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Será que a tecnologia de mRNA pode nos tornar sobre-humanos?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 14 de Dezembro de 2021 às 12h45

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Twenty20photos/Envato Elements
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Com a pandemia da covid-19, as primeiras vacinas de mRNA (RNA mensageiro) foram aprovadas pelas agências reguladoras e aplicadas, em massa, na população. Só que este pode ser apenas o começo desta tecnologia que promete nos tornar sobre-humanos. Isso porque, no futuro, poderá ser adaptada para tratamento de cânceres, doenças cardíacas e, quem sabe, intolerância à lactose.

Atualmente, as duas vacinas de mRNA contra a covid-19 mais usadas, no mundo, são a da Pfizer/BioNTech e a da Moderna. No entanto, os pesquisadores apostam que não deve parar por aí e, em breve, a geração 2.0 dos imunizantes com esta tecnologia deve chegar ao mercado. Tudo dependerá do sucesso dos estudos clínicos.

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Para saber: embora a tecnologia das vacinas de mRNA tenha sido acelerada e somente aprovada com a pandemia, os estudos são mais antigos. Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos EUA, "os pesquisadores têm estudado e trabalhado com vacinas de mRNA por décadas".

Geração de vacinas de mRNA 2.0

Após o sucesso das vacinas contra a covid-19, a questão é entender qual o limite da inovação. É essa a pergunta que faz Anna Blakney, professora assistente na Universidade de British Columbia. A pesquisadora estuda esta tecnologia desde 2016, por exemplo.

Na época, "muitas pessoas estavam céticas sobre isso, se poderia funcionar", contou Blakney, durante entrevista para a BBC. Passados cinco anos, inúmeros cientistas — e, principalmente, farmacêuticas e startups — buscam entrar nesse mercado.

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Na linha das pesquisas pré-clínicas ou clínicas, inúmeras empresas trabalham no desenvolvimento de novos produtos para a saúde, usando a tecnologia de mRNA. Na primeira leva de imunizantes deste tipo, devem estar as vacinas contra a gripe (influenza), desenvolvidas pela Moderna.

A seguir, confira uma lista de estudos sobre a geração de vacinas de mRNA 2.0:

  • Vacina contra a a gripe (influenza), da Moderna;
  • Vacina contra doenças pulmonares graves e asma, da AstraZeneca e da Ethris;
  • Vacina de reforço pan-respiratório (contra covid-19, vírus sincicial respiratório e influenza), da Moderna;
  • Vacina contra fibrose cística e esclerose múltipla, da Translate Bio;
  • Vacina contra fibrose cística e doenças cardíacas, da Arcturus Therapeutics;
  • Vacina contra o HIV, da Gritstone Oncology e da Gilead Sciences;
  • Vacina contra a Zika e o Chikungunya, da Moderna.

E, agora, confira quais são as possibilidades das vacinas de mRNA, pensadas por pesquisadores para a geração 3.0:

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  • Vacina contra bactérias resistentes aos antibióticos, como uma fórmula contra a C. difficile;
  • Vacina contra intolerância à lactose;
  • Vacina para controlar o colesterol alto;
  • Inúmeros tipos de vacinas, pensadas para protegerem contra diferente doenças em uma única dose.

Como funcionam as vacinas de mRNA?

Hoje, parte significativa das vacinas — sem a tecnologia de mRNA — funciona da seguinte forma: a fórmula carrega proteínas virais inativadas, chamadas antígenos. Estas partículas estimulam o sistema imunológico do corpo a reconhecer o vírus quando ele reaparece. Por exemplo, é o caso da CoronaVac, da Sinovac, e da maioria dos imunizantes contra a gripe.

Já outras vacinas, como a da AstraZeneca/Oxford contra a covid-19, usam um vetor viral (um segundo tipo de vírus) para imunizar contra uma doença. Nesse caso, o agente infeccioso transmite o código genético para o organismo. Diferente dos dois modelos, as fórmulas de mRNA não demandam o uso de nenhum antígeno.

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"As vacinas de mRNA carregam o código genético do vírus que contém as instruções para que as células do corpo produzam determinadas proteínas. Ou seja, elas atuam introduzindo nas células do organismo a sequência de RNA mensageiro, que contém a receita para que essas células produzam uma proteína específica do vírus. Uma vez que essa proteína é processada dentro do corpo e exposta ao nosso sistema imunológico, este pode identificá-la como algo estranho, um antígeno e criar imunidade contra ele", detalha a Pfizer.

Uma das vantagens é a praticidade de produção, já que não demanda grandes laboratórios de biossegurança que criam vírus, dentro de milhões de ovos de galinha. É isto que acontece, por exemplo, com a vacina da gripe.

No caso das vacinas de mRNA, é necessário apenas que um laboratório sequencie as proteínas do antígeno e compartilhe com o resto do mundo. A partir daí e de inúmeros testes de segurança e eficácia, as farmacêuticas poderiam produzir os imunizantes em laboratório. Em nenhuma etapa da produção, deverão lidar com os vírus vivos.

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Em tese, qualquer terapia para o organismo poderia ser produzida através desse mecanismo. Inclusive, contra tipos de tumores e bactérias. No futuro, a tecnologia poderá ajudar a nos tornar sobre-humanos, já que melhorará a nossa qualidade de vida e potencializará as respostas imunológicas contra doenças que podem ser mortais.

Fonte: BBC, Pfizer e CDC