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Origem dos poluentes influencia no risco de morte para quem tem doença pulmonar

Por| Editado por Luciana Zaramela | 19 de Outubro de 2022 às 09h48

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Dimaberlin/Envato
Dimaberlin/Envato

Indivíduos com doença pulmonar intersticial (DPI) sem causa aparente, uma condição que causa lesão e cicatrização do tecido pulmonar, têm mais chances de falecer caso morem em áreas com altos níveis de poluição industrial e relacionada ao trânsito, segundo cientistas da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos.

É a primeira vez que a composição química das partículas finas de poluição é ligada aos sintomas agravados de DPI em um estudo acadêmico: os pesquisadores ainda avaliaram a gravidade do impacto nos pacientes, que podem ter suas condições aceleradas pela baixa qualidade do ar. O estudo foi publicado na revista científica JAMA Internal Medicine.

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Origem dos poluentes importa

Foram avaliados 6.638 participantes com DPI no Canadá e nos Estados Unidos: suas moradias foram localizadas por satélite, e as informações, cruzadas com dados sobre poluição coletados com sensores instalados em terra. A precisão da avaliação de qualidade do ar foi de menos de 800 metros.

O poluente especialmente estudado foi o PM2,5, ou seja, que contém partículas menores do que 2,5 mícrons de diâmetro, um tamanho microscópico o suficiente para penetrar fundo nos pulmões, conseguindo até mesmo entrar na corrente sanguínea e causar outros problemas de saúde, principalmente cardíacos.

Quimicamente diverso, o PM2,5 pode vir tanto de incêndios florestais quanto de escapamentos, e o estudo também buscou entender se a fonte do poluente importa no impacto à saúde dos pacientes. A poluição com muito sulfato (vindo de fábricas), nitrato (vindo da combustão de combustíveis fósseis) e amônia (vindo da indústria e agricultura) é associada a sintomas mais graves, que podem acelerar a gravidade da DPI, diminuir as funções pulmonares e aumentar a probabilidade de uma morte precoce.

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Assinaturas químicas mais naturais, como as que vêm do sal marinho e da poeira terrestre, são associadas a sintomas menos graves da doença pulmonar. A poluição dos escapamentos e chaminés de fábricas formam aerossóis com nitrato e sulfato na atmosfera que podem se tornar ácidos, danificando os pequenos sacos de ar presentes nos pulmões.

Os cientistas, agora, estão avaliando o impacto dos poluentes a nível molecular nas células pulmonares, buscando entender a causa dos danos extensivos causados em alguns pacientes. Entre as análises buscadas, está a probabilidade de que os poluentes mudem o funcionamento de alguns genes, causando a cicatrização pulmonar acelerada vista nos voluntários.

Injustiça ambiental

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Entre as descobertas, está o fato de que pessoas etnicamente diversas foram expostas a níveis mais altos de poluentes de origem humana de forma desproporcional: 13% do grupo de alta exposição era não-branco, e apenas 8% do grupo de exposição baixa era desse segmento populacional. A área em que essas pessoas moram acaba as afetando, e, segundo os cientistas, causando injustiça ambiental.

Os pesquisadores apelam para que pacientes, profissionais de saúde e responsáveis por políticas públicas fiquem atentos aos índices de qualidade do ar dessas cidades, buscando deixar esses locais mais seguros e saudáveis de se viver e, até lá, minimizar o tempo gasto fora de casa ou de locais sem boa filtragem do ar durante dias onde a qualidade aérea está particularmente ruim.

Fonte: JAMA Internal Medicine