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Retrospectiva | As 5 melhores matérias de comportamento de 2020

Por| 05 de Janeiro de 2021 às 08h20

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 Laurenz Kleinheider / Unsplash
Laurenz Kleinheider / Unsplash

2020. Um ano intenso, estressante, cheio de perdas e de mudanças. É inevitável que a pandemia de COVID-19 tenha feito uma verdadeira revolução nas nossas vidas, chegando a afetar não apenas a saúde física de muita gente, mas também a saúde mental e o comportamento, assunto este que o Canaltech cobriu com muito cuidado e delicadeza ao longo do ano.

Dito isso, trazemos uma retrospectiva das principais matérias sobre comportamento presentes no Canaltech durante 2020:

Cultura do cancelamento

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Você já viu alguém ser "cancelado" nas redes sociais, ou pelo menos já ouviu que um determinado artista foi "cancelado"? Para você ter uma noção da dimensão que esse termo tomou, em 2019, "cultura do cancelamento" foi eleito como o termo do ano pelo Dicionário Macquarie, que todos os anos seleciona as palavras e expressões que mais caracterizam o comportamento de um ser humano.

Em 13 de maio de 2020, decidimos esclarecer de uma vez por todas o que significa cancelar alguém e o que exatamente é essa cultura do cancelamento. Então vamos lá: se um artista, uma celebridade ou um influenciador digital foi cancelado, o que isso quer dizer? Uma pessoa ser cancelada significa que ela fez ou disse algo errado, que não é tolerado no mundo de hoje, em que muitas pessoas passaram por essa desconstrução social. Esse termo envolve todas as redes sociais, mas é muito mais forte no Twitter.

Na época dessa matéria, o Canaltech conversou com Diogo Soares, bacharel em ciências sociais pela USP e gerente de projetos na área digital e redes sociais há mais de 10 anos. "A cultura do cancelamento se difere dessas outras manifestações políticas porque ela se dá em um ambiente privado, na conversa com uma rede social que é privada e que, apesar de ter um caráter público no sentido de que as pessoas estão em um espaço público, o cancelamento das pessoas como um banimento se dá no sentido de uma conta, um serviço, de uma funcionalidade — muito mais no ambiente privado de quem está se mobilizando", explicou.

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Bloquear o ex nas redes sociais é a melhor escolha?

Lembra janeiro de 2020, quando a gente ainda tinha esperança de ter um bom ano e nem cogitava a ideia da COVID-19 chegando no Brasil? Muitos ainda nem tinham ouvido falar do vírus! Então. Em 30 de janeiro, nessa época que agora nos deixa apenas saudades, fizemos uma matéria sobre bloquear o ex nas redes sociais e levantamos a seguinte questão: é necessário excluir/bloquear o ex das redes sociais ou não?

Na ocasião, quem nos ajudou a chegar a uma conclusão foi a Adriana Nunan, doutora em Psicologia Clínica e co-autora da obra Relacionamentos Amorosos na Era Digital. Para ela, todo término de relacionamento é um luto. “Precisamos de tempo para refletir sobre o que deu certo, o que deu errado, o que não queremos repetir em relacionamentos futuros. E para fazer isso precisamos ter um certo distanciamento do outro, coisa que a rede social não nos permite”.

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Seria muito legal se desse para bater o martelo e falar “Pare de seguir o seu ex” ou “Não exclua o seu ex”, mas acontece que não é tão fácil assim. As pessoas são diferentes e cada relacionamento tem sua história, afinal. A própria Adriana diz que não há certo e nem errado, e orienta a fazer aquilo que te deixa mais confortável. Pode, por exemplo, em vez de excluir, apenas restringir o acesso da pessoa às suas redes. O problema maior surge quando o(a) ex tem muitos amigos (ou, pior, parentes) em comum com você, porque as outras pessoas podem postar fotos onde você aparece, o(a) ex vai ver e você não tem como controlar isso.

Na época, também conversamos com Denise Figueiredo, psicóloga e sócia-diretora do Instituto do Casal, organização que se dedica a pesquisas e educação em relacionamentos e sexualidade humana. Ela apontou que, se a rede social for um problema para o casal, o ideal é deixar de seguir. “Deixando de seguir, a pessoa não precisa ver o que a outra está fazendo, mas caso precise de algo com urgência em relação aos filhos continuará a ter acesso. Como as redes sociais têm o intuito de deixar a vida como um “livro aberto”, a decisão de não participar desse livro é totalmente plausível”, afirmou.

Orgasmos mentais

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Sabe quando você está assistindo alguns vídeos aleatórios no YouTube (ou mesmo no feed de alguma rede social) e aparecem aquelas cenas com areia cinética ou slime, e seja pela simetria dos cortes, seja pelo som produzido pelo contato entre a mão e a massa, seja por toda a lentidão da coisa, aquele conteúdo acaba te prendendo por incontáveis minutos, deixando aquela sensação de satisfação? A gente apelida isso carinhosamente de "orgasmo mental", e no dia 7 de julho fizemos uma matéria justamente apresentando esses vídeos satisfatórios.

Na ocasião, em conversa com Dr. Wimer Bottura, psicoteraeuta e presidente da Associação Brasileira de Medicina Psicossomática-ABMP, entendemos que no que diz respeito a ASMR (Resposta Sensorial Autônoma do Meridiano), a área que pode estar envolvida com isso no cérebro chama-se núcleo accumbens, que é a área de gratificação do cérebro.

"Muitas coisas que dão sensação de prazer na verdade são alívio. O que a gente tem mais é dedução e interpretação do resultado que esses vídeos apresentam na prática. Então se eles relaxam, a gente pode prever que há um motivo de tensão nas pessoas, já que você só relaxa se houver tensão. Mas, possivelmente, são tensões moderadas, e esse procedimento com barulhos rítmicos, repetitivos e familiares proporciona esse relaxamento", explicou o especialista.

Além de todo o estímulo visual e auditivo, um dos aspectos mais apreciados desse tipo de vídeo é a simetria, e questionado sobre o efeito que os conteúdos com simetria, o Dr. Bottura explicou que uma das fontes de ansiedade envolve coisas em aberto, não solucionadas, e que a assimetria traz essa sensação de coisa mal resolvida, enquanto a simetria traz alívio.

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COVID-19: consequências neurológicas

Em 15 de julho, pesquisadores norte-americanos desenvolveram um estudo referente ao efeito da COVID-19 no sistema nervoso, que classifica os danos cerebrais causados em três estágios. O primeiro estágio diz respeito aos danos causados pelo vírus, sendo limitado às células do nariz e da boca. Nesse caso, os principais sintomas incluem perda transitória de olfato e paladar.

Já o segundo estágio apontado pelos estudiosos fala sobre a inflamação que começa nos pulmões e viaja via vasos sanguíneos por todos os órgãos do corpo, levando à formação de coágulos sanguíneos que causam pequenos ou grandes derrames no cérebro. Por sua vez, o último estágio é quando ocorre uma explosão de toxinas celulares nos vasos sanguíneos do cérebro. Como resultado, os pacientes desenvolvem convulsões, confusão mental, coma ou encefalopatia.

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No artigo, Dr. Majid Fotuhi, neurologista e diretor do NeuroGrow Brain Fitness Center recomendou mais pesquisas sobre os efeitos de longo prazo da COVID no cérebro e enfatizou a necessidade de os pacientes receberem uma ressonância magnética cerebral antes de deixarem o hospital.

Ele ainda ressaltou em meio ao estudo que muitos pacientes com COVID-19 podem não apresentar sintomas neurológicos perceptíveis no início, mas em alguns casos, os pacientes podem apresentar tais alterações mesmo antes de apresentar febre, tosse ou falta de ar. Além de realizar uma ressonância magnética no hospital, o autor do esstudo apontou que os pacientes precisam ser monitorados alguns meses após a hospitalização. Nós mencionamos as consequências neurológicas no especial sobre o impacto da pandemia na saúde mental da população, lançado em outubro (Parte 1, parte 2).

Saúde mental no isolamento social

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Com a chegada da COVID-19 no Brasil, muitos hábitos passaram por alterações, uma vez que tivemos que nos isolar socialmente. Em 20 de março, fizemos uma análise sobre o impacto desse isolamento social na saúde mental da população, e as melhores formas de lidar com isso. E para chegar a essa compreensão, a equipe conversou com os psicólogos Nataly Martinelli e Rafael Rodrigues.

Para Rafael, o ser humano é um ser social por natureza, e o isolamento social em si não deve ser visto como a causa de um sofrimento emocional, mas como um deflagrador de um sentimento que estava latente, ou seja, estava obscurecido pela sensação irrefletida de não solidão. "Nesse caso, o acompanhamento psicológico é fundamental para que a pessoa compreenda si quais mecanismos esse isolamento social despertou nela em termos emocionais e para lidar com este momento de maneira mais fortalecida", apontou, na ocasião.

Nataly, por sua vez, mencionou que o principal apoio psicológico é estar em contato com profissionais da saúde mental, seja dando continuidade a um tratamento em andamento, iniciando um novo ou até mesmo absorvendo conteúdos via sites, redes sociais e livros. "Além disso, é fundamental ter um canal aberto de comunicação com as pessoas que moram com você para que as relações afetivas e emocionais sejam mantidas", esclareceu a psicóloga.

Na ocasião, trouxemos algumas ideias para aproveitar esse tempo de quarentena, com atividades e soluções com potencial para trazer um alívio em meio ao caos: fazer terapia online, aprender coisas novas (como culinária ou idioma, assistir coisas com os amigos virtualmente e fazer atividades físicas em casa).