Poluição do ar pode prejudicar a saúde do cérebro, revela novo estudo
Por Natalie Rosa • Editado por Luciana Zaramela |
Já não é novidade que a poluição vem degradando a atmosfera a cada vez mais, fazendo com que o planeta aqueça a níveis assustadores. Porém, parece que não é apenas essa a consequência da emissão de gases de efeito estufa. De acordo com um estudo recente, aumentos temporários na poluição do ar podem ser prejudiciais para a saúde de nosso cérebro.
- Estudo polêmico contesta impacto da poluição causada por data centers
- Poluição afeta tamanho do pênis, fertilidade e libido, segundo epidemiologista
- NASA usa modelo para descobrir o quanto a pandemia reduziu a poluição do ar
A pesquisa descobriu que a performance cognitiva de homens que participaram do teste decaiu após aumentos na poluição do ar no mês anterior ao experimento. Curiosamente, a queda aconteceu mesmo com os aumentos ainda sendo abaixo dos limites de segurança impostos pela OMS (Organização Mundial de Saúde).
Antes de buscar os resultados, os cientistas se sustentaram em evidências de que a exposição das pessoas às partículas finas no ar, principalmente as que são emitidas por veículos rodoviários e da indústria, não são prejudiciais apenas aos pulmões. Então, a pesquisa conseguiu comprovar que os tecidos neurais do cérebro, que são bastante delicados, também são danificados pela poluição, mesmo que em níveis baixos.
Cientistas da China e dos Estados Unidos analisaram um compilado de testes cognitivos de quase mil homens que habitavam a região metropolitana de Boston, todos brancos e idosos, com média de idade de 69 anos, comparando os níveis de poluição do ar quatro semanas antes da realização do experimento. Os testes avaliaram a memória para lembrar números e também para a fluência verbal.
O estudo mostrou que o impacto do ar tóxico na saúde respiratória e cardiovascular é uma evidência estável de que os danos ao cérebro estão aumentando, uma vez que outros estudos já relacionaram a poluição do ar com a demência e a redução de inteligência. Andrea Baccarelli, autor sênior do estudo e professor de ciências da saúde ambiental na Universidade de Columbia, em Nova York, confirma a relação entre o funcionamento do cérebro em envelhecimento com a poluição do ar.
"Esses efeitos em curto prazo são reversíveis: quando a poluição do ar é limpa, nosso cérebro reinicia e começa a trabalhar de volta em seu nível original. No entanto, múltiplas ocorrências de altas exposições [ao ar poluído] podem provocar dano permanente", conta o cientista.
O estudo revelou ainda que homens que faziam o uso de anti-inflamatórios como Aspirina foram os menos afetados pela poluição. Mas Baccarelli diz não recomendar o uso dessas drogas como prevenção, mas sim uma alimentação saudável, rica em vegetais e fibras, e a prática regular de exercícios físicos.
Fonte: The Guardian