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Como será a tentativa de pouso do primeiro rover chinês em Marte?

Por| Editado por Patricia Gnipper | 29 de Abril de 2021 às 18h00

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Reprodução/CNSA/CLEP
Reprodução/CNSA/CLEP

O ano de 2021 começou agitado em Marte com a chegada das missões dos Emirados Árabes, China e Estados Unidos. A NASA pousou o rover Perseverance na superfície do planeta em fevereiro e, agora, a China será a próxima a tentar descer seu primeiro veículo até o solo marciano, o que deverá ser feito com algumas diferenças em relação às missões norte-americanas. Se tudo correr bem com o pouso do rover Zhurong, o país se tornará o segundo a pousar um rover com sucesso no Planeta Vermelho.

A missão Tianwen-1 ("busca pela verdade celestial", em tradução livre) conta com uma sonda orbital e um módulo de aterrissagem, que contém uma plataforma de pouso estacionária, onde está o rover Zhurong. Desde quando chegou ao planeta, a espaçonave segue orbitando Marte e estudando o local de pouso que, ao que tudo indica, irá ocorrer na região de Utopia Planitia, durante a metade de maio.

Dito isso, a China tem um grande desafio à frente, já que pousar em Marte não é fácil e não é à toa que a taxa histórica de sucesso dos pousos realizados por lá é de apenas 50%. Para que o procedimento seja feito com sucesso, a espaçonave precisa entrar em altíssima velocidade na atmosfera marciana, para somente depois ser desacelerada e ir de encontro à superfície do planeta durante a etapa mais crítica da missão. Todo o processo é bastante delicado, pois, enquanto orbitam o planeta, as espaçonaves se movem rapidamente para se manterem gravitacionalmente “presas” a eles.

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O problema é que, se elas entrarem na atmosfera com toda essa velocidade, acabariam se queimando mesmo em uma atmosfera fina como a de Marte. Por exemplo, os orbitadores que monitoram o Planeta Vermelho hoje são gradualmente desacelerados até chegar à órbita desejada, um método que também funciona para “corrigir” a órbita de uma espaçonave antes da entrada atmosférica do lander. Essa manobra não leva mais que alguns meses, e também não exige equipamentos extras.

Como ela usa a atmosfera do planeta para a espaçonave perder velocidade, é chamada de “aerofreio”. Contudo, a manobra sozinha não é suficiente para ajudar um rover a descer em segurança: como a atmosfera do planeta tem apenas 1% da densidade atmosférica da Terra, é preciso usar alguns recursos extras — é por isso que a missão Mars Pathfinder, por exemplo, usou paraquedas e um sistema de airbags para pousar em segurança, e uma estratégia semelhante foi usada pelos rovers Spirit e Opportunity.

Já o rover Curiosity contou com um novo sistema, com foguetes e fios que o sustentaram até descer à superfície; depois, uma técnica semelhante (mas com algumas novidades) foi usada mais recentemente com o rover Perseverance. Ainda não há detalhes sobre o pouso do rover Zhurong, mas algumas informações de pesquisadores chineses adiantam um pouco da sequência: podemos esperar que o veículo entre na atmosfera marciana protegido por um escudo de calor, viajando à velocidade de 4 km/s. Quando for desacelerado, os paraquedas do rover serão liberados para ajudá-lo na descida.

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A última etapa da sequência de pouso deverá ter o apoio de foguetes para ajudar na desaceleração. Contudo, a missão Tianwen-1 terá duas diferenças em relação às missões dos Estados Unidos: a primeira é um telêmetro a laser para identificar a posição em relação ao terreno marciano, e a outra é um sensor de micro-ondas, que será usado para determinar a velocidade com mais precisão. Os dois instrumentos serão usados para eventuais correções de navegação enquanto a descida acontece.

Então, ao chegar ao fim da fase de descida, imagens ópticas e um sistema de lidar irão ajudar a identificar possíveis obstáculos na superfície marciana. Pouco antes de tocar a superfície do planeta, será realizada uma sequência automática para desvio de possíveis ameaças. Tudo correndo bem, a China se tornará o primeiro país a pousar um rover em Marte logo na primeira tentativa.

Fonte: Phys.org