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Cientistas regeneram crânio de camundongo com células-tronco de galhada de cervo

Por| Editado por Luciana Zaramela | 15 de Março de 2023 às 10h07

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Lilly M,/CC-BY-S.A-3.0
Lilly M,/CC-BY-S.A-3.0

Cientistas chineses conseguiram, com a colaboração de diversos institutos de pesquisa do país, descobrir uma maneira de regenerar órgãos em mamíferos utilizando blastemas, células progenitoras de regeneração retiradas da galhada de cervos. Um estudo publicado no periódico científico Science descreveu o uso de tais células em reparo clínico de ossos em camundongos, com potencial de uso em medicina regenerativa para ossos longos, esqueletos e membros.

Em nós, humanos, as capacidades renegerativas são bem limitadas, presentes principalmente no fígado, órgão que, caso tenha uma parte removida, começa a crescer até voltar a ter o tamanho funcional original. Pulmões, pâncreas e rins também conseguem realizar o feito, mas com uma eficiência bem menor e não até sua totalidade.

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Regeneração no mundo animal

Alguns animais possuem habilidades muito mais impressionantes, como os lagartos, que renegeram sua cauda, o peixe-zebra, que regenera nadadeiras, lagostas, que regeneram as pinças, e axolotes ou salamandras, que reconstroem órgãos, medula espinhal, membros e até mesmo tecido cerebral perdido. Há, ainda, as hidras, animais marinhos que regeneram uma cabeça inteiramente nova quando cortadas no meio, mas pensar nisso para mamíferos geraria discussões filosóficas complexas demais sobre o conceito de "ser".

Entre os mamíferos, há uma criatura que, rotineiramente, regenera uma parte do corpo — o cervo. Sua galhada cresce novamente todos os anos, com tecidos vivos cheios de vasos sanguíneos e nervos, envolvendo uma estrutura óssea que cresce rapidamente. Uma estrutura similar aos blastemas foi notada durante essa regeneração quando observada em laboratório, parecida com as estruturas envolvidas na recuperação de membros em anfíbios.

Isso sugere que os vertebrados possuem uma característica biológica comum, ligada à regeneração de membros. Os cientistas, então, se voltaram a outro mamífero, o camundongo, que consegue regenerar a ponta dos dedões das patas dianteiras. As estruturas regenerativas dos cervos foram identificadas nesses membros dos roedores, mas não nos dedos que não se regeneravam. Os genes responsáveis também eram diferentes dos encontrados nos membros de axolotes e nadadeiras de peixes-zebra.

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Conforme os achados, então, existem mecanismos moleculares e celulares relativamente conservados nos dois únicos casos conhecidos de capacidade regenerativa de órgãos apêndices em mamíferos. Em outras palavras, os genes responsáveis seriam os mesmo apenas nestes animais.

Os pesquisadores sequenciaram galhadas de cervos em diferentes estágios de regeneração, especificamente, 74.730 células de cervos-sika (Cervus nippon), com conexões notáveis entre os tipos de células cruciais para a regeneração em sapos e axolotes, bem como dedões de camundongos. O experimento concluiu, então, com a inserção de células progenitoras de cervos na cabeça de camundongos de laboratório.

As formações cartilaginosas semelhantes às das galhadas surgiram no topo dos crânios dos roedores, não vindo de tecidos locais, mas sim crescendo a partir das células-tronco transplantadas, mostrando que os cientistas conseguiram isolar os tipos de célula essenciais para a regeneração. É um primeiro passo importantíssimo para o desenvolvimento da medicina regenerativa em mamíferos maiores, como nós, humanos.

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Fonte: Science via Phys.org