Publicidade

Crítica - Capitão América: Guerra Civil

Por| 25 de Abril de 2016 às 16h00

Link copiado!

Crítica - Capitão América: Guerra Civil
Crítica - Capitão América: Guerra Civil

Capitão América: Guerra Civil é a perfeita junção dos elementos de sucesso do longa Soldado Invernal, também dirigido pelos irmãos Anthony e Joe Russo, com o melhor já visto dos Vingadores. Repleta de cenas de ação de tirar o fôlego, piadas divertidas e uma linha narrativa precisa, a adaptação de uma das sagas dos quadrinhos mais aclamada pelos fãs ganha um tom mais pesado ao lidar com o fracasso dos próprios heróis, suas responsabilidades, o pesar da morte e não distinguir precisamente qual lado está correto.

Na trama, os Vingadores começam a ser questionados pelos seus atos de vigilância, que sempre deixam um rastro de destruição e tragédia, assim fazendo com que vários países da ONU criem o Acordo de Sokovia, lei que registra os super-heróis como funcionários que só entram em ação se forem chamados por alguma das nações que participam do tratado. Entretanto, Homem de Ferro (Robert Downey Jr.) e Capitão América (Chris Evans) divergem sobre a situação, colocando os dois em confronto, principalmente quando o Soldado Invernal (Sebastian Stan) se torna suspeito de um atentado terrorista.

Apesar de ter a diversão típica dos longas do Universo Cinematográfico da Marvel, Guerra Civil tem um tom mais pesado do começo ao fim. Os Irmãos Russo fazem o caminho contrário do que Joss Whedon adotou nos dois filmes dos Vingadores. Eles mostram a violência dos eventos que os super-heróis tentam impedir, seja com explosões que vitimam vários cidadãos ou na tortura psicológica causada ao Bucky, não escondendo o sangue dos inocentes. Essa perspectiva cinza conduz o clima de desconstrução da equipe e torna o confronto de ideais mais crível. A abordagem não torna nenhum dos dois lados correto, deixando para o telespectador a missão de torcer por Tony Stark ou Steve Rogers.

Continua após a publicidade

O elenco gigantesco do filme apresenta novos personagens, que possuem tempo de tela relativo à importância na trama. O engravatado Everett Ross de Martin Freeman é o que menos aparece, sendo pontual ao que o papel requisita, mas pouco aproveita o talento do ótimo ator britânico. Quem ganha uma nova face nas telonas é Helmut Zemo (Daniel Brühl), mas que é totalmente coerente à trama e não deixa nada devendo ao personificar o ardiloso vilão. Entretanto, quem tem mais destaque é o príncipe de Wakanda, T'Challa (Chadwick Boseman). Em traje civil, o wakandiano mantém sua postura real em sua fala precisa e calma, no olhar determinado e nas palavras de sabedoria. Como guerreiro, ele é ágil, forte e resistente, já que seu traje é forjado em vibranium. É impossível não ficar empolgado com o que é apresentado do Pantera Negra.

Contudo, quem rouba a cena é o Homem-Aranha (Tom Holland), que não deixa um pingo de saudades das interpretações que o personagem recebeu anteriormente. Durante o tempo de tela fica claro que ele tem o estilo sem jeito e nerd do clássico Peter Parker, não sabendo lidar com esse mundo espetacular que ele agora faz parte, além do humor descontraído e falastrão durante os combates. O roteiro não perde tempo explicando a origem do jovem nem como ele adquiriu seus poderes, já que o público conhece essa história de cor e salteado. Além disso, a estranheza que o telespectador poderia ter ao ver a bela Marisa Tomei como Tia May é resolvida com uma piada irônica que mal dá tempo de questionar uma versão tao jovial para a senhora.

Não são só os novatos que ganham destaque na trama. Além do triângulo principal formado por Tony-Steve-Bucky, outros Vingadores são muito bem desenvolvidos. Visão (Paul Bettany) tenta ser o mais racional possível, mas novos sentimentos começam a dominar a mente do sintozóide; Wanda (Elizabeth Olsen) é peça-chave nas missões da equipe, mas não é tão bem vista pelo público; a Agente Sharon Carter (Emily VanCamp) ganha destaque e importância digna ao que a personagem representa nas histórias do Capitão América; e o Homem-Formiga rende cenas de ação hilárias ao usar seus poderes em prol do time.

Continua após a publicidade

A fluidez das cenas de ação que os Irmãos Russo apresentaram em Soldado Invernal reaparece em Guerra Civil. Nas perseguições e nos combates corpo-a-corpo, os movimentos rápidos e repentinos conduzem a câmera, assim tornando os confrontos mais simples em algo épico, da mesma forma que os grandes confrontos que conduzem o terceiro ato da trama, com direito a ótimos fan service. Entretanto, os efeitos visuais não são tão precisos quando o fundo verde é majoritariamente o que ocupa a tela. Fica perceptível em vários momentos um mal acabamento nas cenas, seja na forma que a cabeça de Tony Stark aparece na armadura ou num fundo claramente artificial.

Capitão América: Guerra Civil não conseguiria trazer os mesmos elementos que a saga dos quadrinhos trabalha para a telona, já que os dois universos são bastante diferentes, mas não deixa a desejar quando questiona os próprios heróis nem ao apresentar uma abordagem mais pesada ao que a Marvel Studios está acostumada. Os Irmãos Russo desconstroem a vida feliz dos Vingadores numa trama que permite apresentar elementos importantes para as próximas produções do estúdio. Se na vida real guerra alguma costuma ter vencedor, aqui há um vitorioso: o público.