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Rãs regeneraram pernas amputadas em experimento científico

Por| Editado por Luciana Zaramela | 31 de Janeiro de 2022 às 15h50

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Sandy Millar/Unsplash
Sandy Millar/Unsplash

Pesquisadores norte-americanos conseguiram estimular rãs da espécie Xenopus laevis — conhecidas popularmente como rã-de-unhas-africana — a regenerarem pernas que foram amputadas. Para estimular o crescimento dos membros no experimento, os cientistas usaram um coquetel com diferentes medicamentos e um tampão de silicone que impedia a cicatrização.

Publicado na revista Science Advances, o estudo que promoveu a regeneração de pernas de rãs foi liderado por pesquisadores da Universidade Tufts e da Universidade Harvard, nos Estados Unidos. O feito poderá, no futuro, ser traduzido em novas terapias de cura para humanos.

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"A regeneração de membros é uma fronteira na ciência biomédica. A identificação de gatilhos de respostas morfogenéticas inatas in vivo para induzir o crescimento de tecido padronizado saudável atenderia às necessidades de milhões de pacientes, de diabéticos a vítimas de trauma. Organismos como Xenopus laevis — cujas capacidades regenerativas limitadas na idade adulta espelham as dos humanos — são modelos importantes para testar intervenções que podem restaurar a forma e a função", afirmam os autores do estudo.

Entenda o estudo

Inicialmente, a equipe de cientistas amputou cirurgicamente as pernas das rãs e, em seguida, aplicou uma tampa de silicone nas feridas abertas. Este tampão foi apelidado de BioDome. Foi justamente a tampa que "liberava" um coquetel de cinco medicamentos — incluindo hormônios de crescimento — que estimulavam, por exemplo, o crescimento de nervos e de músculos. Além disso, um dos medicamentos impedia que os animais produzissem colágeno, o que poderia promover a cicatrização das feridas.

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“Usar o BioDome, nas primeiras 24 horas, ajuda a imitar um ambiente amniótico, que, junto com os medicamentos certos, permite que o processo de reconstrução prossiga sem a interferência do tecido cicatricial”, explicou David Kaplan, professor de engenharia da Universidade Tufts, em comunicado.

Vale explicar que embriões e fetos se desenvolvem em um saco amniótico durante a gravidez. A ideia da equipe era simular essas condições para que as rãs conseguissem se regenerar, como um embrião crescendo.

Segundo os cientistas, as novas pernas eram semelhantes às pernas normais. Inclusive, possuíam uma estrutura óssea semelhante, mas não foi possível desenvolver os dedos. Independente disso, os membros regenerados permitiram que as rãs nadassem novamente. Todo o processo durou 18 meses.

Regeneração com remédios também é possível em humanos?

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"É emocionante ver que as medicações que selecionamos estavam ajudando a criar um membro quase completo", afirmou Nirosha Murugan, uma das autoras do estudo e pesquisadora da Universidade Tufts. “O fato de que foi necessária apenas uma breve exposição às medicações para iniciar um processo de regeneração de meses sugere que rãs e, talvez, outros animais possam ter capacidades regenerativas adormecidas que podem ser acionadas”, completa, sobre os próximos rumos da pesquisa.

Vale explicar que rãs e humanos não conseguem se regenerar como as salamandras. Por exemplo, corpos humanos fecham feridas abertas e podem até usar células-tronco para regenerar partes do fígado, mas não conseguem fazer um novo membro surgir "do nada". Uma das explicações pode ser a lata complexidade dos seus membros.

Agora, novas pesquisas devem avaliar a capacidade de regeneração em outras circunstâncias e até de outros membros em fase pré-clínicas. No futuro, experimentos podem ser testados em humanos para a recuperação de pessoas que perderam algum membro.

Fonte: Science AdvancesTufts University