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Brava Outlets é golpe? Esquema usa site falso e até foto de criador de conteúdo

Por  • Editado por  Wallace Moté  | 

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wayhomestudio/Freepik
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Uma campanha cibercriminosa está utilizando uma loja que não existe, a Brava Outlets, como ponto final de um golpe contra clientes de e-commerce no Brasil. O esquema usa uma rede que envolve sites falsos, páginas clonadas, propagandas veiculadas em redes de anúncios e até a imagem de criadores de conteúdo conceituados como forma de obter pagamentos indevidos de clientes que jamais recebem os produtos adquiridos.

Em seu coração, trata-se de um sistema conhecido, até manjado, envolvendo a oferta de produtos como o smartphone Motorola G22, fones de ouvido da JBL, perfumes e joias, entre outros, por valores bem abaixo dos oferecidos pelo mercado. As cobranças feitas por meios de pagamento também servem como parte do golpe, já que as páginas simulam a aparência de empresas financeiras reais de nosso país, dando uma aparência de legitimidade que é corroborada pelos outros aspectos usados pelos bandidos.

A fraude começa em sites conhecidos, de tecnologia, notícias e variedades, que utilizam a rede de anúncios Taboola. Os criminosos compram propagandas nestes sistemas para que sejam exibidas em páginas conhecidas, com manchetes que chamam a atenção e fotos de criadores de conteúdo conhecidos, outra maneira de atrair a atenção e o clique das possíveis vítimas.

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Um dos casos vistos pelo Canaltech utilizava imagens da capa dos vídeos de Gesiel Taveira, especializado em reviews de celulares, relógios inteligentes e outros gadgets. Nos anúncios, ele aparece segurando um iPhone 14 Pro Max e o já citado Motorola G22, ao lado de chamadas genéricas que evidenciam o preço baixo dos aparelhos.

O clique, entretanto, não leva à compra, e sim, a outra página falsa, desta vez simulando a aparência do site de notícias G1 como mais uma forma de dar falsa legitimidade ao golpe. É aqui que a possível vítima conhece a tal Brava Outlets e entende seus valores tão baixos: eles seriam frutos de uma ordem judicial dada após a falência da tal loja de tecnologia, com os produtos sendo vendidos abaixo do preço de custo para ajudar a pagar as dívidas.

Ao final, por fim, chegamos ao tal e-commerce, que tem poucos produtos à venda e mais indicações de se tratar de uma liquidação. Grandes descontos, que podem ir de R$ 200 até mais de R$ 1.000, são ventilados com destaque. Na hora do pagamento, mais falcatrua, com a página hospedada em uma mediadora de pagamentos simulando a aparência de outro serviço, o Mercado Pago, enquanto oferece frete grátis e opções de pagamento via Pix ou cartão de crédito.

Desnecessário dizer que os valores são aprovados, mas os produtos jamais são entregues. Não é possível saber exatamente quantas pessoas já foram fraudadas pelo esquema envolvendo a Brava Outlets, mas a página da suposta loja no serviço Reclame Aqui já conta com mais de 20 reclamações, todas de clientes afirmando não terem recebido suas compras, enquanto indicam que o golpe vem acontecendo há cerca de um mês.

Fraude tem personagens com nomes conhecidos

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Fraudes envolvendo páginas de venda falsas, normalmente simulando grandes lojas do varejo brasileiro, são bem comuns, normalmente envolvendo o envio de e-mails de phishing, mensagens do WhatsApp ou a compra de anúncios patrocinados no Google. Chama a atenção, entretanto, a sofisticação maior deste esquema, que faz questão de convencer a possível vítima antes mesmo da chegada dela à página de compra.

Enquanto a imagem de criadores conhecidos ajuda nesse aspecto, outros elementos também demonstram uma fraude elaborada. Ainda que tenha sido criada para parecer legítima, ela não resiste a pesquisas rápidas, com diferentes indícios apontando que a tal Brava Outlets jamais existiu.

A começar pelo próprio nome da loja, com uma pesquisa no Google apontando para uma pequena loja de roupas na cidade de Itajaí (SC). Comentários na ferramenta de busca, aliás, já demonstram a existência de um golpe, com os proprietários esclarecendo não terem a ver com a loja virtual que estaria vendendo celulares e itens de tecnologia bem abaixo do preço, além de contar com mais usuários indicando terem sofrido golpe.

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A falsa reportagem também traz erros factuais, como a citação a uma loja da Brava Outlets no Shopping Cidade Paulista, em São Paulo (SP), supostamente fechada em 2016. O local não somente jamais existiu como este nem mesmo é o nome do centro comercial, que se chamada Shopping Cidade São Paulo e fica situado na Avenida Paulista, no coração da metrópole.

O proprietário seria Elionel Tranchesi, que teria falecido em 2019. Uma pesquisa rápida, porém, não mostra nada sobre o suposto empresário bem-sucedido, mas traz o nome associado a outras fraudes semelhantes, com lojas chamadas Casa & Decor ou MenWear; em ambos os casos, aliás, o texto é o mesmo, apenas com mudanças de datas e pequenas informações como forma de atualizar o golpe.

Ainda que não resista a uma busca, o nome pode soar familiar aos usuários, pois é semelhante ao de Eliana Tranchesi, empresária brasileira que foi dona da Daslu, uma das principais lojas de artigos de luxo da cidade de São Paulo. Após ser alvo de operações da Polícia Federal contra sonegação de impostos, a marca também passou por um processo de leilão de produtos em 2012, voltado ao pagamento de credores.

O CNPJ registrado pela Brava Outlets, entretanto, tem sede em um prédio empresarial de Cuiabá (MT), mas o endereço pertence oficialmente a outra empresa, também do segmento de comércio eletrônico. Enquanto isso, o domínio usado no site do falso e-commerce foi registrado em 1º de maio deste ano, outra indicação forte de que a página está vinculada a um golpe.

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Mesmo assim, o golpe vem fazendo vítimas pelo Brasil. Taveira, que teve sua imagem usada nas propagandas da fraude, diz não saber de seguidores que tenham sido atingidos, mas não duvida que isso possa ter acontecido. “Para pessoas mais leigas, o anúncio parece ser confiável. Estou reunindo prints para solicitar a remoção imediata [dos ads], e caso não seja tomada nenhuma providência, não vejo outra saída a não ser acionar a justiça”, contou.

Em retorno à reportagem, a Taboola informou que analisou os anúncios relacionados à fraude e os removeu. 

Fraudes de e-commerce têm elementos comuns; saiba como se proteger

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Os valores bem abaixo daqueles cobrados pelo mercado, juntamente com os diferentes indícios de que a loja não é legítima, servem como indicações aos clientes de que o esquema é fraudulento. O ideal é sempre desconfiar de preços baratos demais e lembrar da velha frase de que, se uma oferta é boa demais para ser verdade, ela provavelmente é mentira.

Observe as páginas acessadas com atenção e, ao acessar sites de comércio eletrônico, se certifique de estar navegando por domínios oficiais e que realmente pertençam à loja desejada. Observe a URL na barra de endereços e também outros detalhes, como erros de ortografia ou links que não funcionam, sinais comuns de que a página pode ter sido clonada — o mesmo também vale para a hora de pagar, aliás. Na dúvida, prefira não seguir adiante.

No caso da Brava Outlets ou em tantos outros, uma pesquisa rápida no Google já exibiria os indícios de golpes na forma de reclamações de outras vítimas. Na hora de comprar, prefira lojas reconhecidas e que possuam boa reputação, que também pode ser comprovada a partir de buscas. Vale a atenção, também, aos anúncios em si, já que a compra de propagandas para veicular fraudes vem se tornando comum entre os cibercriminosos. Fique atento a conteúdos patrocinados no topo das páginas ou em carrosséis de compras, preferindo os resultados orgânicos que aparecem mais abaixo na tela.

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Atualização 23/06/2023 12h05: Posicionamento da rede de anúncios Taboola adicionado à reportagem.