Poluição do ar pode comprometer qualidade de espermatozoides
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |

Segundo um estudo publicado na revista científica JAMA Network Open, a poluição pode ser muito mais danosa do que se pensa, chegando a afetar até mesmo os espermatozoides, atrapalhando a chegada deles até o óvulo. Para chegar a essa afirmação, os cientistas da Tongji University (Xangai, China) analisaram 33.876 homens na faixa dos 34 anos e expostos a diferentes níveis de poluição do ar.
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Com base nos dados coletados, a equipe descobriu uma queda de 3,6% nos movimentos dos espermatozoides expostos a poluentes. Os voluntários que residiam em áreas com níveis mais altos de material particulado — partículas sólidas e gotículas encontradas no ar, como poeira, sujeira, fuligem ou fumaça — tendiam a uma pior qualidade do esperma, quando esse material dizia respeito a partículas menores que 2,5 micrômetros.
Segundo o artigo, quanto menor essa partícula, maior a probabilidade de afetar os espermatozoides, por conta da capacidade de penetrar profundamente nos pulmões e chegar à corrente sanguínea. "A exposição ao material particulado pode afetar adversamente a motilidade [capacidade de nadar] dos espermatozoides e destacam a necessidade de reduzir a exposição à poluição do ar por partículas ambientais para homens em idade reprodutiva", concluiu o estudo.
Essa é a primeira vez que um estudo faz ligação entre a exposição a poluentes e a qualidade dos espermatozoides especificamente, mas um estudo do ano passado já chegou a afirmar que a poluição pode afetar o tamanho do pênis, a fertilidade e a libido. Na época, os responsáveis pelo estudo ficaram bem alarmados, e chegaram a apontar que o "estado atual dos assuntos reprodutivos não pode continuar por muito mais tempo sem ameaçar a sobrevivência humana".
Ainda que o estudo chinês atual traga informações sobre os efeitos adversos da poluição na motilidade, é curioso notar que o que a ciência entendia sobre o movimento dos espermatozoides há mais de 350 anos estava equivocado, segundo um projeto de 2020 que comprovou que a cauda dos gametas masculinos não se movimenta de um lado para o outro, como uma cobra, estando mais próximos de um pião rodopiando.
Fonte: JAMA Network Open