Spotify remove conteúdo de RT e Sputnik e fecha escritório na Rússia
Por Alveni Lisboa | Editado por Douglas Ciriaco | 03 de Março de 2022 às 12h45
O Spotify anunciou o fechamento do seu escritório na Rússia e decidiu remover da plataforma os conteúdos publicados nos canais da Russia Today (RT) e Sputnik. Os dois veículos de comunicação são financiados pelo Estado russo e são acusados de divulgar notícias de interesse do Kremlin e espalhar desinformação.
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O serviço de streaming musical diz que revisou milhares de conteúdos de perfis russos desde o início da guerra contra a Ucrânia. Segundo a agência Reuters, podcasts e outros materiais foram removidos nos Estados Unidos e União Europeia, mas ainda permanecem acessíveis na Rússia.
Ao fechar o escritório em Moscou, o Spotify abre caminho para ser penalizado e até banido do país. Uma lei russa aprovada em julho de 2021 obriga empresas estrangeiras de tecnologia com mais de 500 mil usuários diários a manterem um escritório de representação local.
Por outro lado, o ato mostra uma espécie de repúdio do maior streaming de músicas do mundo à condução violenta da Rússia no conflito. Por enquanto, a empresa continuará a operar no país europeu, no qual ingressou em meados de 2020, junto da Ucrânia e de outros 10 países do Velho Continente, para manter o fluxo de informações do ocidente para os russos.
Em um comunicado, o Spotify garantiu que a prioridade foi garantir a segurança dos funcionários que trabalham no país e permitir que a plataforma sirva como uma fonte de notícias globais e regionais em um momento no qual o acesso à informação de qualidade é fundamental. O serviço liberou um guia na plataforma para ajudar as pessoas a encontrar fontes de notícias confiáveis.
Veículos russos de comunicação são punidos
Penalizar a RT e o Sputnik já se tornou um esforço onipresente em todas as redes sociais dos Estados Unidos para restringir o alcance de notícias fabricadas pelas autoridades russas. A remoção de ambas pelo Spotify é o exemplo mais recente de esforços para restringir o alcance dos meios de comunicação apoiados pelo estado da Rússia.
Trata-se de uma abordagem pouco usual do serviço, que normalmente não tem por hábito moderar conteúdos — houve até críticas pela inércia no caso do podcast de Joe Rogan. Neste caso, porém, a atitude foi bem mais incisiva do que o normal.
Outras plataformas de tecnologia como YouTube, Facebook e Twitter decidiram reduzir a distribuição de notícias dessas páginas e rotulá-las para informar o leitor. Hoje, Apple e o Googledecidiram remover os apps nativos dos dois sites noticiosos de suas lojas de aplicativos.