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Crítica Jogos Vorazes: A Cantiga | Prequel é bem construído e dá força à saga

Por| Editado por Durval Ramos | 14 de Novembro de 2023 às 20h00

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Lionsgate
Lionsgate

É pouco provável encontrar alguém que, pelo menos, não tenha ouvido falar em Jogos Vorazes. A adaptação cinematográfica dos livros homônimos de Suzanne Collins é considerada uma das melhores dos últimos tempos e, para felicidade dos fãs, Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentesé mais mais um excelente capítulo da saga.

Também dirigido por Francis Lawrence (que assinou Em Chamas), o longa é uma prequência das histórias apresentadas, e mostra um pouco mais sobre a origem da competição e do lado sombrio de Coriolanus Snow, o vilão da saga.

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Brilhante em sua maioria, o filme tem um bom ritmo e, apesar de prender o público por duas horas e meia no cinema, não cansa. Para começar, o primeiro ato se debruça sobre a infância e a juventude miserável de Snow, aqui vivido por Tom Blyth, e a expectativa que ele tinha de ser escolhido como um dos melhores alunos da capital e ganhar um prêmio que mudaria sua vida.

Isso, no entanto, não acontece e ele é obrigado a se tornar mentor de um tributo do Distrito 12. A sorteada é Lucy Gray, uma cantora de um bando itinerante que não aparenta ter a menor chance de vencer o jogo. Vivida com maestria por Rachel Zegler, a jovem é meiga e forte ao mesmo tempo e protagoniza a maior parte da trama ao lado de Snow. Suas canções embalam o longa e, felizmente, ajudam no ritmo, sem se tornarem em uma baboseira qualquer.

O segundo ato mantém o ritmo e foca na disputa em si, mostrando a aproximação afetiva de Snow e Lucy, e os pormenores desse jogo tão macabro quanto sádico que busca entreter uma minoria privilegiada. Vale ressaltar que a crítica social é feita a partir desse ponto. Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes é uma mistura de Big Brother com Round 6 e mostra que o público não se importa em assistir a um espetáculo cruel, desde que ele os entretenha.

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Por fim, o terceiro ato é o que mais destoa do restante da história e onde a narrativa perde fôlego. A sensação que fica é que as duas primeiras partes foram tão intensas e rápidas, cheias de cenas de ação, que o final ficou morno. Nessa parte, Snow e Lucy já sobreviveram aos jogos e agora tentam encontrar uma maneira de ficarem juntos.

O problema é que, além de terem que deixar tudo para trás, Snow não se sente confortável em renunciar seu legado de membro da Capital. Sem entrar em muitos detalhes aqui para não estragar a experiência do leitor, o que se pode dizer é que o desfecho é muito mais carregado de drama e romance que todo o resto do filme, o que faz parecer que estamos vendo outro capítulo da história.

Outro ponto que incomoda é que, embora a prequência não tenha sido criada para “limpar a barra” do vilão e redimi-lo, o personagem é construído como alguém minimamente bom nas duas primeiras partes, com erros e acertos, é claro, mas com atitudes totalmente compreensíveis. No final, no entanto, ele é tomado por uma revolta que o faz se tornar o grande antagonista da saga. O problema é que, mesmo que Snow tenha sofrido com injustiças sociais, todos os motivos apresentados parecem fracos para justificar sua crueldade futura.

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Viola Davis vive um Willy Wonka cruel

Deixando o enredo um pouco de lado e focando no elenco, é preciso dizer que duas adições à saga chamaram a atenção. A primeira é de Viola Davis (A Mulher Rei) como a Dra. Volumnia Gaul, uma cientista especializada em táticas de guerra e responsável por criar algumas provas da competição. É dela a autoria da criação das cobras assassinas e dos pássaros dedos duros.

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Como não poderia deixar de ser, Davis brilha novamente em cena e, mesmo espremida na trama, consegue entregar todo seu talento como a cientista excêntrica com um quê de Willy Wonka — personagem em quem foi inspirada. Outro talento que se destaca é Peter Dinklage (Game of Thrones) como Casca Highbottom, um dos idealizadores dos Jogos Vorazes que, ao lado do pai de Snow, criou a competição sem saber o rumo que ela tomaria. Mergulhado em culpa, frustração e angústia, ele encontra na bebida e nas drogas a solução para o seu problema.

Os protagonistas, por sua vez, também não fazem feio. Rachel Zegler é mais consistente e consegue muito bem oscilar entre a doçura e a dureza para criar as camadas necessárias de sua Lucy Gray. Com apenas 22 anos, a atriz mostrou que não se acanha frente a um desafio tão importante como o de protagonizar um filme da saga, e deixou claro que provavelmente será uma ótima Branca de Neve no live action da Disney que estreará em 2024.

Tom Blyth (Robin Hood) também não desagrada, ainda que seu Snow fique um pouquinho caricato nos momentos de fúria. Mas vale dizer que o grande problema do personagem está na construção do seu arco e não necessariamente na atuação de Blyth.

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Prequência é ágil como serpentes e bonita como pássaros

Por fim, com bons acertos de adaptação e execução, Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes é mais um ótimo capítulo da saga e dá força à franquia à medida que acrescenta informações sobre a origem dos jogos e a trajetória de um dos personagens mais importantes da história.

Lawrence conseguiu condensar bem as mais de 500 páginas do livro homônimo na tela, e guiou com precisão o elenco para que eles entregassem o melhor em cena, sem perder o ritmo rápido. Falando dos efeitos especiais, eles também não fazem feio e o filme se preocupa em criar ótimas cenas de batalhas, poupando o espectador do detalhes gráficos. A sonoplastia, por sua vez, se torna quase um personagem e é essencial para quebrar os momentos mais lentos e prender a atenção do público.

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Quem quiser assistir à trama, não irá se decepcionar e curtirá ainda mais a história se puder vê-la em uma sala IMAX. Lembrando que Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpenteschega aos cinemas no dia 15 de novembro.