Unsplash
Yegor Denisov/Unsplash

As ilhas de todo o nosso planeta são verdadeiros laboratórios da evolução, já que acabam sendo palco de mudanças biológicas muito interessantes. Entre elas, as mais famosas são os chamados "nanismo insular" e "gigantismo insular", onde, respectivamente, animais ficam menores do que seus parentes continentais ou maiores.

Agora, pesquisadores do Centro Alemão de Pesquisa em Biodiversidade Integrativa e da Universidade Martin Luther de Halle-Wittenberg descobriram que espécies com esses tamanhos corporais extremos, ou seja, muito pequenos ou muito grandes para o padrão, apresentam um risco aumentado de extinção do que os de tamanho médio. Além disso, apontou-se que as taxas de extinção de mamíferos em ilhas de todo o mundo aumentaram significativamente com a chegada do Homo sapiens.

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Evolução e tamanho nas ilhas

As ilhas cobrem pouco menos de 7% da massa terrestre da Terra, mas abrigam até 20% da diversidade da fauna terrestre, sendo centros importantes de biodiversidade. Por outro lado, as extinções de espécies também se concentram nesses locais, com 50% das espécies ameaçadas atualmente sendo nativas de locais insulares.

Os animais passam por mudanças evolutivas nas ilhas por conta das condições de seleção natural desses locais, já que pode haver ausência de predadores e abundância ou escassez de alimentos, por exemplo, comumento afetando o tamanho dos animais. A tendência é que animais continentais grandes acabem apresentando nanismo nas ilhas, e animais pequenos, gigantismo.

Algumas dessas espécies diferenciadas já foram extintas, como os mamutes-anães e hipopótamos com 1/10 do tamanho de seus ancestrais continentais, ou roedores e galericínios que cresceram até 100 vezes mais do que suas versões primitivas. Entre os atualmente ameaçados de extinção, há o búfalo-anão-de-Mindoro (Bubalus mindorensis, ou tamarao), com 100 cm na altura do ombro, e a rutía-gigante-da-Jamaica (Geocapromys brownii), mamífero semelhante a um rato, mas com o tamanho de um coelho.

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Vantagens e desvantagens dos extremos

Entre as desvantagens enfrentadas por essas criaturas, está a maior recompensa oferecida por sua caça, no caso dos gigantes, e a menor capacidade de defesa (deterrência) para os anões, que acabam tendo a caça e predação facilitada por predadores, especialmente os introduzidos artificialmente em seu ambiente.

Os pesquisadores coletaram dados de fósseis e animais ainda vivos de mais de 1.200 espécies existentes e 350 extintas, todos mamíferos insulares de 182 ilhas e paleoilhas — ou seja, porções de terra que já foram ilhas, mas hoje em dia fazem parte de regiões continentais.

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Comparações mostraram que os animais com gigantismo ou nanismo insular têm chances maiores de serem extintos, com os gigantes apresentando uma situação um pouco pior do que os anões, mas essa diferença só foi significativa na análise de espécies já extintas. A expansão humana imposta pelos europeus com as grandes navegações e colonizações também aplicou pressões nos animais, quando a exploração agressiva, perda de habitats e introdução de doenças e predadores invasivos representou novas ameaças.

A análise abarcou 23 milhões de anos de registros fósseis, indo desde o final do período Cenozoico até os dias atuais, e encontrou uma correlação clara entre as extinções insulares globais e a chegada dos humanos modernos. Depois da chegada dos H. sapiens nas ilhas, as taxas de extinção subiram mais de 10 vezes, em combinação com outros fatores ambientais importantes, como as mudanças climáticas.

Os cientistas planejam coletar mais dados paleontológicos de campo para refinar as cronologias de extinção, mas já alertam às agendas de conservação animal para priorizar a proteção de gigantes e anões insulares, muitos já sob o risco de sumir do planeta — quem sabe nós, humanos, possamos reverter nossa influência negativa nas ilhas para uma positiva?

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Fonte: Science