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O que acontece com o corpo dia após dia ao ser infectado pelo coronavírus

Por| Editado por Luciana Zaramela | 05 de Julho de 2022 às 13h39

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Gpointstudio/Envato
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O Brasil enfrenta a quarta onde de casos desde o início da pandemia da covid-19. Atualmente, as sublinhagens da Ômicron, como BA.2, BA.4 e BA.5, são predominantes entre os novos casos nacionais da doença. A partir das mutações apresentadas por estas cepas, especialistas identificaram algumas mudanças no comportamento do vírus, como o menor tempo de incubação no corpo.

Vale destacar que, segundo o Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass), a média móvel diária de casos da covid-19 é estimada em 57,9 mil. No começo do mês de maio, a mesma média era calculada em 14,7 mil.

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Dia 0: o início da infecção

No dia zero da infecção, a pessoa entra em contato com o agente infeccioso, o que ocorre após exposição a partículas do vírus da covid-19. Isso acontece, por exemplo, quando alguém infectado espirra, tosse ou fala, sem o uso de máscaras, ao lado de alguém saudável.

Dentro do organismo, o coronavírus SARS-CoV-2 utiliza a proteína S (Spike), que está em sua membrana viral, e se conecta aos receptores ACE2 — a sigla pode ser traduzida por Enzima Conversora de Angiotensina 2 — das células da mucosa do nariz ou da boca. Em alguns casos, a porta de entrada pode ser os olhos. Assim, começa a invasão.

Comandando as células saudáveis, o vírus da covid-19 usa o "maquinário" daquela estrutura para fazer o máximo de cópias possíveis de si mesmo. "Nessa replicação, ele produz de 100 a mil novos vírus numa única célula", detalha Eduardo Levi, coordenador de pesquisa e desenvolvimento da Dasa, para a BBC Brasil.

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O número de cópias é tão grande que "a célula não aguenta, estoura e morre. Esses vírus são, então, liberados e vão repetir esse processo nas células vizinhas", acrescenta Levi sobre o processo de replicação viral do vírus, que é iniciado ainda no dia zero da infecção.

Dias 1, 2 e 3: a incubação do vírus da covid

Após ter invadido o corpo saudável e já ter produzido as primeiras cópias, o coronavírus buscará se expandir nos próximos dias da infecção. Nesse sentido, o agente infeccioso vai se replicando em outros tipos de células e, por exemplo, vão do nariz para a garganta até chegar aos pulmões.

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Normalmente, estes primeiros três dias da infecção são silenciosos, ou seja, os pacientes ainda não apresentam sintomas da doença. No entanto, sabe-se que a variante Ômicron e suas sublinhagens encurtaram este período de incubação. Por isso, alguns pacientes podem, por exemplo, relatar os primeiros sintomas já no segundo dia.

Aqui, vale explicar que, segundo dados da Agência de Segurança em Saúde do Reino Unido, o período de incubação da variante Alfa (B.1.1.7) era de cinco a seis dias. Com a Delta, o intervalo médio foi reduzido para quatro dias. Agora, coma Ômicron, este é o menor período já estimado desde o início da pandemia. Inclusive, é por causa disso que muitas pessoas recebem um resultado falso negativo ao testarem precocemente.

Dias 4 a 14: os sintomas do coronavírus

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No processo de replicação, o vírus da covid-19 pode ser identificado pelo sistema imunológico e o contra-ataque tende a ser iniciado a partir do dia 4 da infecção. Nesse ponto, os primeiros glóbulos brancos a atacarem o agente infeccioso são:

  • Neutrófilos;
  • Monócitos;
  • Natural Killers.

Neste momento, a reposta imunológica não é especializada contra o coronavírus. Isso porque eles ainda são um agente novo e desconhecido para o organismo. Por exemplo, os Natural Killers são parte do sistema imunológico inato, ou seja, não dependem de experiência anterior para atacar invasores. Inclusive, em crianças, a concentração delas é naturalmente maior e essa é uma das justificativas para os mais novos adoecerem menos em decorrência da covid-19, conforme apontam estudos.

Em um segundo momento, o sistema imunológico passa a liberar outros tipos de células de defesa, como os linfócitos T — responsáveis por gerir uma resposta mais organizada à invasão viral — e os linfócitos B — que produzem os anticorpos (proteínas imunológicas) específicos contra o coronavírus.

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Em paralelo, é normal e esperado que os pacientes relatem os primeiros sintomas da covid-19. Segundo os pesquisidores britânicos do ZOE Covid Study, os seguintes sintomas são os mais comuns com a variante Ômicron:

  • Coriza (nariz escorrendo);
  • Dores de cabeça;
  • Espirros;
  • Dor de garganta;
  • Tosse persistente.

Sobre os sintomas, eles podem variar entre os pacientes. "Tem gente com poucos sintomas que, depois de quatro ou cinco dias, já está recuperado. Em outros, o mesmo quadro demora mais a passar", explica a infectologista Nancy Bellei, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). "Se depois de 72 horas do início dos sintomas você estiver com falta de ar ou a febre persistir, é preciso buscar um atendimento médico", orienta a médica.

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Dia 15: possíveis desfechos da doença

É preciso observar que, para alguns pacientes, a fase aguda da covid-19 pode durar apenas 7 dias ou ainda menos, mas o consenso é que, no dia 15, a maioria dos pacientes já está recuperada da infecção. Até o momento, este é o desfecho mais comum da doença.

Nestes casos, o sistema imunológico do indivíduo — muito provavelmente, auxiliado pela proteção gerada pelas vacinas contra a covid-19 e pelas doses de reforço — conseguiu eliminar o agente infeccioso.

Internação na UTI

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Apesar da "regra", o quadro da covid-19 pode evoluir de forma diferente e o vírus se multiplicar de tal forma que o sistema imunológico não consegue combatê-lo em alguns pacientes. Nessas circunstâncias, a infecção pode afetar gravemente os pulmões ou ainda atingir outros órgãos em casos de infecção sistêmica. São estes pacientes que precisam de internação em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e de intubação.

Covid longa

O último possível desfechado da doença é a covid longa. Segundo a Organização mundial da Saúde (OMS), "a condição pós-covid ocorre em indivíduos com histórico de infecção por SARS CoV-2 provável ou confirmada, geralmente 3 meses após o início da covid-19 sintomática, e que duram pelo menos 2 meses".

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Inclusive, pessoas que apresentaram formas mais leves da infecção pelo coronavírus podem conviver por longos períodos com alguns resquícios da doença, como uma tosse persistente ou apresentar fadiga. No entanto, ainda não se sabe o porquê dessas sequelas permanecerem no organismo por tanto tempo após a fase aguda.

Fonte: BBC e Conass