Stranger Things | Nina Kulagina e outros casos reais que inspiraram a série
Por Natalie Rosa • Editado por Jones Oliveira | •
Stranger Things é uma série de ficção, claro, e vemos como experimentos científicos com crianças acabaram resultando na abertura de um portal para o perigoso Mundo Invertido. Mas, como toda boa ficção, elementos da vida real foram inseridos na história, o que deixa a trama ainda mais assustadora.
- Stranger Things 4 | Novo personagem está conquistando os fãs da série; conheça
- Stranger Things | Quem interpreta Eleven criança na temporada 4?
E é justamente isso o que leva muita gente a se perguntar se Stranger Things foi inspiarada em algum caso ou evento bizarro ou sobrenatural. Pensando justamente nisso, o Canaltech trouxe alguns exemplos de projetos, experimentos e eventos que realmente aconteceram e que inspiraram o roteiro da trama da Netflix.
MKUltra
O primeiro projeto que tivemos conhecimento por causa de Stranger Things é o MKUltra. Na série, vemos que a mãe de Eleven (Millie Bobby Brown) passou por experimentos enquanto ainda estava grávida. Neles, Martin Brenner (Matthew Modine) usou LSD e testes de privação sensorial, o que pode ter resultado nos dons psíquicos da filha.
O projeto MKUltra realmente existiu e foi criado pela CIA em 1953 como um experimento que controlaria mentes. Os oficiais acreditavam que tais técnicas ajudariam os Estados Unidos a vencer a Rússia na Guerra Fria.
Os experimentos eram perturbadores, envolvendo descargas elétricas, uso de drogas alucinógenas, entre outras técnicas psiquiátricas torturantes. O objetivo da prática era conseguir interrogar os inimigos e deixá-los debilitados; para isso, os responsáveis usaram como cobaias presidiários e pacientes de hospitais psiquiátricos.
Operation Midnight Climax
Um dos projetos do MKUltra se chama Operação Midnight Climax, envolvendo a administração de LSD nos pacientes que não sabiam pelo que estavam passando.
Os experimentos aconteciam em diversas situações sociais, mas uma das mais graves foi em um hospital psiquiátrico no Canadá, danificando permanentemente a mente de diversos pacientes.
Muitas pessoas submetidas aos testes ficaram em estado vegetativo, outros em estado infantil sem saber fazer as coisas básicas do dia a dia, ou ainda com amnésia permanente.
Todas essas condições foram consequências de eletrochoques, uso excessivo de drogas alucinógenas e de um processo chamado de "condução psíquica", em que as pessoas eram obrigadas a escutar mensagens negativas por cerca de 20 horas ao dia, dormindo ou acordados.
Projeto Mountauk
Stranger Things também é inspirada em uma teoria da conspiração sobre o governo dos Estados Unidos: o Projeto Mountauk. Os experimentos teriam acontecido na cidade que leva o nome do projeto, também envolvendo técnicas psiquiátricas perturbadoras.
Segundo supostas testemunhas, os pacientes eram submetidos a processos de controle mental e telepatia, abertura de portais para outras dimensões e contato com criaturas que viviam nelas, entre outros detalhes bizarros. Relatos apontam que os pesquisadores tentavam fazer com que os pacientes, principalmente crianças sequestradas, tentassem enxergar, ouvir e sentir pelos corpos de outras.
Esses possíveis acontecimentos são semelhantes ao que é visto em Stranger Things, com Eleven e outras crianças raptadas para o laboratório de Hawkins. Há depoimentos sobre invocação de monstros no subconsciente, e também sobre tortura para que as vítimas usassem a mente para abrir um portal. Tudo o que dizem ter acontecido no Projeto Mountauk, por enquanto, ainda é conspiração, já que nenhuma evidência concreta surgiu até então.
Nina Kulagina
A história de Eleven é muito parecida com a de uma mulher chamada Nina Kulagina. Em Stranger Things, a personagem conta com poderes telecinéticos, como a manipulação de objetos com a mente. Durante a Guerra Fria, cientistas alegavam que Kulagina podia fazer isso e mais um pouco.
Nina trabalhava como técnica de rádio na Segunda Guerra Mundial, mas saiu do emprego e se tornou dona de casa quando foi ferida no estômago. Aos 33 anos, ela alegou conseguir movimentar objetos com a mente durante toda a sua vida, principalmente quando estava em estado de irritação.
Ela também dizia que, com o tempo, aprendeu a controlar o poder quando se concentrava, mas sentia fortes dores na cabeça e na coluna por causa disso. Nina foi estudada por dezenas de cientistas soviéticos ao longo de 30 anos, e até existem vídeos mostrando a mulher usando seus poderes.
No entanto, a qualidade das gravações não permite afirmar como isso acontecia, pois é claro que se tratava de charlatanismo para assustar os inimigos.
Pânico satânico
A temporada 4 de Stranger Things também foi baseada em casos reais, desta vez envolvendo histórias de terror. A história da casa da família Creel é bastante parecida com o que aconteceu em uma casa em Amityville em Long Island, Nova York, que resultou em um livro e diversos filmes.
Na casa real, Ronald DeFeo Jr. assassinou seis membros de sua família, basicamente o que Henry Creel faz em Stranger Things. Em Amityville, as pessoas que foram morar na casa depois do crime começaram a relatar acontecimentos paranormais, como lodo saindo da parede, vozes estranhas saindo das paredes, sensação de febre, dor no corpo e mudanças de comportamento.
Outro caso que inspirou o roteiro da temporada 4 da série da Netflix é o Satanic Panic. Antes de os jovens descobrirem o Vecna, a cidade de Hawkins começa a ser assombrada por assassinatos terríveis e os principais acusados são um grupo chamado The Hellfire Club. Porém, esses jovens são inocentes e apenas se reúnem para jogar Dungeons & Dragons.
Na vida real, na década de 1980, os norte-americanos estavam incomodados com os jovens se aventurando no game de RPG, entre outras influências da música e cultura pop. Isso resultou em um medo dos pais de verem os jovens envolvidos com "cultos satânicos".
A quarta temporada de Stranger Things já pode ser assistida na Netflix em sete episódios; os demais estreiam no dia 1º de julho.