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Qual o futuro da inteligência artificial na AMD?

Por| Editado por Jones Oliveira | 18 de Outubro de 2023 às 10h30

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Felipe Vidal/Canaltech
Felipe Vidal/Canaltech
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Durante a BGS 2023, o Canaltech teve a oportunidade de conversar com Sérgio Santos, Diretor Geral da AMD Brasil. Na entrevista, o executivo comentou sobre o posicionamento do time vermelho no mercado de IA e destacou a importância desse segmento para a empresa.

A AMD vem em uma crescente em soluções para Inteligência Artificial, embora ainda esteja atrás das concorrentes. No entanto, a companhia investe em hardware para data centers com aceleradores velozes, mas quer levar esse tipo de tecnologias para o consumidor doméstico, acreditando que ainda há muito espaço para o crescimento e amadurecimento nesse setor.

Ryzen AI na série 7040

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Sérgio comenta que a AMD já havia começado a dar seus passos em IA em 2020, durante a aquisição da Xilinx. As tecnologias da empresa foram usadas na série de processadores mobile Ryzen 7040, de codinome Phoenix.

Esses modelos já chegaram ao mercado com uma tecnologia chamada de Ryzen AI, com capacidade de executar dez trilhões de operações por segundo, os chamados “flops”. O Ryzen AI é um acelerador que utiliza a arquitetura XDNA para aprimorar tarefas, fluxos de trabalho e softwares que fazem uso de Inteligência Artificial, como o Studio Effects do Windows 11.

“A gente já tinha dado um passo lá trás em IA, mas a AMD tem uma abordagem muito interessante. É muito fácil você falar de IA lá no data center, mas a nossa visão é entender como a gente coloca esses motores de IA começando no cloud, na edge e nos clientes", comenta o diretor geral.
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AMD investe em aceleradores potentes

Sérgio comenta que não adianta apenas ter tecnologias de pontas em servidores na nuvem e que a existência de novas soluções de hardware é essencial. Em seu exemplo, ele brinca que caso todo mundo resolvesse usar o ChatGPT ao mesmo tempo, não haveria largura de banda suficiente para todos. Por isso, ele destaca a importância de soluções avançadas nos data centers.

"Falando no posicionamento de soluções de cloud, já há soluções baseadas nas tecnologias CDNA, ou seja, placas de vídeo responsáveis pela aceleração de servidores. Recentemente a AMD lançou o chip MI300X, que segundo a nossa própria CEO [Lisa Su], é o chip comercial mais avançado do mundo [para IA]”.

Lançado em junho, o MI300X conta com a microarquitetura CDNA 3, resultando em 153 bilhões de transistores. O chip suporta até 192 GB de memória HBM3 e largura de banda máxima de 5,2 TB/s. Para Sérgio e a AMD, o chip é uma verdadeira "revolução", já que permite a criação e o treinamento de modelos de linguagem gigantescos em menos tempo.

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"Para você treinar um modelo de linguagem como o ChatGPT, é preciso de milhares de GPUs e meses de desenvolvimento e milhões de dólares em energia elétrica. Quando você tem uma solução como o IM300X, o que você faria em meses, é feito em semanas. Se eu tinha um modelo que levaria três meses para ser treinado, eu posso fazer isso em duas, três semanas", informa Santos.

Sérgio Santos ainda diz que o custo, espaço e a energia necessários para realizar projetos de alta complexidade como esses são reduzidos drasticamente. Em outros cenários, seria possível levar o mesmo período de meses, mas para desenvolver modelos muito mais complexos.

Aquisição da Nod.ai

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Durante a entrevista, o Diretor Geral ainda esboçou alguns comentários a respeito da recente aquisição da Nod.ai pela AMD. A empresa tem como principais destaques o seu formato open-source e a ferramenta SHARK, rersponsável por métodos de aprendizado de máquina para aceleradores, CPUs e placas gráficas.

“A nossa abordagem de AI não é só ter a tecnologia na nuvem ou nos dispositivos, mas também ter um software aberto. Algo que os desenvolvedores possam trabalhar e não seja nada proprietário", diz Santos. A estratégia parece fazer muito sentido, principalmente ao olhar o passado recente da AMD em tecnologias abertas, como o FidelityFX SuperResolution.

Monopólio de IA não deve acontecer

Em setembro, a CEO da AMD, Lisa Su, disse não acreditar em um possível monopólio de IA realizado pela NVIDIA. Essa percepção parece ser unânime dentro da empresa, já que Sérgio também pensa que não haverá nenhuma empresa com essa capacidade.

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Santos comenta que a IA ainda é um processo muito embrionário, que tanto a AMD, como a indústria, as empresas e os consumidores não sabem o alcance total que será implementado com tal tecnologia. Nesse sentido, a posição do time vermelho vai de encontro com o pensamento open-source, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento de uma abordagem aberta para todos, sem amarras.

"A questão de IA é que tudo ainda é muito novo, e por ser tudo novo, é difícil falar que uma empresa já tem algum monopólio [...] A NVIDIA momentaneamente está a um passo a frente, porque ela começou antes. Mas acho que agora, com todos os novos players chegando, enxergamos que é a nova tendência. É o que vai moldar o mercado de tecnologia. Então eu não acredito que vai se consolidar um monopólio. Na verdade, vai ser um mercado muito competitivo", diz o Diretor Geral da AMD Brasil.

IA ainda tem muito o que amadurecer

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Por fim, ao ser questionado sobre o que viria depois da Inteligência Artificial, Sérgio Santos brinca e diz que prefere deixar essas projeções para os gurus de futurologia. Ainda assim, ele ressalta o estágio inicial desse tipo de tecnologia, que hoje é limitada a ferramentas como fundos virtuais, remoção de ruído de microfones, certos editores de imagem, etc.

Santos dá o exemplo do próximo sistema operacional da Microsoft, que deve ser lançado com muita ênfase em novos recursos de IA, mas é notável como o executivo enxerga que só estamos arranhando a superfície desse novo mundo de possibilidades.

O Diretor Geral da AMD ainda comenta que o time vermelho vai trabalhar em conjunto com a Microsoft para que os consumidores possam ter um hardware habilitado para utilizar o novo SO da empresa. A expectativa é que que tenhamos novidades ainda em meados de 2024, mas Sérgio não entrou em detalhes sobre o assunto

“O potencial de IA é tão gigantesco que eu não consigo ter uma visibilidade do que viria depois. Porque tem tanto o que amadurecer ainda que é difícil falar. A gente começa a enxergar tendências quando a tecnologia atual vai ficando mais madura. O próprio Steve Jobs dizia que se você quer saber o que vem a seguir, olhe para a borda. Eu considero que a IA ainda está na borda.", finaliza.