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Zhurong e Perseverance: quais as diferenças entre os rovers da China e dos EUA?

Por| Editado por Patricia Gnipper | 19 de Maio de 2021 às 10h10

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CNSA/NASA
CNSA/NASA

Na sexta-feira passada (14), a China fez história ao levar o módulo de pouso da missão Tianwen-1, com o rover Zhurong em seu interior, à região de Utopia Planitia, a maior bacia de impacto em Marte. O feito colocou a China ao lado dos Estados Unidos na curta lista de nações que já conseguiram pousar no Planeta Vermelho e, agora, o rover chinês se junta ao Perseverance, da NASA, que está em Marte desde fevereiro.

A Tianwen-1 foi lançada em julho do ano passado, ao lado das missões Mars 2020 e Hope Mars, dos Estados Unidos e Emirados Árabes Unidos, respectivamente. A sonda árabe chegou a Marte no início de fevereiro e seguirá por lá para usar seus instrumentos para monitorar a atmosfera do planeta. Ela não ficou “sozinha” por muito tempo, já que a missão chinesa chegou lá poucos dias depois, com a norte-americana fazendo o mesmo em seguida.

Composta por uma sonda orbital, um módulo de pouso e um rover, a sonda orbital da Tianwen-1 se manteve em órbita por alguns meses para mapear a superfície marciana, para somente depois realizar a tentativa de pouso. A NASA, por sua vez, pousou o rover Perseverance em 18 de fevereiro, na cratera Jezero — local previamente escolhido para tal. Assim, tanto os Estados Unidos quanto a China conseguiram levar seus rovers para nosso vizinho, cada veículo com objetivos e estruturas diferentes. Então, afinal, quais são as maiores diferenças entre eles?

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Local de pouso

Ainda não sabemos se houve vida em Marte, mas o rover Perseverance pousou na cratera Jezero para buscar as respostas para essa pergunta. Trata-se de uma antiga cratera de impacto escolhida porque, no passado marciano, é possível que rios tenham corrido por lá e a transformado o local em um lago. Os cientistas já identificaram evidências de que a água levou minerais de argila dos arredores para lá, de modo que formas de vida microbianas — se tiverem existido — podem ter aproveitado o período de umidade por lá e se multiplicado. Então, se este cenário realmente tiver acontecido, pode haver vestígios dessas formas de vida.

Já o rover Zhurong pousou na Utopia Planitia. Esta é uma cratera que se estende por quase 3 mil km e foi formada há bilhões de anos pelo impacto de um objeto na superfície marciana. A área tem relevo relativamente plano e rochas vulcânicas, mas também guarda mistérios para os cientistas: os materiais vulcânicos presentes em Utopia Planitia podem ter vestígios de gelo e, além disso, estudos da região já sugeriram a possibilidade de haver uma camada de gelo permanente sobre a superfície.

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Método da descida e do pouso

Independentemente da nação responsável pela missão, pousar um veículo em Marte não é nada fácil — tanto que a taxa histórica de sucesso dos pousos por lá é de apenas 50%. Como não é possível controlar o procedimento em tempo real, em função do atraso da transmissão dos sinais entre Marte e a Terra, a sequência complexa e desafiadora do que acontece desde a saída da órbita até a chegada ao solo é conhecida como “sete minutos do terror”.

Para levar o rover Perseverance em segurança à superfície do Planeta Vermelho, a NASA contou com um sistema de paraquedas e um módulo descendente equipado com foguetes, que desaceleraram o rover em várias etapas e o desceram delicadamente até a superfície. Após descer à superfície, o Perseverance manteve o helicóptero Ingenuity preso em sua “barriga” por alguns dias, para que ficasse protegido e carregasse suas baterias.

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A China, por sua vez, seguiu com outra estratégia para levar o rover Zhurong à superfície: algumas horas antes do pouso, o orbitador da missão liberou o módulo de pouso que tinha o rover em seu interior. Assim, ao entrar na atmosfera, o módulo perdeu velocidade com o atrito com o ar e abriu um paraquedas para ser desacelerado. Ao fim da sequência, o módulo ativou um sistema de retropropulsão para finalizar a sequência e chegar em segurança a Utopia Planitia.

Tamanho

O Perseverance tem cerca de 3 m de comprimento (sem considerar o braço robótico), 2,7 m de largura e 2,2 m de altura, o que torna suas dimensões parecidas com as de um carro do modelo Mini Cooper. O veículo pesa pouco mais de uma tonelada e, assim como seu antecessor Curiosity, tem um corpo retangular, seis rodas, um braço robótico e diversos instrumentos científicos, incluindo várias câmeras.

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Enquanto isso, o Zhurong tem tamanho parecido com o dos rovers Spirit e Opportunity, e mede 2,4 m de extensão, 3 de largura e 1,8 m de altura, com peso de 244 kg. Ele também está equipado com seis rodas em sua estrutura, que permitem um deslocamento de até 200 metros por hora.

Fonte de energia

O rover da NASA é alimentado por um sistema de baterias nucleares de plutônio, cujo decaimento fornece energia elétrica para as baterias e as recarrega, alimentando as atividades do veículo e o mantendo aquecido durante as noites marcianas, cujas temperaturas podem chegar a -70 °C. Além disso, o calor garante que as ferramentas e sistemas do rover operem nas temperaturas adequadas. Esta é uma opção tradicional na NASA, que já foi usada anteriormente em missões como a New Horizons, lançada para estudar Plutão, e no rover Curiosity.

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Já o rover Zhurong conta com um conjunto de quatro painéis solares, assim como foi com nos rovers Spirit e Opportunity. Além disso, esses painéis podem ser dobrados, de modo que o veículo poderá manipulá-los periodicamente para remover o acúmulo de poeira marciana.

Ferramentas a bordo

Para estudar a Cratera Jezero e buscar evidências de formas de vida que possam ter ocorrido por lá, o rover Perseverance está equipado com diversas ferramentas e instrumentos. Entre eles, temos um braço robótico, uma broca para a coleta de amostras de rochas, câmeras e instrumentos científicos variados. A ideia é que o veículo utilize a broca e o braço robótico para obter as amostras e armazená-las em tubos, que serão coletados em uma missão para trazê-los para a Terra na próxima década.

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Os detalhes exatos dos objetivos da missão chinesa ainda não estão claros, mas já sabemos que o Zhurong tem um radar de penetração no solo para buscar gelo a mais de 90 m abaixo da superfície, capacidade dez vezes maior do que a dos radares do Perseverance. No total, o veículo tem seis instrumentos científicos — entre eles, há duas câmeras panorâmicas, um detector de campos magnéticos, um instrumento meteorológico para análises climáticas e um laser, que será usado para examinar rochas e analisar a composição delas.

Fonte: Inverse, Smithsonian Magazine, NASA, Space.com (1, 2)