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Os 10 eventos de maior impacto nos quadrinhos da DC Comics

Por| 21 de Novembro de 2021 às 11h30

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DC Comics
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Em 2022, a DC Comics — e os fãs, claro — vão celebrar um dos eventos de maior impacto nos quadrinhos da editora, e, talvez, do mundo da cultura pop: o 30º aniversário da Morte do Superman, uma história que mudou para sempre o que é vida e morte nas páginas dos gibis. Ao que parece a própria DC está preparando algo semelhante para o futuro do herói, na atual The Warworld Saga, em que ele deixa a Terra sob os cuidados de seu filho, Jonathan Kent, para assumir o papel de protetor do universo.

Bem, foi pensando nisso que o pessoal do Gamesradar montou uma lista com os eventos de maior impacto na DC Comics. Aproveitamos essa seleção para comentar como cada um deixou sua marca e mudou as coisas, não somente na editora, mas também em filmes, séries e tudo mais que envolve a cultura pop.

Vamos lá, a lista está em ordem decrescente de importância:

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10. Noites de Trevas: Death Metal

A saga misturou tudo o que aconteceu na DC Comics nos últimos anos e fez uma verdadeira “salada de crises” para trazer de volta conceitos e personagens que os fãs tinham saudade e combinar com a revitalização de todas as principais linhas. A DC sempre foi conhecida pelo legado de seus heróis (e vilões), e Death Metal “zerou” novamente o Multiverso — ou Multiversos, sim, agora temos vários deles com infinitas Terras, no chamado Omniverso.

Ainda estamos vendo isso acontecer, em Infinite Frontier, que vem amadurecendo os heróis clássicos e dando espaço para os mais jovens. Kal-El está deixando a Terra para cuidar do universo, enquanto Jon Kent se torna o Superman da Terra. Diana Prince se tornou uma entidade cósmica, enquanto Nubia se torna a nova Mulher-Maravilha e a brasileira Yara Flor assume o posto de Moça-Maravilha. Tim Fox assume o manto do Homem-Morcego em uma Gotham City opressora, que agora caça Bruce Wayne.

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Enquanto mescla juventude e diversidade ao novo panteão, a DC ainda mantém histórias “à moda antiga” em suas publicações, em uma nova proposta de cronologia em que “tudo existe ao mesmo tempo”. Não dá para dizer o que isso vai resultar, mas é algo que mexe com todas as estruturas da editora.

9. Lanterna Verde: Renascimento

No começo dos anos 2000, Geoff Johns se tornou o mais procurado “escritor de retcons” do mercado, devido a sua habilidade de restabelecer a continuidade preferida dos leitores em diversas propriedades, a exemplo do que aconteceu com a Sociedade da Justiça e com os Lanternas Verdes — e, posteriormente, o Flash e o próprio universo DC.

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Bem, durante a decadência dos heróis nos anos 1990, Hal Jordan, o então mais querido de todos os Lanternas Verdes, tornou-se o vilão Parallax e dizimou a Tropa dos Lanternas Verdes. Johns não somente trouxe Hal dos mortos, como também restaurou sua reputação e criou uma nova mitologia para os Lanternas Verde e várias outras tropas que dividem as emoções e as cores do universo.

Entre 2004 e 2005, Lanterna Verde: Renascimento se tornou o carro-chefe da DC Comics e liderou mudanças importantes em toda a editora. Não à toa, quando a Warner Bros escolheu um herói para rivalizar com o Homem de Ferro no Marvel Studios, que nascia em 2008, ela selecionou justamente o que mais fazia sucesso na época: Hal Jordan. Tudo bem que o resultado não foi bem o que os fãs esperavam, mas isso mostra o impacto dessa história na editora.

8. Zero Hora: Crise no Tempo

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Você não precisa ser fã veterano da DC e da Marvel para saber que a primeira adora a palavra “crise”, enquanto a segunda usa muito “secreto”. Bem, isso se dá devido aos vários eventos usando esses termos, e Zero Hora, que aconteceu em 1994, é um desses. A primeira de todas, a Crise nas Infinitas Terras, de 1985, veio para unificar várias propriedades e versões de heróis que estavam “soltos” no Universo DC.

Assim, ficou meio difícil para os fãs entenderem a cronologia de eventos: quando exatamente Batman e Superman se conheceram, e em que época a Mulher-Maravilha veio para os Estados Unidos? Como eles envelheceram junto com os veteranos da Sociedade da Justiça e os mais jovens dos Novos Titãs? E em que período dessa zona toda entrou seres como Shazam?

Pois aí a DC Comics teve a ideia de explicar que, assim como o espaço das 52 Terras paralelas da época, o tempo também exigia atenção e manutenção constante, pois alguém poderia manipular infinitas linhas temporais — já explicamos por aqui esses diferentes conceitos, não esqueça de ler depois.

Zero Hora deu novo fôlego a personagens como Rapina e Gavião Negro, e, principalmente, à Legião dos Super-Heróis, que viria a se tornar um importante ponto de referência para o legado da DC Comics.

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7. Universo DC: Renascimento

Houve um momento, em meados dos anos 2010, em que a DC Comics vivia um momento mais sombrio após a reformulação dos Novos 52. Os heróis deixaram de ser casados ou de terem filhos e propriedades que costumavam ter várias versões, a exemplo dos Flash e Lanternas Verdes, já não possuíam tantos integrantes. Coincidência ou não, o universo cinematográfico que Zack Snyder vinha construindo no cinema também tinha uma proposta bem mais crua e perturbada do Universo DC.

Eis que Geoff Johns, que tinha assumido o papel de chefia DC Films, voltou a escrever quadrinhos justamente porque ele não acredita nesses conceitos. “A DC é um lugar de amor, legado e esperança. Se o Batman não acreditasse que há um jeito melhor de fazer as coisas, ele nem levantaria da cama”, disse o autor na época.

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Então, o que ele fez foi, basicamente, trazer de volta o legado para as revistas, começando com o Flash Wally West. A trama também pavimentou o caminho para Relógio do Juízo Final, que usa Watchmen para explicar a ausência da Sociedade da Justiça e da Legião dos Super-Heróis — ou seja, o Doutor Manhattan, vindo de uma Terra muito mais crua e sombria, é quem teria “roubado” o legado, o passado e o futuro, dos heróis. Profundo, não?

6. Crise Final

Este talvez tenha sido o evento mais difícil de acompanhar, especialmente devido à mente genial, e muitas vezes maluca, de Grant Morrison. Trata-se de um mistério de assassinato que revela a reencarnação dos Novos Deuses na Terra, em uma trama que leva os heróis ao clássico confronto com o Darkseid e às aparentes mortes do Batman e do Caçador de Marte.

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Os conceitos metafísicos, a absurda quantidade de conteúdo com referências a centenas de histórias do passado da DC Comics (algumas muito obscuras), e a própria narrativa que brinca com o tempo tornou essa uma das mais confusas “crises”. Contudo, o que Morrison fez em 2008 passou a ser melhor compreendido com o tempo.

Na época, Morrison também estava “organizando” o Multiverso, e todas as conexões que ele fez na história tocam em algum ponto de grande importância do conceito que ele vinha criando para as 52 Terras paralelas da DC. No final, essa trama “envelheceu bem”, e pôde ser melhor compreendida, especialmente com as ramificações da saga. Aliás, muita coisa de Noites de Trevas: Death Metal, é inspirada em Crise Final, que também serviu para revitalizar o Batman no final dos anos 2000.

5. Morte do Superman

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Os anos 1990 foram conhecidos como os anos de decadência dos super-heróis. Foi um período em que as editoras viviam lapsos criativos e apelavam para tramas chocantes e sexualização de personagens, especialmente as femininas, em páginas com muitos desenhos belos, mas textos bem abaixo de medíocres.

Eis que a DC Comics tomou uma decisão bastante questionável na época, matar o seu maior ícone, em 1992. A história nem foi assim grande coisa, assim como o vilão Doomsday, que era quase uma mistura do Hulk com o Wolverine. Mas… o que aconteceu com esse evento, ninguém no mundo poderia prever.

Era um período sem internet, e, mesmo sabendo que o Superman eventualmente voltaria, a sensação quando ele nos deixou foi de profunda melancolia e tristeza. Estávamos todos acostumados a ver o “S” e seu símbolo de esperança todos os meses nas bancas, mas, naquele momento, todo mundo experimentou como seria não vê-lo mais.

As ruas, o noticiário, as rodas de conversa, foram tomadas por uma sensação de saudade instantânea, com muita gente chorando. Como sabemos, o Superman voltou e, além de ter causado toda essa comoção, mudou para sempre o que é vida e morte dos quadrinhos: depois de Kal-El ter vencido a morte, ninguém nunca mais ficou enterrado para sempre nas revistas.

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4. Flash de Dois Mundos

Antes de falar efetivamente desta edição, é preciso explicar duas designações que ajudam a entender diferentes períodos sobre a produção das histórias em quadrinhos. A Era de Ouro dos Quadrinhos, compreendida entre 1928 e 1956, é tida como a época da ascensão da Nona Arte.

Embora as tramas e os personagens não tivessem assim tanta complexidade e a narrativa fosse muito simples, se comparada com os dias de hoje, foi um tempo em que as então inocentes premissas dos super-heróis ganharam muita popularidade, com temas que envolviam mistério e aventura, no tradicional combate do “bem contra o mal”, em sequências em que os “mocinhos” enfrentavam ameaças cotidianas e mundanas, como crimes nas ruas e conflitos em guerras. A ficção e a fantasia estavam lá, mas os roteiristas não se preocupavam muito em explicar conceitos científicos, por exemplo.

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Já a Era de Prata dos Quadrinhos se estabeleceu entre 1956 e 1970, e tem como principal característica o foco na ficção científica e no aprofundamento de teorias sobre poderes, viagens espaciais, realidades alternativas e viagem no tempo. E o Flash é o personagem central na concretização desse período e no sepultamento da Era de Ouro dos Quadrinhos.

Barry Allen, apresentado em Showcase #4, em 1956, já trazia uma origem nessa direção, com um acelerador de partículas explodindo e atingindo o policial forense em seu laboratório. E, em 1961, a história “Flash of Two Worlds”, de The Flash #123, trouxe um conceito que está em alta atualmente: a de Terras paralelas com o mesmo personagem em versões diferentes.

Para explicar como Allen substituiu o antigo Flash da Era de Ouro dos Quadrinhos, Jay Garrick, o roteirista Gardner Fox e o desenhista Carmine Infantino explicaram que Garrick, na verdade, faz parte de uma outra Terra, a Terra-2. A história foi além e desenvolveu o conceito de Multiverso, dizendo que as Terras da DC Comics vibram em frequências específicas, envolvendo termos científicos.

A partir daí, a ideia de viajar entre os mundos começou a se expandir, assim como o “turismo interplanetário” e vida extraterrestre, vistos na mesma época com Hal Jordan, novo Lanterna Verde que substituía Alan Scott, o Lanterna Verde da Era de Ouro dos Quadrinhos. Ou seja, se estamos falando o tempo todo sobre o Multiverso em aventuras da DC e da Marvel atualmente, devemos muito disso à história “Flash de Dois Mundos”. Vale lembrar que a edição foi adaptada na série The Flash, da CW.

3. Crise Infinita/52

Fica difícil separar esses dois eventos, até porque ambos são praticamente a continuação do outro. Geoff Johns. Desde Crise nas Infinitas Terras, de 1986, a DC Comics vem tentando alinhar todas as suas propriedades em um universo sincronizado e compreensível, principalmente para os novos leitores. Mas, como dá para notar pela quantidade de eventos, esse é um trabalho difícil e ininterrupto.

Crise Infinita também tenta estabelecer alguns elementos clássicos da editora, principalmente o conceito de Multiverso, que, embora sempre tenha sido o grande charme da DC Comics, muita vezes foi questionado e até mesmo temporariamente extinto na editora. O evento, escrito por Geoff Johns e desenhado por Phil Jimenez entre 2005 e 2006, serviu justamente para restabelecer as 52 Terras da DC e o Multiverso, em uma trama envolvendo a morte de vários personagens.

A saga 52 veio na sequência, em edições semanais que trouxeram o Multiverso de volta, com a DC sendo povoada novamente por diferentes versões dos mesmos personagens em 52 Terras paralelas. Embora grande parte da trama fosse mais do mesmo, o trabalho editorial foi elogiado porque não houve atraso nos lançamentos — algo raro para um projeto ousado como esse. E as ramificações do enredo influenciaram todas as sagas seguintes.

2. Ponto de Ignição/Os Novos 52

Esse é um reboot polêmico e que trouxe um misto de amor e ódio aos leitores. Bem, em 2011, com influência massiva do cinema nos quadrinhos e a necessidade de atualizar os personagens para uma nova geração, a DC contou uma história em que o Flash volta no tempo para salvar sua mãe, mas acaba mudando completamente a continuidade do Universo DC.

Quando o mundo retorna ao normal, muitas coisas mudam. Assim, com os Novos 52, alguns dos heróis se tornaram mais jovens, como Superman, e os casamentos, assim como os filhos acabaram. A linha do tempo que vinha de antes da Segunda Guerra Mundial foi encurtada para apenas cinco anos antes, o que explicava a ausência de vários Flash ou uma Tropa de Lanternas Verdes.

É claro que isso causou problemas, com a ausência do legado explicada anteriormente; assim como inconsistências, a exemplo de o Batman, mesmo rejuvenescido, tendo em seu histórico vários Robin em sua trajetória contra o crime. Como explicamos no item 7, Universo DC: Renascimento e Relógio do Juízo Final vieram para “consertar” essas coisas e trazer o legado de volta.

E, embora muita gente não tenha gostado desse processo, no final das contas muitas das mudanças foram incorporadas ao Universo DC e as ramificações dessas histórias ecoam até hoje.

1. Crise nas Terras Infinitas

Não teria como deixar esse evento como mais importante para a DC Comics — aliás, foi também um dos mais marcantes para todo o mercado e para cultura pop. Foi a primeira vez que uma editora realizou um reboot de seus personagens para renovar a continuidade e renovar propriedades. Isso pode ser comum atualmente, mas nunca tinha acontecido na época.

A DC Comics, após 50 anos de publicação, adquiriu várias editoras e personagens (como Shazam), e também mudou bastante a tonalidade de heróis clássicos, como Superman, Batman e Mulher-Maravilha. Além disso, as histórias estavam se tornando mais complexas, tanto nos temas quanto em suas bases científicas — uma progressão do que vimos na Era de Prata dos Quadrinhos.

Crise nas Infinitas Terras trouxe momentos icônicos, principalmente porque a morte de personagens não era tão comum. Ver Barry Allen e Supergirl, dois heróis de primeira grandeza, sacrificando-se para manter a Terra principal viva foi chocante para a época — e, veja bem, Allen ficou afastado dos quadrinhos por 20 anos depois disso.

Embora muita coisa ainda estivesse “bagunçada” após a conclusão, Crise nas Infinitas Terras serviu para organizar melhor o Universo DC e realmente revitalizou muitas propriedades. E dá para dizer que todos os eventos da editora, desde então, são uma “continuação” da Crise original.