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O que é uma variante, quando se trata de um vírus?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 13 de Abril de 2022 às 12h30

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Fusion Medical Animation/Unsplash
Fusion Medical Animation/Unsplash

Para se perpetuar, um vírus precisa estar em um constante movimento de replicação e, neste processo, pequenas mutações (mudanças) podem surgir. Quando as mutações passam a diferenciar o vírus da sua versão original (ou anterior), a ciência entende que uma nova variante surgiu, o que é bastante comum. Afinal, variantes genéticas são encontradas nos vírus respiratórios, no arbovírus que causa a dengue ou ainda o HIV (vírus da imunodeficiência humana), por exemplo.

Com a pandemia da covid-19, as variantes do coronavírus SARS-CoV-2 ganharam um destaque inédito, já que suas mutações são amplamente acompanhadas por pesquisadores de todo o mundo e, em alguns casos, impactam a eficácia das vacinas. Este é o caso da variante Ômicron (BA.1), que levou a recomendação das doses de reforço.

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Apesar das variantes do coronavírus serem, talvez, o exemplo mais conhecido, elas não são as únicas. No caso da poliomielite, as variantes selvagens 1, 2 e 3 podem causar a doença e, em alguns casos, levam à paralisia infantil. Por causa das vacinas, distribuídas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é raro escutar sobre as complicações mais extremas no Brasil, mas elas ainda existem.

No caso da gripe (influeza), as mutações levam à formação de novas cepas, o que obriga as autoridades de saúde a organizarem campanhas anuais de imunização. Todos os anos as quatro cepas de maior circulação são definidas para a elaboração da versão atualizada do imunizante. No caso da influenza, a doença se difere em dois grandes tipos (A e B) e, a partir deles, pesquisadores acompanham a sua evolução.

O que é uma variante?

É importante destacar que os vírus são organismos muito simples. São basicamente compostos por material genético — sendo o DNA ou o RNA —, que é responsável por armazenar as informações sobre suas características moleculares e biológicas. De forma geral, sequências genéticas que diferem em uma ou mais mutações são chamadas de variantes.

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Uma nova variante pode surgir de "qualquer vírus que foi sequenciado e possui mutações que o diferenciam da versão original do vírus", explica a Rede Genômica da Fiocruz. Nesse contexto, o termo não aponta necessariamente para uma importância epidemiológica da mutação.

Além disso, a Rede Genômica explica que a palavra variante "pode ser utilizada de forma generalizada para se referir à diversidade genética de uma espécie viral". Em outras palavras, o termo também pode ser adotado para definir "diferentes versões de genes".

De forma popular, cepa é uma expressão utilizada para denominar diferentes variantes virais de um agente infeccioso, mas o uso não é um consenso na comunidade virológica, segundo a Rede Genômica.

Variantes de Preocupação da covid

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Para exemplificar o caso das variantes, vamos ter como base o coronavírus SARS-CoV-2. Para facilitar a comunicação dessas descobertas e dos riscos, a Organização Mundial da Saúde definiu que as Variantes de Preocupação (VOC, na sigla em inglês) recebessem o nome de uma letra do alfabeto grego, como a Delta (B.1.671.2) e a Gama ( P.1). Assim, o vírus da covid ficou conhecido por suas diversas mutações que ocasionaram as variantes Alfa, Beta, Gama, Delta, Ômicron e, além disso, suas subvariantes (como a BA.2, derivada da Ômicron).

"A OMS e suas redes internacionais de especialistas estão monitorando as mudanças no vírus para que, se forem identificadas substituições significativas de aminoácidos, possamos informar os países e o público sobre quaisquer mudanças que possam ser necessárias para responder à variante e evitar sua disseminação", explica a organização sobre a sua política de vigilância genômica.

A atividade reforça a ideia de que o surgimento de novas variantes é algo comum para a virologia. Além disso, a maioria das mutações identificadas pouco ou em nada altera as características do vírus da covid-19. Inclusive, algumas podem ter um impacto negativo e reduzir a sua força de transmissão. Do outro lado, algumas são positivas e devem ser avaliadas individualmente.

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"Em alguns casos, um grupo de variantes com alterações genéticas semelhantes, como uma linhagem ou grupo de linhagens, pode ser designado por organizações de saúde pública como Variante de Preocupação (VOC) ou Variante de Interesse (VOI)", explica o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos Estados Unidos.

Diferenças entre VOC e VOI

Nestes casos é que entra a nomenclatura da OMS que prevê letras do alfabeto grego para as variantes do vírus da covid-19, que mais se destacam no cenário global. De forma geral, uma VOC é definida a partir de questões como maior transmissibilidade, maior patogenicidade e/ou maior escape das defesas induzidos pelas vacinas. Em resumo, a sua disseminação oferece alto risco para a saúde pública.

Agora, uma VOI é definida, principalmente, pelo genoma, caso carregue mutações já conhecidas ou suspeitas de "melhorarem" o vírus. Além disso, alguma região no globo precisa registrar um elevado número de transmissão destas cepas. Atualmente, a OMS classifica a Mu (B.1.621) como uma VOI.

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Fonte: CDC, Fiocruz, OMS Rede Genômica