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Crítica | Aves de Rapina confirma escalada da DC Films com boa diversão

Por| 06 de Fevereiro de 2020 às 10h53

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Se teve um grande acerto em Esquadrão Suicida foi o fato de a Warner Bros/DC Films deixar de lado as figuras que seriam centrais, o Coringa (Jared Leto) e o Pistoleiro (Will Smith), para se dedicar a uma personagem secundária. O corte final destacou a Arlequina de Margot Robbie, que roubou o show e ampliou o protagonismo feminino nas adaptações de quadrinhos — antes limitadas a heroínas do patamar da Mulher-Maravilha. Eis que Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa, que estreia nesta semana no circuito nacional, vem para pavimentar esse caminho.

Vale lembrar que não é de hoje que a DC Entertainment vem tentando valorizar essas propriedades e Aves de Rapina já teve uma encarnação na TV, com uma formação mais próxima do “Batverso”. Desta vez, a conversão é comandada por Arlequina e conta com a detetive Renee Montoya (Rosie Perez), a vigilante Caçadora (Mary Elizabeth Winstead), a cantora Canário Negro (Jurnee Smollet-Bell) e a ladra Cassandra Cain (Ella Jay Basco).

A trama segue a separação de Arlequina de seu amor tóxico com o Coringa. Ao tocar o terror em Gotham City para “avisar” que ela agora é uma mulher independente, a agora anti-heroína provoca uma sucessão de eventos envolvendo o roubo de um valioso diamante e os vilões Máscara Negra (Ewan McGregor) e Victor Zsasz (Chris Messina). Aos poucos, vamos acompanhando a ligação desse evento com as outras integrantes, que, então, decidem juntar forças para derrotar um inimigo em comum.

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Atenção! Daqui em diante esta crítica pode conter spoilers sobre Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa.

Tom correto bem-humorado

Assim como em Deadpool, Arlequina quebra a “quarta parede” e conversa com o espectador, o que já deixa toda a aventura mais leve e divertida. A narrativa abusa do cruzamento de eventos em diferentes perspectivas e mostra Harleen apresentando, às vezes didaticamente, quem é quem no longa — e isso ajuda bastante o público a saber mais sobre personagens pouco conhecidos pela maior parte da audiência.

Além disso, uma boa sacada da diretora Cathy Yan para “explicar” como Arlequina conversa com os espectadores é atrelar esses diálogos à sua própria loucura — para quem não sabe, Harleen Quinzel era uma psiquiatra que ficou doida por completo depois de um banho químico na mesma Ace Chemicals que originou uma das versões do Coringa (aliás, o visual da fábrica faz uma homenagem ao Batman de Tim Burton). Assim, em alguns momentos, ela mesmo não sabe se pensou ou tagarelou em voz alta.

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Há muitas cores e extravagância e tudo isso funciona bem em grande parte do filme, mas também causa um certo distanciamento das outras protagonistas. Afinal, se é a Arlequina quem está contando a história, não sabemos muito o que se passa na cabeça da Canário Negro, Renee Montoya e Cassandra Cain.

Arlequina dá um show nas cenas de ação

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O ponto alto do filme são as sequências de ação, muito bem coreografadas. Todas as fugas e combates de Arlequina são muito divertidas e bem ensaiadas. Uma delas, quando ela usa sua arma favorita, o taco de beisebol, é um show à parte, com muita inventividade e destreza. Some isso aos apetrechos, efeitos sonoros que valorizam o barulho de ossos quebrando e muitas explosões.

Outra coisa acertada é a classificação etária para maiores de 16 anos, o que permite um humor mais ácido, tiros na cabeça, rostos esfolados e uso de drogas. Como a ideia não é exatamente chocar, nada disso é mostrado assim de uma forma muito agressiva; serve mais para valorizar o passado sombrio de Arlequina, que, no final das contas, ainda tem uma maior inclinação para vilã mesmo.

As outras personagens também mandam bem nas lutas, cada uma com seu estilo. Canário Negro, que aqui não usa seus poderes vocais, bate forte em um estilo parecido com muay thai, enquanto a Caçadora é implacável com sua besta; Renee Montoya é rápida no gatilho e Cassandra Cain exibe furtividade.

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Dinâmica de grupo e vilões deixaram a desejar

A formação dessa versão de Aves de Rapina é bem diferente de outras mais populares e um nome-chave que fez alta foi o de Barbara Gordon, a Batgirl — talvez porque a DC Films pense em lançar uma versão mais jovem da heroína em um futuro filme do Universo Estendido DC (ou DCEU, em inglês). É notável a intenção da Warner Bros em promover um grupo mais diverso e representativo.

Assim, temos uma Canário Negro negra, a mestiça Cassandra Cain e a dominicana Renee Montoya, que não têm muito a ver umas com as outras. Faltou um pouco mais de interatividade, como a que vemos na relação entre Arlequina e Cassandra. A Caçadora fica visivelmente deslocada nessa equipe, o que é uma pena, pois elas poderiam ter mais momentos dramáticos interessantes em vez de apenas fica celebrando o “girl power” incessantemente.

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O cantinho do Batman na DC Comics possui a melhor galeria de vilões dos quadrinhos e Ewan McGregor consegue transitar bem entre o cínico e o cruel, mas muitas vezes soa caricato e faltou uma melhor construção — suas motivações, que na verdade dão a ignição na escalada de conflitos, ficam a cada minuto mais irrelevantes durante a projeção.

Além disso, depois do ótimo Victor Szasz de Anthony Carrigan na série Gotham, ficou difícil para Chris Messina se superar nesse papel, até porque o roteiro também não foi muito generoso com ele. Como os heróis (e heroínas) brilham mais quando os colocamos em contraste com antagonistas bem desenvolvidos, a história toda perde um pouco da graça com essas limitações.

Ah, sim, sobre as conexões com o DCEU, não espere ver muita interação com os outros filmes, apenas uma referência ou outra sobre o Batman, Esquadrão Suicida e, claro, o Coringa.

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Então… Mas vale a pena?

Sim, mas com algumas ressalvas. Tudo bem que há uma expectativa mais alta por conta da grande campanha de marketing e do próprio sucesso de Arlequina, mas ninguém que lê os quadrinhos, por exemplo, vai para as salas de exibição esperando muito, porque só mais recentemente é que essas personagens, até pouco tempo listadas na categoria “C”, têm tido mais relevância.

Então, a ideia é ir sem esperar tanto e se divertir com o charme contagiante de Margot Robbie e as ótimas sequências de ação. Não dá para dizer exatamente que é um “filmão”, mas Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa cumpre o papel de entreter e se encaixa como uma evolução no DCEU, que vem se recuperando dos duvidosos Batman vs Superman: A Origem da Justiça e Liga da Justiça.