Influenza A, influenza B e parainfluenza: qual a diferença?
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
Os vírus da influenza — incluindo os tipos A e B, geralmente conhecidos como os agentes causadores da gripe — e o da parainfluenza (VPH) causam infecções no trato respiratório humano. Nas pessoas infectadas, estas doenças respiratórias podem ter diferentes gravidades, indo de uma leve coriza até um caso de pneumonia.
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Para distinguir os dois vírus respiratórios, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, é possível generalizar que os casos de influenza costumam ser mais comuns durante o inverno. Nas outras estações do ano — primavera, verão e outono —, a prevalência de casos é da parainfluenza.
Entenda o que é influenza (gripe)
Quando pensamos no vírus da gripe, existem quatro tipos da influenza: A, B, C e D. Para os humanos, os dois tipos que mais impactam a saúde são o A e o B. Inclusive, as vacinas anuais contra a gripe apenas imunizam contra estes dois tipos.
Isso porque as infecções pelo vírus da influenza C, geralmente, causam doenças muito leves e não se acredita que causem epidemias em humanos, segundo o CDC. Agora, os vírus da influenza D afetam animais, como os bovinos.
Influenza A
Os vírus da gripe do tipo A são os únicos da gripe conhecidos por causar pandemias de gripe, ou seja, têm a capacidade de colocar em risco a saúde global. Esse foi o caso da pandemia de 2009, causada pelo vírus H1N1 da influenza A, conhecida popularmente como a gripe suína.
Para entender essa classificação, os vírus da influenza A são divididos em subtipos. Essa divisão é baseada em duas proteínas que estão presentes nas superfícies desse agente infeccioso: a hemaglutinina (H) e neuraminidase (N).
De forma geral, os principais subtipos do vírus influenza A que circulam, pelo mundo são, o H1N1 e o H3N2. Só que estes não são únicos, apenas os predominantes. Isso porque, até agora, são conhecidos 18 diferentes subtipos de hemaglutinina e 11 diferentes subtipos de neuraminidase.
Em outras palavras, os dois primeiros códigos alfa-numéricos podem variar entre H1 a H18. Já a segunda parte da nomenclatura pode oscilar entre N1 e N11. No total, mais 130 combinações de subtipo de influenza A já foram identificadas na natureza, principalmente em aves selvagens.
Por fim, os subtipos de influenza A ainda podem ser subdivididos em diferentes grupos (clados) e subgrupos (subclados) genéticos. Para resumir, estes vírus são realmente diversos e uma infinidade de pequenas mutações e alterações podem ser registradas.
Influenza B
Do outro lado, a influenza B não é dividida em subtipos, mas em duas linhagens: a Yamagata e Victoria. Além desta, mais divisões podem ser feitas em grupos e subgrupos específicos. Para entender melhor essa nomenclatura, vale voltar na tabela da gripe.
"Os vírus da influenza B, geralmente, mutam [sofrem mutações] mais lentamente em termos de suas propriedades genéticas e antigênicas do que os vírus da influenza A, especialmente os vírus H3N2", explica o CDC.
Com a pandemia da covid-19, um estudo australiano observou que a influenza B/Yamagata não foi identificada entre os meses de abril de 2020 a agosto de 2021, sugerindo que este tipo pudesse ter se extinguido. No entanto, ele pode apenas estar dormente e, em breve, novos casos poderão reaparecer. A pesquisa foi publicada na revista Nature Reviews Microbiology.
Sintomas da gripe
"Mesmo com suas particularidades genéticas, todos [os diferentes tipos A e B] podem provocar os mesmos sintomas", explica a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). De modo geral, os sintomas começam a se manifestar entre o primeiro e o quarto dia da infecção.
A seguir, confira os principais (e mais comuns) sintomas da gripe:
- Febre;
- Sensação de febre e/ou calafrios;
- Tosse;
- Dor de garganta;
- Nariz escorrendo ou entupido;
- Dores musculares ou corporais;
- Dores de cabeça;
- Fadiga (cansaço);
- Vômito e diarreia, mais comum em crianças do que em adultos.
A maioria das pessoas que é infectada pelo vírus da influenza se recupera em alguns dias (menos de duas semanas). No entanto, alguns indivíduos podem apresentar complicações, como pneumonia (complicação grave), e alguns casos ainda podem ser fatais (óbito).
Para esta doença, são considerados grupos de risco:
- Pessoas com 65 anos ou mais;
- Pessoas que apresentem algumas condições médicas crônicas, como asma, diabetes ou doenças cardíacas;
- Mulheres grávidas;
- Crianças com menos de 5 anos, mas especialmente aquelas com menos de 2 anos.
Vacina da gripe
Diante dos riscos dos casos de influenza, muitos países, anualmente, coordenam campanhas de vacinação contra a gripe. No Brasil, este trabalho é feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sendo totalmente gratuita a imunização. Os imunizantes protegem apenas contra os tipos A e B da influenza.
Com a covid-19, muitas vacinas deixaram ser procuradas pela população e a cobertura vacinal para muitas doenças caiu em 2020 e em 2021. Entre elas, está a gripe. Desde o mês de novembro, a cidade do Rio de Janeiro enfrenta um novo surto da doença. Para controlar a situação, centros específicos de atendimento contra a influenza foram instalados na capital.
Vale lembrar que a estratégia de criação de centros de atendimento já foi adotada pela prefeitura do Rio, em 2009. Durante a pandemia da gripe H1N1, a cidade registrou um aumento muito grande na procura por atendimento nas unidades de saúde de pacientes com sintomas gripais.
E a parainfluenza?
Além da influenza, outros vírus respiratórios podem afetar a saúde humana, como a parainfluenza (VPH ou HPIV, na sigla em inglês). De acordo com o CDC, o vírus atinge, na maioria das vezes, bebês e crianças pequenas.
No entanto, jovens e adultos saudáveis também podem ser infectados por este vírus respiratório. Aqui, vale lembrar que a vacina contra a gripe não protege contra infecções do VPH.
Tipos de parainfluenza
O vírus da parainfluenza se divide em 4 principais tipos. A seguir, confira quais são e as complicações com as quais estão relacionados:
- VPH-1: este tipo é mais frequentemente identificado em crianças e pode causar crupe, ou seja, infecção marcada por forte tosse. Além disso, pode desencadear complicações nas vias respiratórias superiores, como na faringe e na laringe, e nas vias inferiores, traqueia e brônquios;
- VPH-2: pode desencadear complicações nas vias respiratórias superiores e inferiores;
- VPH-3: está mais frequentemente associado a alguns casos de bronquiolite, bronquite e pneumonia.
- VPH-4: é identificado com menos frequência, mas também pode causar complicações respiratórias que variam entre leves a graves.
Sintomas da parainfluenza
Após ser infectado, a pessoa leva entre 2 a 7 dias para desenvolver os primeiros sintomas da parainfluenza. Dependendo do grau da infecção, os principais sintomas são:
- Febre;
- Nariz escorrendo;
- Tosse;
- Crupe, bronquite, bronquiolite e/ou pneumonia;
- Dor de garganta;
- Espirros;
- Respiração ofegante;
- Dor de ouvido;
- Perda de apetite.
Como se prevenir dos vírus respiratórios?
A forma de transmissão desses dois tipos de vírus respiratórios é compartilhada. Inclusive, estas medidas valem para praticamente qualquer tipo de agente infeccioso que afeta o trato respiratório, e isso inclui o coronavírus SARS-CoV-2.
A seguir, confira algumas situações de risco que podem provar a infecção do vírus da influenza ou da parainfluenza:
- Inalar partículas (gotículas) eliminadas por uma pessoa infectada que tossiu ou espirrou;
- Ter contato pessoal próximo — como tocar ou apertar as mãos — com uma pessoa infectada, sem proteção;
- Tocar em objetos ou superfícies com vírus e, em seguida, tocar sua boca, nariz ou olhos;
- Permanecer em locais com baixa circulação de ar, onde pessoas infectadas podem estar;
- Não higienizar as mãos com frequência.
É importante frisar que, em casos de dúvidas, é sempre necessário buscar orientação profissional. Inclusive, não é recomenda a automedicação e, sempre que possível, um médico deve acompanhar o caso de infecção respiratória.