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Espécie humana deve caminhar para a extinção, alerta paleontólogo

Por| Editado por Luciana Zaramela | 03 de Dezembro de 2021 às 16h50

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Romankosolapov/Envato Elements
Romankosolapov/Envato Elements

Se a humanidade seguir a tendência atual, nossa espécie corre sérios riscos de entrar em extinção ou, pelo menos, ser reduzida a um número bem restrito de indivíduos. É esta a conclusão que o paleontólogo e biólogo evolucionário, Henry Gee, chegou ao analisar pegadas de seres humanos. O pesquisador é também editor sênior da revista científica Nature.

"Suspeito que a população humana não está destinada apenas a diminuir, mas a entrar em colapso — e logo", defende o paleontólogo Gee. Inclusive, o pesquisador alerta que "os sinais [da extinção] já estão aí para quem os quiser ver", basta olhar com atenção.

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O que é necessário para se chegar à extinção?

Segundo o pesquisador, uma espécie está fadada à extinção quando:

  • O habitat se torna degradado de tal forma que há menos recursos para circular;
  • A fertilidade começa a diminuir;
  • A taxa de natalidade cai abaixo da taxa de mortalidade;
  • Os recursos genéticos são limitados.

É verdade que, hoje, a população mundial ainda cresce, mas essa taxa de aumento caiu pela metade desde 1968. Atualmente, a população do planeta Terra é estimada 7,9 bilhões de humanos, segundo a plataforma Worldometer.

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Só que é consenso, de acordo com Gee, que este número atingirá o pico em meados deste século e, então, começará a cair. Em 2100, o tamanho da população mundial já poderá ser menor que é agora.

Padrão de extinção dos mamíferos

Para entender os riscos de extinção da nossa espécie, é preciso lembrar que somos mamíferos e, como tais, alguns comportamentos podem ser refletidos. "As espécies de mamíferos tendem a ir e vir rapidamente, aparecendo, florescendo e desaparecendo em cerca de um milhão de anos", conta o paleontólogo.

Registros fósseis indicam que o Homo sapiens existe há cerca de 315 mil anos, mas a predominância dessa espécie no planeta é muito mais recente do que a sua existência. "Na maior parte desse tempo, a espécie era rara — tão rara, na verdade, que esteve perto da extinção, talvez, mais de uma vez", afirma.

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A cilada da variabilidade genética

Uma das principais questões para o risco de extinção dos humanos foi o seu crescimento acelerado. "A população [humana] atual cresceu, muito rapidamente, de algo muito menor. O resultado é que, como espécie, o H. sapiens é extraordinariamente igual", explica Gee sobre a falta de diversidade genética desse grande grupo.

Segundo o pesquisador, alguns grupos de chimpanzés selvagens carregam mais variações genéticas do que em toda a população humana. "A falta de variação genética nunca é boa para a sobrevivência das espécies", reforça, sobre o possível calcanhar de Aquiles da humanidade.

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Inclusive, aqui, cabe um parêntese histórico: Aquiles foi um famoso herói da Grécia Antiga e uma importante peça na Guerra de Troia, já que era considerado invulnerável. A exceção era justamente seu calcanhar, segundo algumas versões do mito, e este único ponto fraco foi a causa de sua desgraça (morte).

Mais fatores apontam para a extinção

Além da falta de variabilidade genética, o paleontólogo lembra que, nas últimas décadas, "a qualidade do esperma humano declinou enormemente, possivelmente levando a taxas de natalidade mais baixas, por razões que ninguém tem certeza". A poluição é um dos fatores que podem justificar este declínio, justamente causada pela degradação do meio ambiente.

Outra razão para a desaceleração do crescimento populacional é econômica. "As pessoas hoje em dia têm que trabalhar mais e mais arduamente para manter os padrões de vida de seus pais, se é que esses padrões podem ser obtidos", comenta Gee.

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"Um resultado pode ser que as pessoas estão adiando ter filhos, talvez por tanto tempo que sua própria fertilidade comece a declinar", reforça. Em paralelo a essa questão econômica, é um fato a ser considerado a emancipação reprodutiva e política das mulheres, já que estas conquistaram a autonomia de suas escolhas e nem sempre querem deixar descendentes.

É exagerado pensar no fim da humanidade?

Falar do risco da extinção humana pode parecer exagero. Afinal, quando o assunto é evolução, as coisas têm um tempo próprio e, via de regra, esse tempo é muito maior do que a experiência individual de uma vida humana na Terra. São movimentos, às vezes, imperceptíveis, mas que acontecem e seguirão no seu ritimo, independente da nossa vontade.

Poderemos desaparecer, como os Neandertais? Pode não ser apenas uma questão de "se", mas de "quando". Afinal, somos uma única espécie que está no topo de uma genealogia. Em tempos de pandemia, alterações climáticas e genes que, em sua maioria, vêm nos acompanhando desde antes do período Neolítico, não é exagero pensar na possibilidade de extinção, mas também não podemos nos esquecer que vivemos em uma era de muito progresso científico.

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Como diria Stephen Hawking, pouco antes de sua morte: "Do meu ponto de vista, tem sido uma época gloriosa para estar vivo e pesquisando na área de física teórica. Não há nada como aquele momento Eureka, da descoberta de algo que ninguém sabia antes".

Apesar das teorias sobre o fim do mundo, Hawking contrapôs uma teoria dele mesmo, em que afirmava, em 2013, que, não devemos sobreviver mais de mil anos graças ao tratamento que damos à Terra. Três anos depois — e mais otimista —, o físico teórico vislumbrava que seria possível contornar a extinção da humanidade, o que envolve exploração espacial e muita pesquisa. "Não vamos parar de progredir, ou reverter [o progresso], então temos que reconhecer o perigo e controlá-lo. Sou otimista e acredito que conseguiremos".

Fonte: Scientific American