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Aquecimento global atinge ritmo sem precedentes e afeta o Brasil

Por| Editado por Luciana Zaramela | 06 de Junho de 2024 às 15h30

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Pete Linforth/Pixabay
Pete Linforth/Pixabay

Os efeitos do aquecimento global já são sentidos em inúmeras regiões do mundo, incluindo o Brasil. Isso independe das pessoas serem céticas ou das autoridades ainda não terem despertado para a questão. É fato que as temperaturas médias estão subindo, segundo dados publicados na revista Earth System Science Data.

Desenvolvido por uma equipe internacional de 60 pesquisadores, seguindo os métodos do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC), o estudo revela que o aquecimento médio do planeta, entre os anos de 2014 e 2023, foi de 1,19 °C. É um aumento significativo em relação aos 1,14°C rastreados entre 2013 e 2022.

Considerando o ano de 2023 de forma isolada, o aquecimento total foi de 1,43 °C, sendo que 1,3 °C foi causado pelo impacto da atividade humana. A diferença se deve por alguns fenômenos naturais, como a ocorrência do El Niño. Vale lembrar que aquele foi o ano mais quente da história recente.

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Diante dessas análises, os cientistas apontam que “o aquecimento induzido pelo homem tem aumentado a uma taxa sem precedentes no registo instrumental”. Isso não ocorre sem impactos diretos na vida de milhões de pessoas — essas mudanças podem provocar 1 bilhão de mortes até 2100.

Gases do efeito estufa

“As emissões de combustíveis fósseis representam cerca de 70% de todas as emissões de gases do efeito estufa e são claramente o principal motor das alterações climáticas”, afirma Piers Forster, professor da Universidade de Leeds e um dos autores do recente relatório, em nota.  

No entanto, o cientista destaca o impacto de “outras fontes de poluição provenientes da produção de cimento, da agricultura e da desflorestação”.

Se o nível das emissões desses gases, incluindo o dióxido de carbono, permanecerem iguais, restarão apenas 5 anos de emissões para que o planeta alcance a marca de 1,5 °C de aquecimento em relação aos níveis pré-industriais. A vantagem é que a maioria dos países busca impedir essa projeção, através do Acordo de Paris.

Impacto no planeta Terra

Com o aumento dos níveis de emissão de gases do efeito estufa e, consequentemente, do aquecimento do planeta, os eventos climáticos extremos já estão cada vez mais comuns, como as chuvas que causaram destruição no Rio Grande do Sul

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De forma oposta, outras regiões do globo serão afetadas por secas prolongadas, como a seca histórica que atingiu a Amazônia no ano passado, e ondas de calor mais severas. Nas últimas semanas, os termômetros na Índia chegaram a 50 °C, causando mortes.

O aquecimento também impacta os oceanos, que ficam mais propícios para a formação de furacões — neste ano, um número recorde de furacões devem ser registrados. Em outra frente, isso contribui com o derretimento das geleiras e com a subida do nível do mar, algo que deve afetar as cidades costeiras do Brasil nos próximos 30 anos, como o Rio de Janeiro.

De forma paralela, um “coquetel tóxico de poluição, caos climático e dizimação da biodiversidade está transformando terras saudáveis em desertos e ecossistemas prósperos em zonas mortas”, explica António Guterres, secretário-geral da ONU, em pronunciamento feito na Semana do Meio Ambiente. É o avanço da desertificação em escala global, o que, em alguma escala, pode afetar o semiárido brasileiro.

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Aquecimento global no Brasil

Entre as regiões afetadas pelas mudanças climáticas, estão o Norte e o Nordeste brasileiro. Por lá, os episódios de seca prolongadas têm se intensificado, e a falta de chuvas limita o acesso à água para o consumo e para as atividades econômicas. 

"Essa elevação das temperaturas contribui para a evaporação mais rápida da água dos corpos d'água, do solo e da evapotranspiração da vegetação, alterando assim a umidade no ar e a dinâmica das chuvas [na região]”, afirma Alexandre Groth, professor de geografia da Plataforma Professor Ferretto.

O desmatamento — o cerrado foi o bioma mais devastado no ano passado — e as práticas agrícolas inadequadas contribuem com a degradação dos recursos hídricos, favorecendo o ciclo que resulta no agravamento das secas. De olho no problema, o governo federal retomou, neste ano, a Comissão Nacional de Combate à Desertificação (CNCD).

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Entre as secas e o excesso de chuva, o Sudeste e o Centro-Oeste podem encarar o aumento de ondas de calor. Elas “são caracterizadas por um período prolongado de temperaturas excepcionalmente altas em uma determinada região”, lembra o professor Groth.

Ação contra as mudanças climáticas

Em busca de reduzir os efeitos do aquecimento global, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima anunciou que, em breve, deve divulgar o Plano Nacional para o Enfrentamento da Emergência Climática, com foco inicial nas cidades e áreas de maior risco. O programa deve ajudar tanto na prevenção e preparação quanto no enfrentamento de eventos extremos.

Na esfera global, está prevista para acontecer a COP29, em novembro, no Azerbaijão. Na cúpula climática, os países vão debater possíveis estratégias para limitar as emissões de gases poluentes e medidas para conter o avanço das mudanças climáticas.

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Fonte: Earth System Science Data, Universidade de Leeds, ONU