Crítica Stranger Things | Final consagra 4ª temporada como mais adulta e intensa
Por Natalie Rosa • Editado por Jones Oliveira |
O mês de espera para a parte final de Stranger Things conseguiu ser tão angustiante quanto os últimos três anos de diferença entre a terceira e quarta temporada, que acaba de chegar ao final na Netflix.
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A temporada 4 da série foi dividida em duas partes, a primeira estreando em sete episódios e a segunda em dois. Totalizando quase quatro horas, os dois últimos episódios cumprem a promessa dos irmãos Duffer: uma série aterrorizante com final trágico.
Atenção: esta matéria conta com spoilers da quarta temporada de Stranger Things!
As crianças, agora, se tornaram adolescentes, fato usado pelos irmãos Duffer para justificar a transformação completa de Stranger Things em uma produção de terror. A série nunca foi leve, sempre trazendo os monstros do Mundo Invertido de forma assustadora, mas era liberada para quem se assusta fácil.
Agora, a produção da Netflix assumiu de vez ser uma obra de terror, com a temporada 4 trazendo as matanças mais terríveis e os acontecimentos mais chocantes de toda a trama até então. Stranger Things se mostra mais ousada do que nunca, entregando o que os fãs querem ver em episódios tão longos quanto um filme de super-herói.
Ambição
Stranger Things é uma série que já está muito bem consagrada pela sua fórmula, que não diverge muito entre uma temporada e outra na questão de narrativa. Em vez de inovar, o processo de acontecimento, descobrimento e resolução dos problemas segue o mesmo, o que não é algo negativo quando se trata da mente criativa de Matt e Ross Duffer.
Por outro lado, sabendo que Stranger Things sempre será assunto nas redes sociais e sempre estará entre as produções mais assistidas da Netflix, a série não teve medo de ficar ainda mais pesada e levar mais tragédias para os nossos personagens preferidos.
Enredos
Durante a primeira parte, parecia que a divisão entre o grupo não funcionaria em sintonia para salvar Hawkins e o mundo de Vecna, deixando os papéis de cada personagem nessa missão mais confuso. Na parte 2, no entanto, entendemos como todos esses enredos funcionaram bem para a primeira conclusão desta ameaça de fim do mundo.
Enquanto isso, a série soube desenvolver sutilmente as relações entre os personagens sem envolver o Mundo Invertido. Desde Nancy (Natalia Dyer) com os sentimentos divididos por Steve (Joe Keery) e Jonathan (Charlie Heaton), até Lucas (Caleb McLaughlin) e sua tentativa frustrada de ser popular, entre outras relações, mantendo assim o carisma que o público sente desde o começo pelas suas personalidades.
O enredo mais esperado da temporada aconteceu no começo do episódio 8, trazendo Noah Schnapp em sua maior interpretação até então. Nos primeiros sete episódios, os fãs notaram que Will nutria sentimentos românticos por Mike (Finn Wolfhard), o que chegou a ser desmentido pelo ator e criadores da trama para não estragar a surpresa que viria.
Schnapp consegui manifestar em uma cena todo o carinho que sentia pelo amigo usando Eleven (Millie Bobby Brown) como exemplo, mas a emoção o entregou e fez com que Jonathan percebesse. No próximo episódio, a sintonia entre os irmãos, que juraram estar sempre um ao lado do outro, também emocionou e trouxe os momentos mais carregados de afeto de toda a temporada.
Outro momento bastante aguardado foi o reencontro de Hopper (David Harbour) e Eleven, depois dos acontecimentos da terceira temporada nos deixarem em prantos. Esse desenvolvimento, no entanto, acabou não sendo tão impactante como se esperava, o que justificável pelo simples motivo de que os personagens sabem que a batalha ainda não acabou.
Vecna
Os fãs já esperavam que as consequências dos planos maléficos de Vecna seriam desastrosos, e tivemos essa prova nos episódios finais. O monstro conseguiu destruir os corações daqueles que se encantaram por Eddie Munson (Joseph Quinn), que teve uma trajetória divertida, interessante e calorosa na temporada.
Por mais que sua participação tenha acabado, seu fim foi digno do personagem. A amizade com Dustin também foi importante para o desenvolvimento do jovem, que se tornou mais um dos injustiçados de Hawkins. A tão aguardada cena de Eddie tocando guitarra no telhado foi mais como um presente para os fãs, já que o plano não foi tão bem-sucedido assim. Preferimos nos lembrar dessa cena, de Eddie tocando Master of Puppets, do Metallica, do que sendo atacado pelos monstros do Mundo Invertido.
Pensando na resolução do problema, a quarta temporada se difere das outras por acabar com menos esperanças de que as coisas darão certo, ainda que as anteriores deixassem gancho ara acontecimentos tão terríveis quanto. Os momentos finais não causam a impressão de fim de temporada, como se a próxima, na verdade, fosse simplesmente mais uma parte dela.
Mais terror
A quinta temporada de Stranger Things será a última, trazendo o enfim desfecho do caos do Mundo Invertido. Se os episódios da quarta temporada foram densos, longos e aterrorizantes, os próximos devem trazer ainda mais tragédias e destruição.
Stranger Things 4 soube, mais uma vez, agradar os fãs, se tornando o centro das discussões nas redes sociais. Em meio a alguns questionamentos e acusações sobre ser "mais do mesmo", tentar forçar os mesmos enredos mais uma vez e de não caprichar tanto nos efeitos visuais, a série se mantém em pé.
O conjunto da obra de Stranger Things torna a série única, valorizando seus personagens, investindo na nostalgia dos anos 1980, fazendo referências às melhores produções do terror e às músicas de sucesso da época, entre outras qualidades. Podemos dizer, então, que mais uma vez os irmãos Duffer conseguiram servir bem ao público e criar expectativas para a fase final, que ainda não tem data de estreia.
Você já pode assistir aos últimos dois episódios da quarta temporada de Stranger Things na Netflix.