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10 filmes fracassos de bilheteria que se tornaram clássicos

Por| Editado por Jones Oliveira | 30 de Março de 2022 às 19h30

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Wiseau-Films/Warner Bros./Paramount Pictures
Wiseau-Films/Warner Bros./Paramount Pictures

O que é um filme clássico? O que é um filme cult? Essas perguntas são difíceis de serem respondidas objetivamente, já que há muitas respostas para elas. Para esta lista, no entanto, vamos adotar a ideia de filmes que hoje são amplamente cultuados, considerados clássicos ou simplesmente elogiados pela crítica, apesar de terem sido grandes fracassos de bilheteria.

Aqui importa muito mais a ideia de serem títulos conhecidos, aclamados e/ou amados que não conseguiram sequer cobrir seus próprios gastos de produção. Ou seja, podemos discordar se algum título é ou não um clássico ou um cult, mas é inegável que todos são títulos que não foram esquecidos pelo público e que têm em comum o fato de terem causado prejuízos para as produtoras.

Ficou com vontade de rever algum filme? A gente incluiu os links para você assistir a esses clássicos em plataformas digitais e de streaming e criar suas próprias teorias sobre porque cada um deles flopou.

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10. Dredd: O Juiz do Apocalipse

Em 1995, O Juiz, estrelado por Sylvester Stallone, precisou da bilheteria mundial para cobrir o orçamento e, em 2012, a Lionsgate deve ter ficado sem entender muito bem porque a franquia flopou. A produtora pretendia dar início a uma série de filmes, com Karl Urban no papel-título, mas quando Dredd chegou aos cinemas, as pessoas simplesmente não se interessaram e o filme só começou a ganhar fãs quando virou catálogo, sobretudo online.

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É um pouco nebuloso o caso de Dredd, mas acredita-se que tenha sido um problema de marketing. Quando o filme estreou nos cinemas, poucas pessoas sabiam o que era e, mesmo que soubessem, não havia sido criada toda aquela atmosfera que geralmente antecede o lançamento de filmes de ação ou baseados em quadrinhos.

Lançado em 3D, cujos ingressos são ainda mais caros, o fracasso de bilheteria de Dredd ficou ainda mais evidente. Triste para quem deixou passar, já que a crítica deixou registrado que o público perdeu uma dos filmes de ação 3D mais deslumbrantes da década.

  • Quanto custou? US$ 50 milhões
  • Bilheteria mundial: US$ 41 milhões

Agora, Dredd pode ser assistido pelos assinantes do Amazon Prime Video e do Star+.

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9. A Ilha da Garganta Cortada

Sucesso televisivo, A Ilha da Garganta Cortada chegou a ser um dos seis filmes mais reprisados da TV aberta no Brasil em 2005. O problema é que, lá nos anos 1990, o fracasso de bilheteria foi tão grande que levou a produtora Carolco Pictures à falência.

O filme chegou a entrar para o Guiness Book como o maior fracasso comercial do cinema estadunidense. Mas como um filme de pirata, estrelado por Geena Davis e Frank Langella, foi um fracasso tão grande? Quase o mesmo problema de Dredd.

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A Carolco Pictures já estava nos seus limites financeiros quando produziu o filme e a distribuidora, MGM, estava enfrentando quase o mesmo problema quando decidiu encarar o trabalho de divulgação de A Ilha da Garganta Cortada. Sem muitos recursos, o filme também não foi suficientemente divulgado, o que causou um impacto direto no número de espectadores pagantes em salas de cinema.

Algumas análises, como a oferecida por Scott Mendelson, da Forbes, apontam também o fato de ser um filme de ação e aventura com uma heroína, o que ainda não era tão comum como hoje, em tempos de super-heroínas DC e Marvel.

  • Quanto custou: US$ 98 milhões
  • Bilheteria mundial: US$ 10 milhões

8. Filhos da Esperança

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Hoje, Alfonso Cuarón é um diretor oscarizado por seus trabalhos em Gravidade e Roma, mas quando Filhos da Esperança foi lançado, em 2006, ele era apenas o diretor de títulos não muito conhecidos ou aclamados, como o clássico televisivo dos anos 1990 A Princesinha e o mexicano E Sua Mãe Também, indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original.

Para este caso, o próprio Cuarón ofereceu uma explicação em entrevista ao Indiewire em 2018: “Essas temáticas eram as coisas sobre as quais muitas pessoas importantes gritavam avisos. Agora todas essas coisas estão realmente acontecendo. Então acho que agora o filme está sendo considerado mais relevante”.

Em 2020, quando o mundo se viu diante de uma pandemia, Filhos da Esperança se tornou um título facilmente encontrado em listas que procuravam filmes que nos ajudariam a refletir sobre o que estávamos vivendo.

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  • Quanto custou: US$76 milhões
  • Bilheteria mundial: US$70,5 milhões

Filhos da Esperança pode ser alugado no Claro Video, além de estar disponível para aluguel ou compra na Play Store e no iTunes.

7. O Gigante de Ferro

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Título frequente em listas de melhores animações de todos os tempos, O Gigante de Ferro foi um tremendo fracasso de bilheteria. Mas se o filme é tão bom, por que flopou? Marketing. De novo.

Fontes apontam que a má promoção do filme foi o único motivo para que ele não conseguisse cobrir seus gastos de produção, o que é considerado até um dos piores casos de marketing da história do cinema industrial. O motivo? Queriam economizar nas despesas.

O erro foi da gigante Warner Bros, mas o filme acabou não sendo esquecido em grande parte pelo poder da crítica especializada, sobretudo na figura do crítico Roger Ebert, um dos mais respeitados da história do cinema. Ele chegou a comparar O Gigante de Ferro aos filmes do mestre Hayao Miyazaki, o nome mais conhecido do Studio Ghibli, o que não é exagero algum.

O Gigante de Ferro conseguiu transformar uma história de amizade em uma obra profunda sobre escolhas, paranoia social, morte e guerra, algo que os filmes Ghibli conseguem fazer com maestria.

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  • Quanto custou: US$ 70 milhões
  • Bilheteria mundial: US$ 23 milhões

O Gigante de Ferro está disponível no catálogo da HBO Max.

6. Scott Pilgrim Contra o Mundo

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Hoje um clássico indie, referência para filmes que querem incorporar elementos narrativos diferentes e fazer referências à cultura pop, Scott Pilgrim Contra o Mundo parece um sucesso nerd, mas isso não foi o suficiente para garantir uma bilheteria capaz de cobrir os gastos de produção. Novamente, o marketing é considerado culpado, mas não por ser ausente.

Especialistas detalham que o marketing de Scott Pilgrim falhou em atingir seu público-alvo: pessoas acima de 30 anos não se identificaram com a estética, pessoas abaixo de 30 anos não sacaram as referências retrô e mesmo o público que conhecia os quadrinhos parece que não foram muito com a cara da adaptação. Somado a isso, há um enorme público que simplesmente odeia o Michael Cera.

  • Quanto custou? US$ 60 milhões
  • Bilheteria mundial: US$47,6 milhões
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Scott Pilgrim Contra o Mundo pode ser comprado ou alugado na Play Store e na Apple TV.

5. As Aventuras do Barão Munchausen

Alguns filmes de Terry Gilliam, um dos membros do Monty Python e cartunista da MAD, sofreram bastante com a bilheteria, apesar de o nome do cineasta ser motivo para muitas pessoas acompanharem a sua filmografia. Neste caso, a treta foi um pouco mais pessoal e não teve a ver necessariamente com o público.

Em entrevista ao The Hollywood Reporter, Gilliam comentou que vários fatores se somaram, o que inclui um “cara” que estava o ridicularizando na imprensa hollywoodiana. Além disso, Gilliam teria “humilhado” a Universal Pictures, que teria se vingado do diretor provocando o desastre de As Aventuras do Barão Munchausen, hoje bastante cultuado como um dos melhores filmes do diretor.

  • Quanto custou? US$ 46,6 milhões
  • Bilheteria mundial: US$ 8 milhões

As Aventuras do Barão Munchausen está disponível na Play Store e na Apple TV para aluguel ou compra.

4. Grindhouse

Com Grindhouse, o fracasso de bilheteria soou duplo, talvez múltiplo. Grindhouse não é um filme, mas uma experiência que homenageia os filmes de terror de baixo orçamento dos anos 1970 em forma de pastiche. Além de Robert Rodriguez na direção de Planeta Terror e Quentin Tarantino na direção de À Prova de Morte, o projeto conta ainda com falsos trailers dirigidos por Eli Roth (O Albergue), Edgar Wright (Scott Pilgrim Contra o Mundo e Baby Driver) e Rob Zombie (Rejeitados pelo Diabo).

A sessão dupla chegou ao cinema exatamente dessa forma e o fracasso do lançamento nos EUA fez com que a Dimension Films desistisse de investir no lançamento internacional da obra. Ainda que muitas pessoas apontem que o feriado de Páscoa não era o momento ideal para o lançamento, outros culpam a duração de 3h11min. Outras interpretações assumem que o filme simplesmente não foi compreendido no seu tempo.

  • Quanto custou? US$ 67 milhões
  • Bilheteria mundial: US$ 25,4 milhões

Grindhouse não está disponível nas plataformas de streaming e VOD do Brasil, mas À Prova de Morte pode ser visto no catálogo do Globoplay ou Telecine.

3. A Fantástica Fábrica de Chocolate

O custo de A Fantástica Fábrica de Chocolate soa baixo hoje, mas vale avisar que os valores expostos aqui não estão corrigidos. Ainda assim, é possível ver como esse clássico foi muito mal-recebido nos cinemas na sua época. A Fantástica Fábrica de Chocolate recebeu duras avaliações da crítica e acabou não chamando a atenção por ser sombrio demais para um filme família.

O baque da bilheteria foi tão grande que a Paramount simplesmente rejeitou os direitos do filme, que acabaram nas mãos da Warner Bros. E foi essa troca a responsável por popularizar o filme: a Warner Bros distribuiu A Fantástica Fábrica de Chocolate amplamente na televisão e, aos poucos, o público foi entendendo e desenvolvendo um tremendo carinho pelo filme, considerado até hoje por muitos uma adaptação melhor do que aquela feita por Tim Burton com Johnny Depp.

  • Quanto custou? US$ 3 milhões
  • Bilheteria mundial: US$ 530 mil

A Fantástica Fábrica de Chocolate pode ser assistido pelos assinantes da HBO Max.

2. The Room

Esse é único caso desta lista que podemos dizer que o filme talvez não merecesse nem os US$ 4 milhões arrecadados. Ou, melhor explicando, o pouco que o filme ganhou foi justamente por ser muito, muito… muito ruim. Considerado um dos piores filmes já feitos, The Room se tornou um absoluto clássico cult, tendo sessões especiais até hoje.

O problema todo começou na raiz, na ideia, e se estendeu pelo desenvolvimento do filme, o que foi hilariamente retratado no recente Artista do Desastre, dirigido e estrelado por James Franco. Sem grandes estúdios na produção, The Room foi um tremendo prejuízo sem justificativa alguma, sobretudo porque o filme custou muito mais do que deveria.

  • Quanto custou? US$ 6 milhões
  • Bilheteria mundial: US$ 4,9 milhões

1. O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford

O excelente O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford tem muitos elementos para o sucesso: a direção primorosa de Andrew Dominik, cinefotografia do reconhecidíssmo Roger Deakins e um elenco com Brad Pitt, Casey Affleck, Sam Rockwell e Sam Shepard. E nem as duas indicações ao Oscar salvaram o filme.

O problema provavelmente foi a metragem, o que nos ajuda a entender porque hoje não vemos mais tantos filmes enormes como antigamente. Com 2h40min, O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford chegou ter quatro horas no seu primeiro corte.

O sucesso como cult se deve principalmente à beleza do filme e à performance de Brad Pitt, o que provavelmente teria transformado esse título em um grande sucesso se, hoje, tivesse chegado a algum streaming como uma minissérie. Mas isso não era nem uma possibilidade em 2007.

  • Quanto custou? US$ 30 milhões
  • Bilheteria mundial: US$ 15 milhões

O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford está nos catálogos do Globoplay e da HBO Max.

Bônus: Duna e Blade Runner

Ficção científica e fantasia são gêneros que, salvo exceções de um tremendo trabalho criativo, dependem bastante de um dos setores mais caros: o de design de produção, mais comumente conhecido como direção de arte. Nesse sentido, ser vanguarda às vezes significa arriscar um grande prejuízo financeiro.

Blade Runner: O Caçador de Androides, de Ridley Scott, custou US$ 28 milhões e arrecadou US$ 41,6 milhões mundialmente, mas foi considerado um fracasso por não ter conseguido cobrir os custos de produção com o lançamento doméstico, tendo obtido apenas US$ 32 milhões nos EUA.

Duna, de 1984, foi uma produção tão complexa que traumatizou o diretor David Lynch ao ponto de ele nem querer saber do novo filme. Duna custou US$ 40 milhões e conseguiu recuperar apenas US$ 30,9 milhões mundialmente.

Os dois títulos caíram nas mãos de um dos cineastas mais aclamados da atualidade: Denis Villeneuve. Blade Runner 2049 (2017) nasceu clássico por ser uma sequência digna, considerada por muitos como melhor que o original. Domesticamente, no entanto, ele conseguiu apenas US$ 92 milhões, o que não foi o suficiente para cobrir o enorme gasto de US$ 150 milhões. Mundialmente, no entanto, a bilheteria rendeu US$ 259,3 milhões.

Enquanto isso, Duna chegou aos cinemas em 2021 e foi um sucesso absoluto: o filme custou US$ 165 milhões e bateu US$ 400 milhões em arrecadação até fevereiro de 2022. Além disso, o ficção científica foi um dos filmes mais premiados do Oscar 2022, saindo da cerimônia com seis estatuetas: Montagem, Efeitos Visuais, Som, Design de Produção, Fotografia e Trilha Sonora Original. O filme também é um sucesso no catálogo da HBO Max.