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Precisamos de um remake de Resident Evil 4?

Por| Editado por Bruna Penilhas | 28 de Abril de 2022 às 19h30

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Divulgação/Capcom
Divulgação/Capcom

O vindouro remake de Resident Evil 4 está tudo, menos cancelado oficialmente. O título que já é dado como certo, embora não tenha sido anunciado oficialmente, parte de uma das principais franquias da desenvolvedora Capcom na atualidade, já estaria em amplo desenvolvimento e, acima disso, nasceria com uma difícil missão: a de trazer de volta o teor clássico do game que, até hoje, é cultuado como o melhor de todos os tempos, ao mesmo tempo em que renova uma estrutura que pode nem mesmo precisar disso.

Afinal de contas, estamos falando de um título que, ainda que tenha sido lançado em 2005, é atual até os dias de hoje. Em seu lançamento original para o Nintendo GameCube, Resident Evil 4 revolucionou os games de ação, trazendo uma nova perspectiva e uma progressão encadeada, sem o velho sistema de fase, mas ainda contando com mudanças constantes de cenário, enquanto Leon Kennedy, veterano da série, seguia em sua missão para salvar Ashley Graham, a filha do presidente dos EUA.

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Era um momento de renovação para a franquia, que abandonava as câmeras fixas e o estilo focado no horror para apostar em uma ação que permanece até hoje como um dos traços fundamentais de Resident Evil. Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar ou, pelo que parece, a ideia da Capcom é efetivamente testar essa possibilidade, trazendo de volta, em novo formato, um dos games mais consagrados de todos os tempos.

Rumores e o momento para um remake de Resident Evil 4

A ideia de que o remake de Resident Evil 4 está tudo, menos confirmado, vem do final de 2020. Naquela ocasião, os rumores sobre o título já circulavam na imprensa internacional, com direito até mesmo à sinalização do retorno de Shinji Mikami, o criador da franquia, que deixou a Capcom devido às disputas quanto à exclusividade do jogo original. Foi aí que artes e pesquisas relacionadas à nova versão apareceram em meio a arquivos vazados da empresa.

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Em novembro daquele ano, a produtora sofreu um ataque cibercriminoso, com direito a travamento de seus sistemas e exigência de pagamento para não liberação de dados. A Capcom não cedeu e, assim, vieram à tona spoilers do então vindouro Resident Evil Village, informações de funcionários, documentos corporativos e, relevante ao tema deste artigo, as primeiras artes conceituais de cenários e elementos de ambiente do remake de Resident Evil 4.

A própria existência de Resident Evil Village, aliás, é inspirada pelo clássico e traz de volta muitos de seus elementos, no que foi visto por muitos fãs como uma espécie de aquecimento para o remake. Foi assim com a nova versão de Resident Evil 2, lançada em janeiro de 2019 e antecedida por RE7, um game que também trouxe de volta as raízes de horror que há tempos não eram vistas na franquia.

O vazamento de uma arte conceitual do vilão Albert Wesker, até hoje não confirmada como parte ou não do novo Resident Evil 4, e novos rumores sobre Mikami em um papel de consultor da Capcom no game, apenas aqueceram uma fogueira cujo fogo está brando há meses, mas ainda pegando. E quanto mais o tempo passa, mais hype é acumulado, já que a Capcom tende a lançar um novo game da série por ano, pelo menos, desde 2019 — mas o deste ano ainda não deu as caras.

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Um clássico eterno (e atual)

Por mais que haja antecipação, não é como se o remake de Resident Evil 4 fosse uma unanimidade como, praticamente, foi o do segundo game da série. Pelo contrário, boa parte da comunidade de fãs da franquia torce o nariz para essa nova versão e a citam como desnecessária, enquanto lembram que CODE: Veronica, o último remanescente da era clássica da marca, parece ter sido esquecido pela Capcom nesse processo.

São elementos que, no ensejo atual, não existem ou são necessários, mas que fazem parte da lista de feitos do Resident Evil 4 de 2005. O retorno de personagens clássicos em novos gráficos — antes do jogo, Leon e Ada eram lembrados por suas versões para o primeiro PlayStation — e a maior mobilidade, com uma jogabilidade que envolvia tiroteio, golpes físicos e um bocado de estratégia, são apenas alguns deles.

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Dá para ir muito além, com a gigantesca quantidade de inimigos na tela; a câmera sobre o ombro que ampliava a visão, mas ainda assim fazia com que o jogador se sentisse restringido; os hoje odiados QTEs, mas que na época traziam uma imersão diferente ao game; e tantos outros exemplos. Era algo nunca visto antes, ainda que totalmente familiar, e por mais que sua essência fosse bem diferente do que estávamos acostumados, não dava para deixar de notar Resident Evil 4.

Tanto que, até hoje, o título segue como o único da franquia a receber o mais prestigiado prêmio de melhor jogo do ano no Spike Video Game Awards, que hoje atende como The Game Awards. Resident Evil 4 ainda permanece como um dos títulos mais vendidos da história da Capcom, acumulando, de acordo com os dados oficiais da empresa, mais de 11,4 milhões de unidades vendidas em suas diferentes versões.

Em 2022, entretanto, o momento é outro e a maioria dos elementos que tornaram Resident Evil 4 inovador e clássico são lugar comum. Da mesma forma, não temos a concentração de forças que tornou o título de 2005 um rolo compressor, principalmente diante de um mercado pluralizado e com tanto foco no multiplayer, opções gratuitas, games mobile e tantas vertentes. Hoje são raros os games que despertam tanta atenção e, normalmente, são as propostas totalmente inéditas que conseguem isso.

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Não é como se um remake de Resident Evil 4 fosse ser um fracasso de vendas, pelo contrário, qualquer coisa com esse nome é garantia de sucesso. Mas, para os fãs ou não, a grande pergunta é: qual a necessidade de um remake que, muito dificilmente, atingiria o nível de relevância e disrupção do original? E levando em conta a tarefa hercúlea, exigindo um esforço igualmente gigante, não seria melhor apostar em um novo game?

Multiverso e teorias

Longe do foco nas vendas e no sucesso certeiro que um remake de Resident Evil 4 faria, a principal ideia na cabeça dos fãs para justificar o lançamento envolve algo muito semelhante ao que acontece hoje com os filmes da Marvel. Mais de 25 anos depois de seu lançamento original, a franquia se encontra, hoje, em mãos bem diferentes das originais, que poderiam estar criando uma realidade alternativa, em termos de trama e mecânicas, para a série.

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Tal ideia também tem duas décadas de história. Em 2002, a Capcom lançava seu primeiro remake e, até hoje, um dos maiores de todos os tempos, trazendo o primeiro Resident Evil de volta em grande estilo. Em termos de enredo, ele veio para substituir o original, de 1996, se encaixando com a amplitude da trama dos títulos seguintes e também com o foco mais abrangente da franquia como um todo. O mesmo, porém, não vale para as outras reimaginações.

Um exemplo disso é a fala do produtor Peter Fabiano, do remake de Resident Evil 3, ao afirmar que as mudanças na história das versões recentes devem ser consideradas juntamente com as tramas originais, e não como substitutas. Quem jogou e analisou a fundo sabe que muitas coisas não se encaixam e outras foram totalmente modificadas, tornando essa alegação complicada do ponto de vista da cronologia.

Surgiu, então, a ideia de que a Capcom estaria criando um novo universo de Resident Evil, com o remake do primeiro sendo o ponto de ligação. A partir dele, vêm os mais de 20 títulos lançados ao longo de 25 anos, incluindo games spin-offs e os recentes RE7 e Village; em outra linha temporal, estariam os remakes, que conversam bem entre si, mas nem tanto com todo o restante da marca.

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Como dito, essa é apenas uma possibilidade levantada por fãs e baseada no fato de a franquia, em si, ter diferentes cronologias para chamar de suas, como as dos filmes estrelados por Milla Jovovich, separada daquela do recente Bem-Vindo a Raccoon City e também da vindoura série da Netflix. Quadrinhos e livros também criaram sua própria linha de história e, para os estudiosos da história de Resident Evil, os remakes seriam mais um exemplo.

Acessível e atual

Outro ponto importante diferencia Resident Evil 2 e o terceiro game da franquia de horror e sua cultuada continuação. Estamos falando de games do final dos anos 1990, com uma jogabilidade, sim, clássica, mas também arcaica. Para os jogadores mais velhos, um deleite, para os mais novos, acostumados a controlarem a câmera e a movimentação de forma independente, usarem personagens rápidos e com muitos recursos diferentes, o resultado é um desinteresse causado pela sensação de estar pilotando um tanque de guerra humano.

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Os gráficos modernos e realistas também trouxeram uma nova dimensão ao horror, como vimos no ótimo remake de Resident Evil 2, enquanto Raccoon City permaneceu como um dos destaques indiscutíveis da reimaginação seguinte, que não fez jus à memória de Nemesis. O quarto game da série, porém, é diferente, com uma atualização na jogabilidade e nos visuais, nem de longe, sendo tão impactante na comparação.

Além disso, os clássicos, ao contrário da aventura com Leon, não estão mais acessíveis. O último console a receber uma versão oficial dos três primeiros games da série Resident Evil foi o PlayStation 3 e as edições disponíveis na PlayStation Store não rodam nas plataformas atuais da Sony. A quem quiser experimentar, resta a emulação ou procurar plataformas de duas gerações atrás, no mínimo.

Enquanto isso, o selo “Only For” (“Apenas para”), que indicava a exclusividade de Resident Evil 4 na versão GameCube, soa hoje como uma anedota que durou só 10 meses. Desde seu lançamento, em janeiro de 2005, o título foi lançado para absolutamente todas as plataformas correntes do mercado, com exceção do primeiro Xbox e do Wii U (que rodava a edição de seu antecessor). Isso sem falar em múltiplas adaptações para smartphones e celulares antigos, o Zeebo e até uma recente conversão em realidade virtual.

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Nos consoles de hoje, o game está plenamente disponível em versões Nintendo Switch, PlayStation 4 e Xbox One (que também rodam no PS5 e Xbox Series S|X), bem como no PC, todos em uma remasterização com gráficos em alta definição. Promoções constantes e a ampla disponibilidade fazem com que a única barreira para experimentar Resident Evil 4 seja, efetivamente, a vontade ou não de conhecer o título.

Um remake, então, não seria um resgate nem uma renovação do título, como aconteceu com seus antecessores. Em termos de história, ele também se encaixa bem com o passado e o futuro da franquia — já que seu enredo pode ser resumido em poucas linhas —, enquanto sua jogabilidade, como dito, envelheceu muito bem, obrigado. Diante de tudo isso, novamente, surge a pergunta dos fãs: qual a necessidade de um remake de Resident Evil 4?

Como dito, o game permanece no campo dos rumores e ainda não teve um anúncio oficial. Por enquanto, no radar, os fãs da série contam com o DLC de Resident Evil Village, anunciado no ano passado, e o multiplayer RE: Verse, que deveria ter chegado junto do título e permanece adiado indefinidamente.