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Análise | Scott Pilgrim vs The World: The Game agrada veteranos e afasta novatos

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Felipe Ribeiro/ Canaltech
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Lançado inicialmente em 2010 para a geração do PlayStation 3 e do Xbox 360, Scott Pilgrim vs The World: The Game apresentava um beat'em up digno dos anos 1980 e 1990, com uma pancadaria descompromissada, mas que tinha, sim, um bom enredo por trás, goste você do personagem e de suas motivações ou não.

O jogo se inspira mais nos quadrinhos de Bryan Lee O'Malley do que propriamente no longa-metragem, que fora lançado em 2010 junto com o game — ainda bem, diga-se de passagem. Sendo assim, lembro-me bem que, na época, mesmo não sendo um lançamento considerado de peso, dá para dizer que foi um sucesso.

Curto, lotado de referências e desafiante na medida certa, Scott Pilgrim vs The World: The Game — Complete Edition traz exatamente a mesma experiência vivida há 10 anos, só que com todos os conteúdos extras que ajudam a complementar a experiência e fazer valer o que é pago por ele. Entretanto, para novos jogadores, suas mecânicas e defeitos podem ser um problema.

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Isso porque, apesar de trazer o game para a modernidade, ele segue exatamente do jeito de antes e se inspira em demasia em uma fórmula que é bem antiga — apesar de eficiente. Portanto, é bem razoável dizer que a volta de Scott Pilgrim aos videogames pode agradar muito mais os veteranos do que os novatos.

Explicamos.

Nem tente entender

Quem nunca fez loucuras quando estava apaixonado, não é mesmo? A gente aprende, no fim das contas, que a vida é feita de escolhas e os resultados dessas escolhas podem ser vistos diariamente, mais cedo ou mais tarde. Podemos dizer que as motivações de Scott, um menino simples de Toronto, até que são legais, mas o que ele terá de fazer para conquistar seu objetivo é um tanto quanto exagerado.

Com a chegada de Ramona Flowers à cidade, Scott, que vivia entre sonecas e ensaios com sua banda, se apaixona por completo. Mas, para poder ficar com sua amada em paz, terá de enfrentar sete ex-namorados de Ramona, que sempre tentam atrapalhar eventuais pretendentes.

É tudo muito louco e a ambientação ajuda a deixar o tom lúdico e cômico do game, mas Scott precisa descer o cacete em todo mundo para poder viver seu amor. Isso, em 2021, pode não soar muito bacana, mas meu conselho aqui é deixar tudo rolar e curtir a jogatina, que é o que realmente importa aqui.

Beat'em up de respeito

Scott Pilgrim vs The World: The Game — Complete Edition é um baita jogo legal, mas traz os mesmos problemas dos games antigos. Lembro-me bem que tive essa impressão em 2010 e ela permanece a mesma em 2021. Claro, hoje sou mais velho, mas consigo manter bem o sentimento de nostalgia, sobretudo em jogos do estilo beat'em up. Já perdi a conta do número de vezes que revisitei clássicos dos anos 1980 e 1990, como Final Fight, Captain Commando, Cadillacs & Dinosaurs e por aí vai. Mas, aqui, temos que analisar com frieza já que, apesar de divertir, ele tem problemas.

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Tudo começa muito simples em Scott Pilgrim vs The World: The Game — Complete Edition. Precisamos escolher um de seis personagens jogáveis, que são, além de Scott, a própria Ramona Flowers, Stephen Stills, Kim Pine, Knives Chau e Wallace Wells. Chau e Wells eram DLCs pagas em 2010; hoje, fazem parte do jogo completo.

O que diferencia Scott Pilgrim de muitos beat'em ups é o fato de ele contar com elementos de RPG. Por mais que seja legal evoluir seu personagem, nesse jogo esse artifício acaba atuando contra você em muitos momentos. Primeiro porque a dificuldade do jogo é linear, ou seja, você tem praticamente a mesma experiência do início ao fim, com poucas mudanças. Portanto, golpes que Scott aprende em níveis superiores fazem muita falta logo de cara, como o pulo duplo ou a recuperação aérea.

Isso sem falar no loot, que é feito por meio de lojinhas nos cenários e será necessário gastar uma boa grana dentro do jogo para dar uma bombada em Scott e os demais. Portanto, apesar da campanha ser bem curta, o fator replay será alto se você quiser ter todas as conquistas e troféus.

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Agora falando da jogabilidade em si, você vai sentir, por vezes, que é praticamente impossível enfrentar as hordas de inimigos quando se está rodeado deles. Isso ocorre porque a mecânica de jogo te impede de golpear adversários que vêm de trás com a mesma eficácia de um golpe frontal. Um jogo que explora isso muito bem e que é recente é Streets of Rage 4, para ficar apenas nesse.

A variedade de golpes que aprendemos com todos os personagens é bem interessante, mas, para fechar o jogo e desfrutar de todas elas, será necessário jogar com um por vez. Portanto, chegando ao nível 16 com Scott, que é o máximo, não será possível aproveitar o mesmo nível com Ramona ou Knives.

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Geralmente iniciamos falando dos lados positivos da jogabilidade, mas, para desfrutar bem de Scott Pilgrim vs The World: The Game — Complete Edition, tenha em mente que será um desafio bem interessante. Mas, calma: tudo é bem divertido.

Apesar desses probleminhas, que são bem comuns em jogos do gênero, Scott Pilgrim é um prato cheio para entusiastas e fãs de retro games. Sair dando porrada nos capangas e nos namorados de Ramona é bem revigorante e recompensador.

Esses ex-namorados, aliás, são hilários e possuem poderes incríveis, muito bem pensados. Dá a impressão, tal qual nos quadrinhos, de terem mesmo sido extraídos de um sonho de um garoto apaixonado, que precisa enfrentar a tudo e a todos para ter seu amor. Os capangas, por sua vez, não variam muito, o que pode tornar a experiência um pouco maçante em dados momentos.

Já no campo do conteúdo, além da campanha, é possível jogar modos diferentes, como o queimada, em que você usa uma bola para derrotar capangas, e o modo de sobrevivência com zumbis, que demoram um bocado para serem derrotados. Há, também, o "boss rush", que te coloca para enfrentar todos os chefes do game.

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Além disso, o multiplayer online e offline está disponível, mas não achamos nenhum jogo no modo conectado. Sendo assim, se quiser jogar Scott Pilgrim com alguém, terá de ser no sofá.

Dicas Importantes

A curva de aprendizado de Scott Pilgrim vs The World: The Game — Complete Edition não é grande, mas exige alguma atenção. Apesar das falhas nas mecânicas, dá para se dar muito bem nesse jogo com poucos truques e bastante ação.

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Sempre que possível, faça bom uso das armas, sobretudo as mais fortes e rápidas. Com elas, será possível extrair um pouco mais de dano dos seus adversários e fazer combos bem grandes. Quase tudo o que cai no chão nos estágios pode ser usado, então aproveite.

Outra coisa bacana é que, após ficar um bom tempo sem apanhar e só descendo a porrada nos rivais, seu personagem fica com uma aura amarela que lhe dá mais velocidade nos golpes e movimentação. Use esse artifício para conseguir supercombos e utilizar seus golpes especiais com mais força. Mas, claro, cuidado com a barrinha de energia. É bom administrá-la.

Por ter inimigos muito fortes, quase sempre levaremos golpes e perderemos "sanguinho". Por isso, nunca é demais se abastecer antes de enfrentar novas hordas de inimigos. Aproveite bem as lojinhas, caso a fase possua, e recupere-se sempre que puder. Também é possível levar um suplemento para viagem, dependendo do estabelecimento que você entrar.

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Por fim, mas não menos importante. Se o caldo engrossar e você ficar rodeado de inimigos, use seus poderes especiais. No Xbox, ele fica localizado no RB, enquanto no PlayStation, é o R1.

Estilo, ambientação e efeitos 

Scott Pilgrim vs The World: The Game — Complete Edition cumpre o que promete em termos de design e gráficos. O jogo é 100% inspirado em clássicos dos 8 e 16 bits e não nega isso em momento algum. Por isso, não espere sons muito elaborados nem efeitos visuais realistas. Aqui é tudo lúdico, mas não deixa de ser bonito.

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As animações e detalhes dos personagens são muito bem feitos e ajudam na imersão, tornando tudo muito engraçado em vários momentos, sobretudo ao enfrentar os chefes. No Xbox Series X e S, tudo roda sem maiores problemas, assim como nas demais plataformas. A única ressalva nos consoles novos da Microsoft é que o Auto-HDR, neste game, está desligado, pois não faz a menor diferença.

Veteranos aprovam, novatos nem tanto

O sentimento ao jogar Scott Pilgrim vs The World: The Game — Complete Edition é justamente de entrar em um console dos anos 1990 e debulhar golpes para tudo que é lado. Mesmo com seus defeitos, é um game que diverte e é completamente descompromissado. Isso, para quem é da minha faixa etária ou até antes, é um deleite.

Entretanto, para novos jogadores, o game deve ser um problema. A campanha é curta e não há melhorias gráficas o suficiente. Um remake é bem-vindo? Talvez.

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Scott Pilgrim vs The World: The Game — Complete Edition está disponível para Xbox One, Xbox Series X e S, PlayStation 4, PlayStation 5, Nintendo Switch e PC. No Canaltech o game foi avaliado graças a uma cópia para Xbox Series X e S gentilmente cedida pela Ubisoft Brasil.