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O que esperar do Homem-Aranha no MCU depois de Sem Volta para Casa?

Por| Editado por Jones Oliveira | 13 de Dezembro de 2021 às 18h30

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Reprodução/Insomniac
Reprodução/Insomniac
Peter Parker

A confirmação de que o acordo entre Marvel e Sony segue para além de Homem-Aranha: Sem Volta para Casa abre as portas para um novo universo de possibilidades de histórias — e nem estamos falando daquelas que o multiverso oferece. De acordo com a produtora Amy Pascal, a ideia é levar o Peter Parker de Tom Holland para uma nova trilogia ligada ao Universo Cinematográfico da Marvel (MCU, na sigla em inglês), mas o que podemos esperar disso?

De concreto, não temos absolutamente nada. Há até pouco tempo, nem mesmo o elenco sabia se retornaria para novos filmes, mas isso não é problema para quem está acostumado a se empolgar com fragmentos de informações e universos de possibilidades. Até porque o Homem-Aranha é um herói bastante versátil e os quadrinhos já mostraram o quanto esse futuro pode ser promissor.

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E uma dessas características que vimos nas HQs e que já começa a se desenhar no MCU é a própria maturidade do herói. Tanto nos cinemas quanto nos gibis, Parker começa a sua vida de herói como um adolescente que ainda precisa entender que com grandes poderes vêm grandes responsabilidades e os gibis nos mostram que isso vai nortear a vida do herói a ponto de influenciar outras pessoas e, com isso, assumir um papel de liderança no universo Marvel e de referência para novas gerações.

Parece estranho imaginar isso com um Tom Holland ainda tão jovem e com atitudes às vezes infantis — a bagunça de Sem Volta para Casa vai acontecer porque ele decide brincar com magia —, mas o próprio todo-poderoso da Marvel já deu a entender que essa deve ser mesmo a jornada do personagem e isso diz muito sobre o futuro de Peter Parker no MCU.

O Homem-Aranha da vida adulta

Em uma entrevista de 2015, quando o Homem-Aranha foi confirmado como parte do universo Marvel dos cinemas, o presidente do Marvel Studios, Kevin Feige, disse que imaginava os novos filmes como uma história de origem, mas uma saga na qual o personagem envelhece junto com o seu público. Em tese, seria algo bem parecido com o que vimos em Harry Potter, com o protagonista iniciando como uma criança ainda inexperiente até se tornar um líder respeitado.

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Na época, Feige citou especificamente o ensino médio, que é o que vimos na trilogia que se encerra em Sem Volta para Casa, mas é fácil imaginar que a lógica de amadurecimento é algo que deve não só continuar, mas se acentuar nos próximos filmes. Afinal, Parker está crescendo, assim como o próprio Holland, que já não é mais nenhum garotinho.

A partir disso, faria todo o sentido que essa nova trilogia fosse focada justamente na entrada do herói na vida adulta, lidando com responsabilidades que vão muito além daquelas relacionadas a seus poderes. A gente viu um pouco disso no filme de 2002, com o Parker de Tobey Maguire tendo que combater o crime enquanto tentava entregar pizzas e tirar fotos para o Clarim Diário para poder pagar o aluguel. No fim, os boletos chegam até mesmo para quem salva o dia.

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Esse crescimento é algo importante pois nos conecta ainda mais ao personagem. Nós acompanhamos toda sua evolução dentro do MCU desde a sua estreia em Capitão Amércia: Guerra Civil, quando surtava ao ver cada um dos Vingadores, até sua participação na batalha final contra Thanos. Assim, vê-lo crescer e se tornar não só um adulto, mas esse líder que inspira novos heróis é algo que faz muito sentido e combina bem com a jornada que vem sendo desenhada.

E se esse amadurecimento já é, por si só, interessante, ele ganha um peso maior quando acompanha o do público. Quando Kevin Feige fala dessa história contínua de crescimento, ele também se refere a isso. Da mesma forma que Parker caminha para se tornar um adulto e tem que lidar com questões maiores do que a viagem escolar e o romance com MJ, o público também passa por uma transição semelhante — e é natural esperar que o herói tenha de enfrentar situações que lhe sejam familiares.

E isso é importante porque é uma característica que acompanha o Homem-Aranha desde a sua criação nos quadrinhos, em 1962. O herói sempre foi aquele personagem com quem o público mais se identificava por causa de sua humanidade palpável. Ele não era o bilionário tecnológico, o supersoldado símbolo de uma nação ou uma divindade nórdica. Ele era apenas o nerd vítima de bullying na escola, o jovem que precisava aceitar um emprego horrível e engolir os desaforos do chefe para pagar as contas no fim do mês. Assim, por baixo daquela máscara, ele poderia ser qualquer um de nós.

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Assim, ver o herói crescer na nova trilogia e tendo de lidar com problemas mundanos também é uma forma de reforçar essa identificação. Quem tinha 15 anos quando o Homem-Aranha entrou no MCU vai estar diante dessas mesmas questões do início da vida adulta. Assim, ver o Amigão da Vizinhança ter que adotar novas responsabilidades é algo que cumpre outra função do herói: a de inspirar seu público.

Essa transição é algo que já aconteceu nas HQs. Como dito, o Homem-Aranha começou sua vida heróica como um adolescente na escola, mas as histórias fizeram o personagem crescer e o colocaram na faculdade, virando professor e até mesmo criando sua própria empresa. Paralelo a isso, Peter também teve alguns relacionamentos até se casar com Mary Jane e chegou a ter filhos — que desapareceram da continuidade da Marvel sem muita explicação.

E por mais que algumas dessas evoluções do personagem não tenham dado muito certo — muito mais por causa de roteiros ruins do que pela ideia em si —, a verdade é que o amadurecimento do Homem-Aranha é algo que faz parte da sua essência nos quadrinhos.

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Tanto que há um gibi dedicado exclusivamente a mostrar como seria a vida do herói caso ele crescesse na mesma velocidade que os leitores. Em Homem-Aranha: História de Vida, vemos esse Peter de 15 anos ser picado por uma aranha radioativa em 1962 e, a partir disso, acompanhamos seu crescimento ao longo das décadas, notando o quanto ele amadurece ano após ano.

E por mais que o MCU não esteja interessado em ser tão realista dessa forma, a verdade é que faz sentido vermos o Peter de Tom Holland entrar em uma nova fase de sua vida, com novos problemas e novas responsabilidades para lidar — o que, inevitavelmente iria impactar na sua postura como herói.

O Aranha-líder

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Só que, para essa noção toda de amadurecimento funcionar, a gente precisa de situações que mostrem isso na prática. Até agora, vimos um Peter Parker que nunca precisou lidar direito com a ideia de que grandes poderes trazem grandes responsabilidades, algo que deve ficar gravado no personagem a partir dos eventos de Sem Volta para Casa. Aliás, os rumores indicam que o longa deve acabar com o herói dizendo a famosa frase ainda inédita no MCU.

Por isso mesmo, podemos esperar que o próximo filme seja mesmo esse ponto de virada para a vida adulta do herói. E, a partir do momento em que ele entende o peso dessas palavras e as adota como um mantra, deixa de ser o garoto irresponsável em busca de uma figura paterna para realmente assumir uma posição de ainda mais destaque.

É claro que é impossível imaginar que vilões ele vai enfrentar nos próximos filmes e que arcos Sony e Marvel podem adaptar. Uma das hipóteses é que o Homem-Aranha pode liderar os Vingadores no futuro. Afinal, mais maduro e responsável, ele também carrega toda a experiência de ter enfrentado grandes ameaças cósmicas e salvado a Terra algumas boas vezes ao longo dos últimos anos. Assim, ele teria gabarito para ir ganhando destaque à medida que os demais veteranos vão saindo da equipe, como aconteceu com o Homem de Ferro e o Capitão América.

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Essa seria uma possibilidade bastante plausível, embora o acordo com a Sony dificilmente deixe a Marvel colocar um papel tão importante em um personagem que pode ter que sair de cena por questões contratuais. Além disso, vamos combinar que o Homem-Aranha funciona muito mais como o Amigão da Vizinhança, lidando com problemas urbanos e salvando pessoas do que com grandes ameaças cósmicas e coisas do tipo. Tanto que, nas HQs, as suas participações na equipe quase sempre são como um membro esporádico.

Por outro lado, há quem acredite que Parker deve partir para outro time: os Jovens Vingadores. O grupo já começa a aparecer no MCU com a chegada de Kate Bishop em Gavião Arqueiro e sabemos que a Ms. Marvel está com o passaporte carimbado para estrear, então não seria difícil imaginar o Escalador de Paredes em meio a essa garotada.

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Por outro lado, caso o MCU realmente trabalhe essa jornada de amadurecimento, pode ser que tenhamos um Parker em um momento diferente da vida do que os Jovens Vingadores, o que o deixaria deslocado dos demais. Afinal, enquanto Kamala Khan está preocupada em não perder o horário da aula, Peter está pensando nos boletos que estão vencendo e em não perder o emprego.

Assim, o caminho mais plausível para os próximos passos do Homem-Aranha no MCU é ele assumindo um papel de inspiração para novos heróis. Assim como essa molecada, Peter também começou sua carreira heróica como um adolescente e chegou a esse posto de personagem respeitado por todos depois de tudo o que passou. Assim, seria natural vermos o agora rapaz sendo admirado por essa geração que acabou de chegar.

Um novo Aranha

E por que isso é importante? Narrativamente falando, todo esse ciclo pode culminar em um momento muito aguardado pelos fãs: a chegada de Miles Morales.

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Não é de hoje que o pessoal pede para que o personagem faça sua estreia em live action, ainda mais depois do sucesso de Homem-Aranha no Aranhaverso. E, pensando na jornada de amadurecimento de Peter Parker, faria todo o sentido ele inspirar um jovem garoto com poderes semelhantes e passar o bastão para assumir responsabilidades que vão muito além daqueles relacionados ao uniforme.

Essa transição é algo que faz muito sentido. A Marvel não é muito conhecida pelos heróis de legado, como acontece com a DC, mas a relação Peter e Miles é o que mais carrega esse simbolismo geracional dentro da editora. O próprio Aranhaverso explorou isso ao mostrar os dois interagindo e a relação desse herói cansado ao lado do jovem cheio de disposição. Até mesmo nos videogames tivemos essa questão sendo abordada no excelente Marvel’s Spider-Man, de PlayStation 4.

Dessa forma, é totalmente plausível imaginarmos o Homem-Aranha de Tom Holland entrando na vida adulta nesta nova trilogia para, em seu último filme, passar o bastão de teia para Miles. Levando em conta que o herói vai estar já na casa dos seus 30 e tantos anos quando isso acontecer, é um momento bastante propício e a Marvel não precisa nem matar o herói para isso — como vimos aos borbotões nessa transição de fase 3 e 4 do MCU. Parker poderia se aposentar porque virou pai, por exemplo.

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Isso culminaria em todo o processo de crescimento e amadurecimento que falamos até agora. De um lado, ele se tornaria alguém respeitado por toda a comunidade heróica, principalmente a nova geração de personagens que vai chegar nos próximos anos. Do outro, deixaria de ser o garoto em busca de aprovação de uma figura paterna para ser esse mentor.

Com isso, o MCU poderia até replicar alguns momentos das HQs, como quando o Homem-Aranha dá a maior bronca no Demolidor por causa de seu comportamento errático ou mesmo quando colocou ordem nos Vingadores, que estavam culpando Miles Morales por uma missão que deu errado. Assim, veríamos Parker se impondo e mostrando o quanto ele cresceu nesse tempo todo que o acompanhamos nas telas.

Ao mesmo tempo, esse crescimento também seria muito mais pessoal. A ideia de que grandes poderes trazem grandes responsabilidades é algo que não se limita a feitos sobre-humanos.

Mais uma vez, a essência do personagem é a identificação com o público, então a nova trilogia poderia se encerrar com Parker entendendo que o maior poder que ele tem em mãos naquele momento seria a paternidade, por exemplo, e isso exige uma responsabilidade muito maior do que se pendurar pelos céus de Nova York — ainda mais depois de todas as perdas que ele teve por causa dessa vida heroica.

Essa é uma saída que mantém a abordagem da identificação e sem abrir mão de nenhuma parcela do público. Assim, os fãs mais velhos teriam um herói com que se relacionar na figura de Peter Parker, enquanto a nova geração encara os dilemas adolescentes de Miles Morales.

E embora ninguém tenha dito nada, é bem provável que vejamos essa mudança do Homem-Aranha de Peter para Miles Morales acontecendo no fim dessa trilogia, seja por causa do peso narrativo do legado quanto por questões contratuais. O Aranha de Tom Holland pertence à Sony, mas ficou muito atrelado ao MCU e ao Marvel Studios, de modo que foi praticamente impossível desassociá-lo para criar um universo cinematográfico próprio, como era planejado.

Dessa forma, criar um arco narrativo que culmine na ascensão de Miles seria a saída perfeita para ter um novo Homem-Aranha nas telas tão popular quanto o original e ligado a ele e ao MCU, mas que pode ser usado com mais liberdade com personagens como Venom, Morbius e o que mais vier por aí.

Ainda assim, tudo isso é meramente especulativo. Como dito antes, não temos nada de concreto sobre o futuro do Homem-Aranha nos cinemas, seja ele qual for. Porém, isso não quer dizer que não haja possibilidades muito interessantes para isso acontecer no futuro. Mesmo que muita coisa ainda possa acontecer dentro e fora das telas, o Homem-Aranha tem muita história para contar.