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Crítica Scott Pilgrim: A Série | Um novo épico para os fãs do Sr Pilgrim

Por  • Editado por Durval Ramos | 

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Divulgação/Netflix
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Scott Pilgrim Contra o Mundo é o tipo de filme que tinha tudo para dar certo nos cinemas, mas foi lançado na época errada. A adaptação dos quadrinhos de Bryan Lee O'Malley chegou aos cinemas em 2010 e tinha uma trilha sonora sensacional, um elenco com nomes prestes a se tornarem estrelas de Hollywood, comédia e uma identidade visual incrível.

Porém, o filme chegou aos cinemas e foi um fracasso de bilheteria. Com o passar dos anos, o longa parece ter sido descoberto por uma nova leva de fãs, se tornando cult e gerando interesse nos quadrinhos e qualquer tipo de coisa baseada neles. Agora, 13 anos depois, chega à Netflix Scott Pilgrim: A Série, adaptação em forma de anime que o público vem pedindo desde o lançamento do longa de Edgar Wright (Em Ritmo de Fuga). Só que você já sabe disso.

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Se você está lendo esse texto, existe uma chance enorme de já ter assistido ao filme de 2010 várias vezes, lido os quadrinhos ou jogado o game da Ubisoft baseado neles. Se esse não é o seu caso, talvez seja uma boa ideia ir assistir à adaptação antes de continuar lendo, pois logo vou explicar exatamente por que Scott Pilgrim: A Série é uma excelente história do personagem, mas que vai funcionar mesmo somente para quem já conhece tudo sobre o herói.

Muito divertido, mas o impacto será apenas em quem já conhece

Em 2008, ainda no começo do meu trabalho cobrindo cultura pop na internet, lembro de ter escrito a minha primeira notícia sobre Scott Pilgrim Contra o Mundo. Lembro que era a escalação de Mary Elizabeth Winstead (Aves de Rapina) como Ramona Flowers.

Fiquei interessado pela história e comprei os quadrinhos. No início de 2009, quando o quinto volume da história foi lançado, as primeiras imagens do elenco do filme começaram a ser divulgadas e eu fui me empolgando. Até o lançamento da adaptação e do sexto e último volume dos quadrinhos, eu já era um fã.

Por que esse momento sobre a minha pessoa e não estou falando sobre a série? Porque, ao falar que sou fã desde 2008, vai ficar mais fácil de entender de onde estou vindo ao falar do quanto eu gostei de Scott Pilgrim: A Série. Porém, e existe um porém enorme aqui, ela talvez não funcione tão bem se esse é o primeiro contato com a história sobre o cara que precisa lutar contra sete ex-namorados de uma bonita de cabelo colorido para poder ficar com ela.

É impossível falar da série sem dar o maior spoiler sobre o conceito dela, mas eu vou tentar fazer o melhor sem entregar tudo no review. Na época do lançamento do filme, foi criado um curta de animação que adaptava um trecho dos quadrinhos que ficou de fora.

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Esse pequeno trecho, que traz a voz de Michael Cera (Barbie) novamente como Scott Pilgrim, foi exibido no Cartoon Network na época e faz parte dos extras dos DVD. Era uma cena que foi sempre usada como argumento para pedir uma adaptação completa dos quadrinhos em forma de animação, já que tudo ali funciona muito bem.

O anúncio de Scott Pilgrim: A Série pela Netflix, com o retorno de todo o elenco absurdo do filme para dublar seus personagens, fez todo mundo acreditar nessa possibilidade. O trailer mostra que o anime produzido pelo estúdio Science Saru, responsável pelo excelente Devilman Crybaby, traduzia bem o estilo do quadrinho. A trilha sonora do grupo Anamanaguchi, que criou as músicas para o game de Scott Pilgrim, a produção de Edgar Wright e roteiros por Bryan Lee O'Malley, tudo levava a uma adaptação fiel e épica.

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Isso tudo está lá, mas, como eu disse, existe um porém. E esse porém é o seguinte.

Scott Pilgrim: A Série não é uma adaptação dos quadrinhos ou do filme

Todo mundo esperava que cada volume dos quadrinhos de Bryan Lee O'Malley fossem adaptados em um episódio da série da Netflix, o que faria sentido. Com cada capítulo para um ex, seria possível adaptar tudo.

Porém, o primeiro episódio já mostra leves mudanças, compreensíveis e que fazem alguns pontos terem mais sentido. Só que alguns diálogos e reações são um pouco diferentes, mas nada muito absurdo.

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Em dado momento, tudo muda, e Scott Pilgrim: A Série deixa de ser uma adaptação dos quadrinhos e se torna uma história completamente diferente. Sim, a animação conta uma história inédita e falar sobre o que acontece seria o maior spoiler possível, mas posso falar que não chega a ser uma sequência ou um reboot — apesar de ser praticamente tudo isso.

É um jeito genial de subverter todas as expectativas em torno da adaptação e que permite desenvolver mais os personagens, toda a trama dos quadrinhos, resolve problemas que a história tinha e abre todo um leque de possibilidades.

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Eu realmente esperava somente uma adaptação fiel, como foi o caso daquele curta animado, mas essa surpresa da série fez com que ela se torne muito mais válida do que simplesmente transformar o filme em desenho.

Mas Scott Pilgrim: A Série é boa?

Como um anime de ação, Scott Pilgrim: A Série funciona muito bem, com cenas estilizadas e realmente empolgantes. O estilo dos desenhos de Bryan Lee O'Malley, confesso fã de animes, consegue ser bem adaptado para essa mídia.

A trilha sonora é muito boa, com músicas que fizeram parte dos quadrinhos e do filme (sim, toca aquela!), mas por tudo estar diferente, cria uma sensação de estranheza no começo.

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Ouvir a voz dos atores nas versões animadas dos personagens funciona muito bem para alguns, como é o caso de Chris Evans (Vingadores: Ultimato), Aubrey Plaza (Parks and Recreation) e Mary Elizabeth Winstead, mas demora um pouco para ficar legal com Michael Cera e Anna Kendrick (A Escolha Perfeita). Funciona, mas demora mais do que o esperado.

Não falarei sobre a história dos episódios, mas posso comentar sobre o desenvolvimento dos personagens. Um problema que muitos apontam em Scott Pilgrim Contra o Mundo é que Scott é uma pessoa ruim, um ex-namorado malvado esperando para acontecer, enquanto Ramona Flowers também não é a melhor pessoa do mundo.

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Os coadjuvantes chamam a atenção por seu estilo engraçado, mas são pouco explorados no filme, servindo realmente como suporte para Scott e Ramona contarem sua história. A animação resolve isso, explorando não somente Ramona, como também seus ex-namorados. Um exemplo claro disso é como Gideon Graves e Lucas Lee ganham bem mais personalidade do que vimos no filme e até mesmo nos quadrinhos.

Scott Pilgrim: A Série deixa esse universo fantástico em que pessoas viram moedinhas quando perdem lutas mais rico por simplesmente focar sua atenção nos demais personagens. Esse é o grande trunfo da animação e também o maior motivo pelo qual ela só vai ter o impacto esperado se você já é um fã da história.

Saber tudo o que acontece antes ajuda muito na experiência, permitindo não somente surpresas com a trama, mas também para conhecer melhor os personagens. Confesso que após o final do oitavo episódio, a minha percepção de vários momentos de Scott Pilgrim Contra o Mundo mudou. Isso vindo de alguém que é fã há 15 anos, é algo que mostra que a série funciona.

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Como disse antes, Scott Pilgrim: A Série abre um novo leque de possibilidades para a história e seus personagens, permitindo que cada vez mais cantos desse universo possam ser explorados no futuro. No que era apenas uma história de amor sobre um cara imaturo tentando virar adulto enquanto sai na porrada com ex-namorados de uma garota alternativa de cabelo colorido, a série faz isso ser muito mais.

Como alguém que vem gostando disso desde 2008, posso dizer que vi tudo com um grande sorriso no rosto.

Scott Pilgrim: A Série está disponível na Netflix.