Publicidade

Por que Renegade deixou de vender tanto e Tracker assumiu liderança nos SUVs?

Por| Editado por Jones Oliveira | 15 de Janeiro de 2023 às 11h00

Link copiado!

Paulo Amaral/Canaltech
Paulo Amaral/Canaltech

A lista final dos SUVs mais vendidos do Brasil em 2022 comprovou uma tendência que teve início no último trimestre do ano: o crescimento dos números do Chevrolet Tracker e a queda vertiginosa do Jeep Renegade, campeão do segmento em 2019, 2020 e 2021. Mas por que será que isso aconteceu?

Antes de tentarmos explicar os motivos que levaram à diminuição brusca das vendas do modelo da Stellantis e a ascensão do SUV produzido pela General Motors, porém, vamos aos números alcançados pelos dois modelos na somatória de todos os meses de 2022.

O Chevrolet Tracker encerrou o ano com 70.806 novas unidades vendidas, quase 20 mil carros a mais do que o Jeep Renegade, que registrou 51.398 carros emplacados entre janeiro e dezembro de 2022. A mudança de cenário fica nítida quando comparamos com os números dos dois modelos no ano anterior.

Continua após a publicidade

Em 2021, o Jeep Renegade só não fechou o mês na liderança do segmento de SUVs em cinco oportunidades: março, agosto, setembro, novembro e dezembro. Mesmo assim, figurou sempre entre os mais vendidos e, por isso, fechou o ano como campeão de emplacamentos, com 73.927 novas unidades vendidas.

O modelo da General Motors, por sua vez, sofreu com a falta de semicondutores e outros insumos, e acabou terminando 2021 fora do pódio em seu segmento, com 50.763 SUVs vendidos, atrás do Volkswagen T-Cross (3º) e do Hyundai Creta (2º).

Então o que mudou em 2022 para o Tracker colocar quase 20 mil carros de vantagem sobre o Renegade?

Continua após a publicidade

A queda do Jeep Renegade

A resposta para essa pergunta pode ser dividida em duas, mas que são interligadas. Os motivos para a queda nas vendas do Jeep Renegade compõem a primeira parte da explicação para esta mudança de cenário.

O principal motivo foi o mesmo que provocou a aposentadoria de alguns carros no Brasil: as mudanças que passaram a vigorar com a nova fase do Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos). Isso obrigou a Jeep a abandonar o motor 1.8 que equipava a versão Sport da Renegade, campeã em vendas, pelo 1.3 turbo flex.

Em entrevista ao Uol, Cassio Pagliarini, sócio da consultoria especializada Bright Consulting, pontuou que, embora o novo motor que equipa o Jeep Renegade seja mais eficiente, também é mais caro para ser produzido. Isso acaba refletindo no preço final repassado ao consumidor e, consequentemente, no número de vendas.

Continua após a publicidade

Além da troca de motor, uma mudança de estratégia da Stellantis também pode ter contribuído para a queda nas vendas do Renegade. A montadora dona da Jeep reposicionou o SUV para uma categoria mais elevada, a fim de impulsionar as vendas de outros dois modelos: Pulse e Fastback. O contraponto foi justamente a queda nas vendas do Renegade.

O terceiro e último ponto relacionado ao porquê de o Renegade ter caído nas vendas e aberto espaço para o Chevrolet Tracker crescer no mercado está na escassez de insumos. A Jeep vem sofrendo do mal que prejudicou justamente o modelo da GM em 2021 e, devido à falta de peças, não tem conseguido entregar o Renegade aos clientes. A fila de espera, dependendo do modelo, pode chegar a cerca de três meses.

Continua após a publicidade

A ascensão do Chevrolet Tracker

Além dos motivos citados, ligados diretamente ao Jeep Renegade, há também pontos que dizem respeito ao Chevrolet Tracker para justificar essa troca de posições no ranking dos SUVs mais vendidos do Brasil. Afinal, nem só por conta dos problemas do modelo da Stellantis o mercado apresentou esta mudança. O SUV da GM tem muitos méritos na história.

Segundo Pagliarini, o primeiro ponto para justificar a ascensão do Tracker é exatamente o mesmo que explica a queda do Renegade: as novas exigências em relação à emissão de poluentes. A diferença favorável ao SUV da GM é que o Tracker, oferecido nas versões com motor 1.0 turbo ou 1.2 turbo, já estava adequado às mudanças e, portanto, não precisou de alterações.

Continua após a publicidade

O especialista da Bright Consulting lembrou ainda que a GM chegou a ficar cinco meses sem produzir o Tracker em 2021 por conta da crise de semicondutores e, para recuperar o tempo perdido, apostou em uma estratégia agressiva de marketing, tanto em promoções quanto em pacotes de acessórios para o modelo. E o resultado veio com a retomada do mercado em 2022.

Renegade x Tracker: novo round em 2023

A expectativa, agora, é ver como dois dos mais procurados SUVs do Brasil se comportarão no mercado em 2023. A Chevrolet prepara mudanças e pode trazer para o Brasil a versão RS do SUV, dotada de um motor mais potente - 1.5 turbo Ecotec -, capaz de gerar até 184 cavalos e 25,5 kgfm de torque.

A Stellantis, por sua vez, terá que tirar um “coelho da cartola” e repensar as estratégias adotadas em relação ao Jeep Renegade para não ver o antigo campeão em vendas do segmento despencar ainda mais no ranking. O que será que vem por aí?